segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

CRISE NO JUDICIÁRIO E O TPJ

Matéria publicada no ultimo dia 25/12 no jornal Diário de São Paulo, do jornalista Alberto Dines reforçar mais ainda a compreensão que a Articulação de Politicas Públicas da Bahia (APP/Bahia) vem tendo sobre o Poder Judiciário.

Quando a articulação questiona: “Qual é mesmo o comportamento do Poder Judiciário quando das disputas entre comunidades e as grandes empresas e seus mega-projetos? Será que as decisões do Poder Judiciário podem mesmo ser classificadas como imparciais? Ou será que a realidade demonstra uma tendência do Poder Judiciário, nas interpretações das leis que favorecem a manutenção dos desequilíbrios e desigualdades tão característicos de nossa sociedade”.

“Porque se percebe certa sensação de que o Poder Judiciário contribui mais para a manutenção do status-quo da sociedade vigente, reforçando o atual estado de descaso e desamparo das instituições governamentais para com as camadas de base da sociedade brasileira e baiana. Porque o Poder Judiciário adota uma forte atitude de criminalização dos movimentos, instituições e manifestações populares?”.

Alguns podem até estranhar esta postura e questionamentos da APP, mas quando os questionamentos, e, aliás, não só questionamentos, mas denúncias partem de próprios membros deste Poder, ai a coisa ganha outra dimensão. É o que vem acontecendo com a postura da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, motivando por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) restrições ao trabalho do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Dois ministros do Supremo Tribunal Federal, em decisões provisórias, esvaziaram os poderes de investigação do Conselho Nacional de Justiça.


Quando aqui no sul da Bahia realizamos a Oficina de Sensibilização do Tribunal Popular do Judiciário (TPJ) um dos objetivos primeiro é justamente este: Desmistificar esta “intocabilidade” do Poder Judiciário é preciso democratizá-lo, denunciar suas falhas. E quando surgem fatos como estes vemos que o trabalho é urgente e necessário. Ver nota sobre a oficina: http://conselhodecidadania.blogspot.com/2011/12/oficina-do-tpj-em-ilheus-define-casos.html

Neste sentido, a APP vai continuar promovendo as etapas do TPJ através de encontros, palestras e debates; favorecendo e divulgando estudos de experiências sobre como o Poder Judiciário vem atuando na Bahia. As pessoas e entidades que participarem deste processo vão recolher e analisar de casos de violação de direitos; facilitando a formulação de denúncias sobre o descumprimento da lei, além de identificarem casos de abuso de poder por parte de autoridades que deveriam zelar pelo bem estar da população.

Veja abaixo o artigo denominando: “O Révellion das togas iluminadas”


CRISE NO JUDICIÁRIO

O réveillon das togas iluminadas

Por Alberto Dines em 25/12/2011 na edição 673

Reproduzido do Diário de S.Paulo, 25/12/2011

Se 2011 entrou para a história carimbado com o nome de Dilma Rousseff, o ano seguinte, 2012, deverá repetir a dose com outra mulher, Eliana Calmon Alves. De qualquer forma, o cidadão brasileiro já garantiu sua quota na magnífica prenda de Natal oferecida pelo imbróglio entre a destemida corregedora nacional de Justiça e as entidades que representam os magistrados.

A bateria de holofotes acesa pela juíza desde setembro, quando assumiu o cargo, é tão luminosa e promissora como a galáxia de esperanças acesa pelos fogos de artifício nos festejos do início de cada ano novo. Pela primeira vez em seus 511 anos de história e 189 de vida institucional, a nação brasileira tem a oportunidade de assistir à espetacular tomografia do edifício de privilégios e regalias no qual vivemos, construído em grande parte com a argamassa da injustiça.

Observação crítica

O confronto de Eliana Calmon com a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e a Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) transcende às questões clássicas identificadas por antropólogos e sociólogos do “sabe com quem está falando?” e “quem manda aqui sou eu”. Sua quixotesca investida é contra o corporativismo e o clientelismo que tanto desfiguram o conceito prevalecente do Estado de Direito.

A guerreira baiana não está apenas enfrentando o autoritarismo enrustido em instituições e entidades anquilosadas pelo tempo, está garantindo a produção e sobrevivência dos indispensáveis contrapoderes (caso do CNJ, Conselho Nacional de Justiça) sem os quais nossa democracia será formal, retórica e claudicante.

Sua desassombrada cruzada dirige-se na realidade contra um sistema de abafamentos e silêncios herdados da colonização ibérica e o surpreendente apoio que vem recebendo de setores expressivos da nossa imprensa recoloca esta imprensa em posições de vanguarda que há muito não frequenta.

Este talvez seja o grande mérito da polêmica acionada pela corregedora nacional de Justiça. Ao retirar da penumbra dos tribunais e do hermetismo das sentenças questões fundamentais da vivência democrática é possível alterá-las sem necessariamente recorrer a intervenções drásticas.

Em outras palavras: a mera observação – ou exposição – de um fenômeno constitui uma forma de atuar sobre ele. A humanidade só avança quando percebe que há avanços a fazer. A consumação do processo é consequente, natural, mesmo quando não imediata.

Para as retrospectivas

Eliana Calmon tirou o trombone da estante, tocou-o e, magicamente, do ruído fez-se a luz. Mesmo solitária, sua indignação espalhou-se porque ao examinar posturas e procedimentos de alguns magistrados, movimentou os desconfortos engolidos e tormentos camuflados na alma de milhões de brasileiros que o dia inteiro resmungam e remoem queixas contra a impunidade de malfeitores e prevaricadores.

As retrospectivas do ano não contemplaram a façanha da ouvidora das nossa mágoas, ombudsman do judiciário. Ainda há tempo.



domingo, 25 de dezembro de 2011

PROBLEMA É SÉRIO

O sujeito vai ao psiquiatra

- Doutor - diz ele - estou com um problema: Toda vez que estou na cama, acho que tem alguém embaixo. Aí eu vou embaixo da cama e acho que tem alguém em cima. Pra baixo, pra cima, pra baixo, pra cima.

Estou ficando maluco!

- Deixe-me tratar de você durante dois anos, diz o psiquiatra. Venha três vezes por semana, e eu curo este problema.

- E quanto o senhor cobra? - pergunta o paciente.

- R$ 120,00 por sessão - responde o psiquiatra.

- Bem, eu vou pensar - conclui o sujeito.

Passados seis meses, eles se encontram na rua.


- Por que você não me procurou mais? - Pergunta o psiquiatra.

- A 120 paus a consulta, três vezes por semana, durante dois anos, ia ficar caro demais, ai um sujeito num bar me curou por 10 reais.

- Ah é? Como? Pergunta o psiquiatra.

O sujeito responde:

- Por R$ 10 ,00 ele cortou os pés da cama...


Moral da História:


MUITAS VEZES O PROBLEMA É SÉRIO, MAS A SOLUÇÃO PODE SER MUITO SIMPLES!
HÁ UMA GRANDE DIFERENÇA ENTRE FOCO NO PROBLEMA E FOCO NA SOLUÇÃO.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

OUTRO NATAL É POSSÍVEL

 
Onde o Menino Jesus não fique envergonhado,
Ao ser escanteado e substituído pelo Papai Noel,
Verdadeiro mascote de vendas e lucros.

Onde as crianças, além de brinquedos,
Ganhem oportunidades de saúde, escola e lazer,
E possam exibir o sorriso largo e o olhar luminoso.

Onde os pais de crianças pobres não sejam inferiorizados
Diante dos apelos do marketing e da propaganda,
Com a tirania da última novidade em brinquedos;

Onde, além da mesa e da ceia natalina,
Estejam recheados o coração e o espírito,
Dos que buscam a justiça, o direito e a paz.

Onde as luzes e cores, presentes e enfeites,
Não formem um verniz de falsidade e ilusão,
Mas expressem um clima de alegria fraterna.

Onde o presépio relembre a cada pessoa e família,
O valor dos laços primários, sólidos, duradouros,
Alicerce de um edifício social sadio e saudável.

Onde o planeta Terra, casa de Deus e casa de todos,
Seja livre da devastação, corrupção e poluição,
Sonho eterno do bem viver e da terra sem males!

Onde os olhos brilhem e os corpos dancem,
Embriagados não pelo prazer e as drogas do egoísmo,
Mas pelas mãos e braços abertos à solidariedade.

Onde o Deus do caminho prevaleça sobre o Deus do templo,
Verbo que se faz carne e arma sua tenda entre nós.
Vem, Senhor Jesus, fica e caminha conosco!


Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS
 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

UMA FÁBULA ALCOÓLICA

Célio Pezza


Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar.

Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por todos. Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países mais desenvolvidos.

Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador estava garantido.

A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a capacidade de pensar de seu povo. O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio.

Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e gasolina.

Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobras Biocombustíveis.

Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos firmados.

Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adicionada à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno. Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por força de contratos.

A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British Petroleum), compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de 25% do setor.

A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do mundo.

Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil.


CÉLIO PEZZA é escritor (www.cpezza.com)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL

Dom Leonardo Steiner e MCCE se reúnem pela "Ficha Limpa"

Na última sexta-feira, 16 de dezembro, reuniram-se na CBJP/CNBB, representantes das entidades da rede MCCE e o Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Ulrich Steiner. Dom Leonardo, iniciou sua fala reforçando que a CNBB trabalha contra todas as formas de corrupção e que caminha, em nome do Evangelho, por um Brasil mais justo.

O Secretário ainda priorizou um maior engajamento dos movimentos sociais contra a corrupção no trabalho de consolidar a Lei da Ficha Limpa no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele reafirmou o apoio da Igreja Católica e de seus veículos de comunicação à causa da Ficha Limpa e salientou a importância da união da sociedade e entidades na pressão ao STF pela votação da constitucionalidade da Lei naquela côrte. Disse ele: "A sensação que tenho é que algumas coisas só caminham com pressão popular".

A diretoria do MCCE, nas pessoas de Jovita Rosa, Carlos Moura e Osiris Barbosa, explanaram sobre a expectativa de um voto favorável da nova Ministra do STF, Rosa Maria Weber, caso seja preciso um voto de desempate quando do retorno da votação da Lei. Os diretores ainda reafirmaram a luta do MCCE, de seus comitês e de sua rede pela Ficha Limpa, sobretudo por 2012 se tratar de um no ano de campanha eleitoral nos municípios.

domingo, 18 de dezembro de 2011

MUITA CALMA NESTA HORA

Entra um senhor desesperado na farmácia e grita:



- Rápido, me dê algo para a diarréia! Urgente!


O dono da farmácia, que era novo no negócio, fica muito nervoso e lhe dá o remédio errado: um remédio para nervos. O senhor, com muita pressa, pega o remédio e vai embora.

Horas depois, chega novamente o senhor que estava com diarréia e o farmacêutico lhe diz:

- Mil desculpas senhor. Creio que por engano lhe dei um medicamento para os nervos, ao invés de algum remédio para diarréia. Como o senhor está se sentindo?

O senhor responde:

- Todo borrado... mas tô tranquiiiiiiiilo.


Moral da História:

"POR MAIS DESESPERADORA QUE SEJA A SITUAÇÃO, SE ESTIVER CALMO, AS
 COISAS SERÃO VISTAS DE OUTRA MANEIRA".

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

NÃO PAGAR AFORAMENTO É LEI

O Movimento Negro (MNU) de Itabuna, retoma uma LUTA antiga,  a cobrança imoral de aforamento em bairros do município. Muita gente não sabe que esta cobrança é considerada ilegal e que existe uma Lei Municipal que garante o não pagamento do aforamento. A referida Lei foi aprovada pela Câmara Municipal em março de 1999. Ou seja, já se vão mais de 12 anos que a Lei entrou em vigor, mas a cobrança continua. Muita gente continua pagando pois não tem conhecimento da referida Lei e muita gente não paga por medo.

O MNU constituiu um corpo jurídico e pretende orientar os moradores dos bairros aonde ainda existe a prática da cobrança para que sigam o exemplo do Bairro São Pedro, onde os moradores não pagam mais o aforamento.

Uma explicação para esta continuidade no pagamento dos aforamentos possa ser entendidada a partir de um artigo de Eduardo Antonio Estevam Santos, morador do Bairro São Pedro e militante do Movimento Negro Unificado, o artigo publicado é parte parcial do seu trabalho dissertativo do Programa de Pós-Graduação em História Social, Mestrado, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP, como bolsista do Programa Internacional de Bolsas da Fundação Ford, o trabalho denominado: “São Pedro: aforamento, mecanismos de apropriação e experiências de moradia (1965-1995)” disponibilizado no endereço eletrônico abaixo:


“É corrente no imaginário social de que o Brasil é um país injusto e que a lei é simples instrumento de dominação. As injustiças e as dominações nem sempre são visíveis e às vezes apresentam-se de forma bastante complexa. A pesquisa sobre o Aforamento no bairro São Pedro analisa as práticas de injustiças num universo mais amplo, situa o direito como campo de lutas e contradições. Como em seu cotidiano, sujeitos que não se encontram nos registros oficiais, interpretavam a política do aforamento e reagiam na luta por justiça. Aparentemente todo o processo de luta pelo fim do aforamento poderia encerrar-se com a abertura de processo judicial. As distâncias entre as leis que regulam o espaço urbano e suas formas de aplicação e uso são exemplos a serem apontados na história da apropriação espacial desta localidade”.

Em outro ponto do artigo ele afirma: “As formas de participação do poder público municipal são sempre controversas, como salienta o Manual de Regularização da Terra e Moradia:

dessa forma o poder público estabelece uma base política popular, de natureza quase sempre clientelista, uma vez que os investimentos são levados as comunidades como ‘favores’ do poder público. As comunidades são assim convertidas em reféns, eternamente devedoras de quem as ‘protegeu’ ou ‘olhou pra elas’. Essa tem sido uma das grandes moedas de troca nas contabilidades
eleitorais, fonte de sustentação popular de inúmeros governos” .

"Sendo assim, projeta-se a afirmação da democracia para um futuro longínquo, impossibilitando os sujeitos envolvidos de exercerem sua cidadania plena".

Exerça sua cidadania, garanta seus direitos.


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX


Lei nº 1.784 de 02 de março de 1999.

Ementa: proíbe a cobrança de Aforamento e Arrendamento em área de terras irregulares no Município de Itabuna.

Projeto de autoria do Vereador Everaldo Anunciação – PT



O Presidente da Câmara Municipal de Itabuna, no uso da atribuição que lhe é conferida pelo Art. 28, inciso IV da Lei Orgânica do Município de Itabuna, considerando que o plenário desta Egrégia Casa Legislativa em Sessão realizada no dia 27 de janeiro de 199, REJEITOU o Veto Total proposto pelo Executivo deste Município ao Projeto de Lei nº 19/98; considerando que em 02 de fevereiro do ano em curso este Poder, mediante oficio nº 004/99-SP, comunicou ao Prefeito Municipal a decisão da Câmara de Vereadores a cerca do Veto e que somente em 02 de março deste mesmo ano o Chefe do Poder Executivo através da Secretaria de Governo, informou a esta Edilidade o numero e a data da Lei para efeito de Promulgação do Projeto de Lei aqui mencionado, Promulga e manda Publicar a seguinte Lei:

ART. 1º Fica proibido a cobrança de aforamento e arrendamento em área de terras em loteamento irregulares no Município de Itabuna.

ART. 2º - Para efeito no disposto do Art. 1º, o Poder Executivo fará publicar no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a relação das áreas de terras em situação irregular, observando o que dispõe a Lei Federal nº 6.766/79 em sua vigência e a Lei Municipal nº 1.721, de 15 de janeiro de 1996.

ART. 3º - Fica o Chefe do Executivo, para execução desta Lei, autorizado nos termos do Art. 43 da Lei Federal nº 4.320/64, a abrir crédito especial para pagamento de desapropriação das referidas áreas em decorrência do disposto no Art. 1º desta Lei.

ART. 4 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

ART. 5 – Revogam-se as disposições em contrário.

Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Itabuna, 02 de Março de 1999.


ANTÔNIO CARLOS PRADO

PRESIDENTE.



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

OFICINA DO TPJ EM ILHÉUS DEFINE CASOS A SEREM ABORDADOS NO TRIBUNAL REGIONAL



Haroldo Heleno, um dos coordenador o evento
 
Entidades e Movimentos Sociais, além de populações tradicionais, pastorais da Igreja Católica realizaram nos dias 10 e 11 de dezembro no Centro de Treinamento de Líderes no município de Ilhéus a Oficina de Capacitação do Tribunal Popular do Judiciário, tendo como objetivo a socialização de informações sobre o processo de construção do TPJ, com entidades e movimentos dos diversos municípios situados no sul, extremo sul e sudoeste da Bahia. Foi também um momento para multiplicar as informações e reflexões recebidas e feitas nos eventos de formação que já houve ao longo de 2010 e 2011.


Dr. Jorge Moreno assessorou o evento

O Juiz Jorge Moreno do Maranhão um dos assessores do evento aprofundou o debate sobre as origens e modo de funcionamento do Poder Judiciário no Brasil e na Bahia. Além de apresentar a experiência do Tribunal Popular no estado do Maranhão, sua origem, sua metodologia, seus resultados.

Alguns antecedentes foram abordados como elementos para motivar a caminhada no sul da Bahia, entre eles: O não combate à improbidade administrativa; Judiciário atrelado ao poder oligárquico; Juízes e promotores envolvidos com “um dos lados” nas eleições municipais, gerando clima de insatisfação, revolta e rebeliões populares em vários municípios; Juízes acusados de pedofilia, Juízes envolvidos em práticas de trabalho escravo e latifúndio; Juízes contrários à Reforma Agrária e a demarcação das terras indígenas; Postura de distanciamento da realidade e de inquestionabilidade do poder judiciário.

O Poder Judiciário da Bahia vive um contexto de imensa descrença da população na instituição. Esta tem se mostrado como uma das estruturas mais conservadoras, marcada por uma cultura positivista e elitista, ignorando por completo a dinâmica social e aplicando o Direito ao belo sabor de suas influências formais e legalistas, normalmente assegurando o direito de propriedade; garantindo a permanência de prefeitos corruptos; criminalizando as ações dos movimentos sociais e suas lideranças, ao tempo que se omite dos julgamentos de atos que desrespeitam os direitos fundamentais garantidos na Constituição.

As Entidades presentes levantaram diversos casos de desrespeito aos direitos humanos, e/ou de abusos, feitos ou apoiados pelo Poder (Sistema) Judiciário, envolvendo populações indígenas, quilombolas, crimes ambientais, cobranças de aforamento, assassinatos de jovens envolvendo policiais, abuso de poder pelas policias militar, civil e federal, entre outros. Tais casos serão alvos de investigação e de denuncias e servirá para concretizar os próximos passos do Tribunal Popular do Judiciário da Bahia, que serão os Tribunais regionais realizados nas diversas regiões da Bahia, o evento da região sul ficou agendado para os dias 24,25 de março de 2012, em Ilhéus e que culminará no Tribunal estadual a ser realizado em junho de 2012.

A equipe do TPJ vai ouvir os casos apontados, reunir testemunhas, coletar dados, fotos, documentos, realizar entrevistas, a fim de selecionar os casos mais graves e emblemáticos para serem popularizados e debatidos na realização dos tribunais regionais previstos para 2012.

Dom Mauro, Bispo de Ilhéus participou do Evento
As motivações que levaram as Entidades a apontarem os casos de violação no sul e extremo sul da Bahia foram: A necessidade de fazer a denúncia amplamente junto às instituições nacionais e internacionais; Desejo de recuperar as grandes mobilizações na região; Necessidade de dar visibilidade pública/tematizar este quadro junto a opinião pública criando constrangimento ao poder judiciário; Sonho de realização do efetivo controle social das políticas públicas; Desejo de ver a justiça e os direitos humanos efetivados na vida das pessoas; Sociedade mobilizada para o controle social sobre as instituições jurisdicionais

Talvez um trecho do artigo intitulado: “Um poder de costas para o País” de Marco Antonio Villa, publicado no Globo de 27/09/2011, retrate de forma muita fiel a situação do Judiciário e as motivações que levam a necessidade da realização dos TRIBUNAIS POPULARES DO JUDICIÁRIO: “Se os três Poderes da República têm sérios problemas de funcionamento, é inegável que o Judiciário é o pior deles. E deveria ser o mais importante. Ninguém entende o seu funcionamento. É lento e caro. Seus membros buscam privilégios, e não a austeridade. Confundem independência entre os poderes com autonomia para fazer o que bem entendem. Estão de costas para o país. No fundo, desprezam as insistentes cobranças por justiça. Consideram uma intromissão”.

Trabalho em grupo do TPJ - Ilhéus

domingo, 11 de dezembro de 2011

O mecânico e o cirurgião

BOA RESPOSTA


Um mecânico está desmontando o cabeçote de uma moto, quando ele vê na oficina um cirurgião cardiologista muito conhecido. Ele está olhando o mecânico trabalhar. Então o mecânico para e pergunta:

- 'Ei, doutor, posso lhe fazer uma pergunta?'

O cirurgião, um tanto surpreso, concorda e vai até a moto na qual o mecânico está trabalhando. O mecânico se levanta e começa:

- “Doutor, olhe este motor. Eu abro seu coração, tiro válvulas, conserto-as, ponho-as de volta e fecho novamente, e, quando eu termino, ele volta a trabalhar como se fosse novo. Como é então, que eu ganho tão pouco e o senhor tanto, quando nosso trabalho é praticamente o mesmo?”


Então o cirurgião dá um sorriso, se inclina e fala bem baixinho para o mecânico:


- 'Você já tentou fazer como eu faço, com o motor funcionando?'


Conclusão:

“QUANDO A GENTE PENSA QUE SABE TODAS AS RESPOSTAS, VEM A VIDA E MUDA TODAS AS PERGUNTAS.”

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Evangeliza na Net

Estive recentemente assessorando a Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora, dos Frades Capuchinhos, em Jaguaquara na Bahia, na sua Assembléia Paroquial, a convite do amigo e irmão Frei Rutivalter Brito. Dentre as várias alegrias que sentir, foi a de perceber o quanto esta Paróquia avança “para águas mais profundas” no processo de Evangelização e no seu trabalho pastoral, com agentes cada vez mais capacitados e animados. Um fato que me chamou bastante a atenção foi a escolha do tema para a Assembléia que se repete pelo segundo ano: “Paróquia Maria Auxiliadora em estado permanente de Missão”. E neste sentido destaco uma ação que para muitos possa passar despercebido, mas que acho de fundamental importância para que este estado permanente de missão seja buscado incessantemente e possa cada vez mais ser fortalecido: que é o uso da internet e dos demais meios de comunicação para cumprir-se a vontade do Mestre: “Ide por todo o Mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas”.

A Paróquia além de garantir um espaço importante na Rádio local (Rádio Povo 1570 - AM), e da publicação do seu jornal "O Caminho", criou seu próprio espaço na internet com a construção da Rádio Evangeliza (http://radioevangeliza.net/), atendendo assim os pedidos das novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que no seu nº 88 nos diz: “Importa saber utilizar o espaço “dos novos meios de comunicação social, especialmente a internet com inúmeras redes sociais, que constituem um novo fórum onde fazer ressoar o Evangelho”, ainda com o cuidado para que o mundo virtual jamais substitua o mundo real, pois “o encontro pessoal permanece insubstituível” (DGAE 88). E também mais na frente nos convoca: “Outro urgente areópago diz respeito ao mundo da comunicação”. Tornam-se inadiáveis mais investimentos tecnológicos e qualificação de pessoal, para uso adequado dos meios de comunicação, uma ousada pastoral da comunicação, garantindo a presença da Igreja no diálogo com a mentalidade e cultura contemporâneas, à luz dos valores do Evangelho. (DGAE 109)

Vale lembrar também que o Santo Papa Bento XVI tem recomendado com frequência a evangelização através da internet. Não é apenas mais um poderoso “meio” de comunicação, que pode facilitar e ampliar muito a nossa capacidade de evangelização; de fato, trata-se de um novo “ambiente” a ser evangelizado. Mais que “usar” a internet, precisamos estar “na” internet. De fato, a “rede” é como uma imensa e sofisticada praça, muito frequentada por gente que interage com toda sorte de mensagens; todos os “discursos” imagináveis podem ser encontrados nesta praça e há platéia para cada um deles. Alguns podem ser muito belos e construtivos, contribuindo para a dignificação do homem e a edificação do bem comum; outros, nem tanto; e, infelizmente, esta praça também é frequentada por companhias nada recomendáveis e até nocivas.

A Igreja não pode estar ausente no mundo da internet, com seu anúncio e testemunho. E isso precisa ser feito de muitas maneiras, para alcançar o maior número de interessados.

E finalmente, e não menos importante o que nos diz o Doc. de Aparecida: “Estamos vivendo uma época ímpar, em que a Igreja faz todo esforço possível para adaptar-se, conforme as exigências do momento, sem, contudo, se distanciar do que é essencial, às novas tecnologias, com um desejo de construir e fazer acontecer o Reino de Deus, abrindo, assim, uma nova página, início de um novo capítulo na história da evangelização. Para a Igreja, evangelizar é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, é fazer nova todas as coisas (cf. Ap 21, 5).

Por tudo isto, ouso dizer, que a Paróquia Maria Auxiliadora tem em mãos um instrumental de suma importância neste processo de Evangelização, para enfrentar esta “Mudança de época”. Agora é preciso que tenham pessoas capacitadas, que vivam a intimidade das novas tecnologias, colocando-as a serviço da Boa Nova da Salvação. Eis o maior desafio, que é de toda a Igreja: precisamos de animadores atualizados, que saibam levar a Palavra de Deus ao coração da nossa boa gente, com eficácia e criatividade, num mundo, em grande parte, indiferente, longe e distante da proposta e do convite do nosso Bom Deus, que é para todos.

Aquilo que disse na Assembleia também é importante: que todos nós usemos de nossas redes de comunicação (listas de endereços, site, blogs, msn, skype, fecebook, twitter, orkut, myspace, sonico, etc) para cumprirmos a nossa missão neste novo e importante areópago de Evangelização.

Clique na imagem ao lado e acesse a programação da Rádio Evangeliza.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MANIFESTO: #OCUPEBRASÍLIA




A União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) -maiores entidades estudantis do país- começaram a partir desta terça-feira de manhã, 6 de dezembro, o movimento #OcupeBrasília. Mais de 200 jovens, de diferentes estados do Brasil, estão acampados na capital federal, no gramado em frente ao Congresso Nacional. O objetivo é acompanhar a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE) e reivindicar a sua votação ainda este ano, com a aprovação de uma meta de investimento público da educação em 10% do Produto Interno Bruto (PIB).


O acampamento servirá também para organizar os estudantes e pressionar outras votações que ocorrerão ao longo da semana:

- A Comissão de Educação do Senado Federal vota, nesta terça-feira (6/12), o projeto de lei 138/2011, dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Valadares (PSB-SE), que destina 50% dos recursos do Fundo Social do Pré Sal para a educação. Essa é uma das principais bandeiras das entidades estudantis nos últimos anos para que o Brasil não repita os erros histórico que cometeu com a divisão de suas riquezas naturais.

- O parecer do relator da comissão especial, deputado Vicente Cândido (PT-SP), que discute a Lei Geral da Copa (PL 2330/11, do Executivo), será apresentado nesta terça-feira (6/12). A previsão é de que o colegiado vote o relatório na quinta-feira (8). As entidades estudantis vão se mobilizar para garantir o direito dos estudantes à meia-entrada nos jogos da Copa.

- A Comissão de Constituição e Justiça do Senado pode votar ainda esta semana o relatório do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) do Estatuto da Juventude (PLC 98/11). Os estudantes querem a aprovação do Estatuto com um Sistema Nacional de Juventude, a meia passagem e a meia entrada.



Leia o manifesto divulgado pela UNE, UBES e ANPG sobre a ocupação da capital federal que ocorrerá esta semana

Onde há uma praça, um gramado ou um monumento, há também um convite. O chamado retumba dentro de todos aqueles que sabem do que querem se ocupar. Ocupam-se em mudar. Onde há gente existem sonhos, onde há jovens há pólen puro e generoso, pronto para multiplicar as flores. A fertilização das mudanças contamina o Cairo e Barcelona, espalha-se de Nova York a Grécia e Santiago, atravessa os mares e os muros, vence a tirania esclarecida ou camuflada por falsos sorrisos e notas de dinheiro. Onde algo velho e corrompido declina, o coração dos bons ensaia a sua insurgência.

Brasília, 6 dezembro de 2011. Somos muitos e nos juntamos àqueles que, em qualquer parte, procuram a via da coletividade, da participação e protagonismo da juventude como catalisadora do novo. Ocupamos este trecho do Planalto Central em um momento decisivo para as nossas vidas e as dos próximos que virão, com a votação do Plano Nacional de Educação (PNE) e a realização da 2ª Conferência Nacional de Juventude.

O Brasil pode, nas próximas décadas, dar ao mundo um exemplo único de crescimento econômico, democracia, solidariedade e participação popular. No entanto, isso não será possível em companhia da brutal desigualdade social que ainda persiste ancorada, principalmente, nas más condições da educação pública e na histórica exclusão dos jovens, em especial os pobres. Chegou a hora de inverter prioridades. Basta de gerar conhecimento para ganhar mais dinheiro, a nova ordem deverá ser investir mais dinheiro para ampliar e democratizar o conhecimento de qualidade a todos.

Ocupamos este trecho da capital federal para impedir o retrocesso injustificável que se desenhará se o PNE não for aprovado ainda este ano. O Brasil precisa de 10% do Produto Interno Bruto aplicados, exclusivamente, na educação pública, escolas e professores do país. Da mesma forma, vamos ocupar a Conferência Nacional de Juventude com ideias e organização política, para garantir os avanços neste setor como a meia-entrada para os estdantes, o meio-passe no transporte público das grandes cidades, políticas públicas de saúde, comunicação, esporte e cultura para esse público, além da consolidação do Estatuto da Juventude e do Sistema Nacional de Juventude.

Esta é uma ocupação iniciada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG) mas que se abre a todos aqueles, de diferentes cores e idéias, que estão prontos para fazer a diferença.

Junte-se a nós.

Faça parte deste movimento.

União Nacional dos Estudantes
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
Associação Nacional dos Pós-graduandos



domingo, 4 de dezembro de 2011

A ROUPA FAZ A DIFERENÇA?

Sem maiores preocupações com o vestir, o médico conversava descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância, quando uma senhora elegante chega e de forma ríspida, pergunta:

- Vocês sabem onde está o médico do hospital?

Com tranqüilidade o médico respondeu:

- Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?

Ríspida, retorquiu:

- Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?

Mantendo-se calmo, contestou:

- Boa tarde, senhora! O médico sou eu, em que posso ajudá-la ?!?!

- Como?!?! O senhor?!?! Com essa roupa?!?!...


- Ah, Senhora! Desculpe-me! Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta....

- Oh! Desculpe doutor! Boa tarde! É que... Vestido assim, o senhor nem parece um médico...

- Veja bem as coisas como são...- disse o médico -... as vestes parecem não dizer muitas coisas, pois quando a vi chegando, tão bem vestida, tão elegante, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos e depois daria um simpaticíssimo "boa tarde!"; como se vê, as roupas nem sempre dizem muito...


Moral da História:

UM DOS MAIS BELOS TRAJES DA ALMA É A EDUCAÇÃO.

Sabemos que a roupa faz a diferença mas o que não podemos negar é que Falta de Educação, Arrogância, Falta de Humildade, Pessoas que se julgam donas do mundo e da verdade, Grosseria e outras "qualidades" derrubam qualquer vestimenta.

BASTAM ÀS VEZES APENAS 5 MINUTOS DE CONVERSA PARA QUE O OURO DA VESTIMENTA SE TRANSFORME EM BARRO

Código Florestal: Sacrificar a vida em favor de lucros para poucos?

Em nota publicada no jornal O Globo do dia 01/12/2011, intitulado o "Flagrante no cafezinho do Senado" de Ilimar Franco, nos apresenta a segunite cena, abre os panos: "Os deputados ruralistas Paulo Piau (PMDB-MG), cotado para relatar o Código Florestal na Câmara, e Abelardo Lupion (DEM-PR) conversavam, quando chegou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Entusiasmada, disse: “Conseguimos tudo o que a gente queria. Dilmão concordou com tudo.” E, empolgada, acrescentou: “Um dos nossos (ruralistas) tem que ser o relator lá (na segunda votação na Câmara). O Aldo Rebelo (relator na primeira votação na Câmara) é socialista. O Jorge Viana (relator no Senado) é um verdinho. O Luiz Henrique (relator na CCJ do Senado) não é mais nosso. A relatoria agora é nosso direito.” Fecha o pano.

E aqui mesmo neste blog, no domingo passado falando sobre o 1º domingo do Advento, publicamos um artigo do Dom Demétrio Valentini, intitulado "Tempo do  Advento: realidade e miragem" onde o mesmo já nos alertava: "Os que insistem em achar que provocamos o fim do mundo se o Código Florestal garante aos pequenos agricultores uma proteção especial, para viabilizar sua importante função de proteger o meio ambiente e de produzir alimentos, não está se dando conta da finalidade do Código Florestal, e demonstra não distinguir a realidade da fantasia.

Neste segundo domingo do Advento, trazemos a contribuição do companheiro Ivo Polleto, muito mais forte e contudente como nos exige o momento.

"Temos uma chance: propor, insistir, exigir que a Presidente Dilma se negue de referendar o jogo de interesses presentes no que apenas tem o título de código florestal", propõe Ivo Poletto, assessor de movimentos e pastorais sociais. E se ela não o fizer, "o que nos resta", pergunta Poletto.

Ele mesmo responde:

"Segundo a Constituição, podemos exigir um Referendo, isto é, uma consulta a toda a cidadania para que ela decida se aceita este novo código, ou se prefere que se fique com o existente até que se elabore uma proposta de código que defenda, de fato, todas as formas de vida".

Eis o artigo.

As companheiras e companheiros de movimentos, entidades e pastorais sociais lembram que eu não alimentei nenhuma ilusão sobre o tipo de Código Florestal que seria aprovado pelo Congresso Nacional. Nele, os deputados e senadores que não têm interesses diretos em relação ao cancelamento das dívidas com a população geradas a partir de crimes ambientais, bem como com uma flexibilização das leis existentes que beira a libertinagem, está comprometido com estes poderosos privilegiados. Há exceções, sempre honrosas, mas constituem minoria preocupante. Onde estariam os e as que foram votados por defenderem propostas de esquerda, em favor de uma sociedade realmente justa e igualitária? Por que, de repente e sem consultar seus eleitores, se tornaram defensores de mudanças que beneficiam minorias?

O que dizer dos deputados e senadores que aprovaram esse tipo absurdo de Código, que mantém o apelido de florestal mas é, na realidade, instrumento legalizador da sanha predadora da biodiversidade? Que pensaram no futuro, quando está escandalosamente evidente que se aprisionaram cegamente ao passado e ao presente? Ou melhor, que abriram portas para um futuro com menos florestas, menos matas ciliares, com nada de mangues, com mais áreas desertificadas por causa da morte dos solos provocada pelo agronegócio, pela agroindústria e pela mineração exportadores de commodities?

Com bem definiu um analista: em lugar de um Código florestal, o Brasil terá um Código agrícola - ou agropecuário e minerário, acrescento eu. Como fruto, aumentará a concentração de terra e de riqueza em poucas mãos proprietárias, aumentará o envenenamento dos solos, subsolos e atmosfera, a Amazônia ficará mais nua e com entranhas rasgadas - e mais coberta por lagos artificiais, geradores de pouca energia elétrica para a mineração, muito metano para a atmosfera e mais miséria para os povos ribeirinhos e para os que para lá se transferirão como operários das grandes barragens...

Uma vez mais, a pergunta que se impõe: o que podemos fazer nós, que vivemos na planície ou nas profundezas em que ficam os cidadãos sem cargos eletivos, que não são representantes do povo? Em relação ao que se conhece como democracia representativa, ainda temos uma chance: propor, insistir, exigir que a Presidente Dilma se negue de referendar o jogo de interesses presentes no que apenas tem o título de código florestal. Podemos exigir dela como Chefe de Governo, pois ela foi eleita para governar em favor dos direitos de todos os brasileiros e brasileiras, e não para um pequeno grupo de proprietários e seus capachos. E podemos igualmente exigir dela que atue como Chefe de Estado, eleita para cuidar de tudo que constitui a Nação Brasileira, de modo especial defendendo o seu povo contra o uso do poder delegado para impor leis em favor de minorias, para legislar em causa própria e para impedir que se consulte toda a cidadania na hora de aprovar mudanças de leis que dizem respeito às condições de vida de todas as pessoas, de todos os seres vivos e de toda a Terra.

Será que a presidente Dilma ouvirá os apelos da cidadania? Pode até ouvir, mas por causa do cálculo político de quem decidiu governar através de acordos partidários-parlamentares, é praticamente certo que cederá às pressões dos interessados no novo código florestal. E aí, o que nos resta? Segundo a Constituição, podemos exigir um Referendo, isto é, uma consulta a toda a cidadania para que ela decida se aceita este novo código, ou se prefere que se fique com o existente até que se elabore uma proposta de código que defenda, de fato, todas as formas de vida. A cidadania - o nós constituído por todos os eleitores - tem, sim, o poder de derrubar uma decisão do Congresso como essa do Código, mesmo depois de sancionada pela Presidente da República. A cidadania é o poder soberano, e suas decisões expressam a soberania popular.

O que fazer? Será preciso aprofundar o diálogo entre todas as forças que fizeram de tudo para demonstrar que esse novo código será prejudicial para o Brasil e para toda a humanidade, sem ter conseguido vencer os falsos argumentos dos grupos interessados em sua aprovação. Se a decisão for a de mobilizar a cidadania em favor de um Referendo, haverá necessidade de mobilização de muitos milhões, já que a proposta deverá ser aceita pelo Congresso - pois os representantes que o compõem reservaram para si esta decisão, subordinando o poder soberano ao seu poder delegado. Mesmo assim, nem que seja para tornar pública a denúncia da antidemocracia praticada por esta decisão, sou favorável à consulta à cidadania.

E você, o que sugere?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

CE 2011: Gesto concreto de quem acolhe Aquele que veio curar nossos males

"Ele veio curar nossos males". Com essa afirmação, a Igreja do Brasil vem conclamar os cristãos a assumir a missão recebida no batismo: seguir fielmente a Jesus Cristo dando continuidade a sua obra evangelizadora. Instituída em 1997, durante a 35ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Campanha para a Evangelização (CE) anseia ser inspiração para a tomada de consciência, a fim de gerar em cada cristão o comprometimento com a ação evangelizadora da igreja nos mais diversos contextos.

Realizada, anualmente, no período do Advento, a CE convida à reflexão sobre o Mistério da Encarnação, propondo na vivência das relações diárias a experiência dos valores evangélicos. De acordo com o padre José Adalberto Vanzela , o Advento é o momento de acolher o ‘Verbo que se fez carne e habitou entre nós', desse modo a CE deve ser compreendida como algo intimamente ligado ao mistério da encarnação que celebramos no Natal. "Este é o momento de vivenciarmos a encarnação do Evangelho na existência de todas as pessoas ", enfatiza.

Imbuída da missão de possibilitar sustentabilidade às obras de evangelização, a campanha surge com a finalidade de, além de relacionar o tempo do Advento com a missão evangelizadora da Igreja, mobilizar os fiéis para a responsabilidade de testemunhar os valores alicerçados em Jesus Cristo. Nesse sentido, o padre Luiz Carlos Dias destaca que os principais objetivos da CE são, sobretudo, mostrar a necessidade da participação de todos os batizados na ação evangelizadora; motivar para que os participantes das comunidades contribuam espiritual e materialmente para a manutenção da ação evangelizadora, dos projetos da CNBB, dos 17 Regionais e das Dioceses existentes em todo o Brasil.

A Campanha para a Evangelização, neste ano, vem trazer uma boa nova: O Filho de Deus que nos serviu encarnando-se entre nós, venceu todos os males e reina em todo o universo. Padre Luiz Carlos enfatiza que o tema precisa ser compreendido e para isso é necessário perceber que existe um esforço de integração entre as campanhas realizadas pela Igreja no Brasil (Campanha da Fraternidade (CF), Campanha para a Evangelização (CE) e Campanha Missionária (CM)). "O tema principal decorre do escolhido para a CF para o ano que se inicia com o Advento, normalmente definido pelos bispos do Conselho Episcopal de Pastoral, com anterioridade de dois anos", explica.

Ainda de acordo com padre Luiz Carlos, neste ano, o lema a nos iluminar, "Ele veio curar nossos males", foi escolhido em sintonia com o tema da CF 2012 - Saúde Pública" e objetiva sensibilizar os fiéis sobre a responsabilidade diante do sofrimento humano como elemento essencial para a realização do trabalho evangelizador, a fim de que, pela palavra, pela ação e pela doação pessoal e material, todos contribuam de maneira mais efetiva para a ação evangelizadora da Igreja.

"O tema do sofrimento, cujas causas podem ser várias, sobretudo o decorrente das enfermidades, é uma realidade fundamental para todos nós. Nosso Papa atual lembra que, ‘a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre '. E, numa cultura, como a atual, que impulsiona a sociedade na busca do bem estar e do prazer, o sofrimento tende a se tornar cada vez mais incompreensível e de difícil aceitação. A igreja precisa com o testemunho, apontar Aquele que pode curar nossos males. Eis uma boa notícia", declara o secretário.

Durante o tempo da CE, que inicia na solenidade de Cristo Rei e se estende até o terceiro domingo do Advento, as comunidades são convidadas a dialogar e refletir sobre a temática em foco, para que, motivados pela fé recebida e pela gratidão a Deus, este processo culmine na contribuição espontânea de cada cristão. Essa participação pode ser realizada de forma espiritual, ou seja, doando seu tempo para os serviços de evangelização ou financeiramente participando da coleta nacional que será realizada em todas as comunidades do Brasil nos dias 10 e 11 de dezembro de 2011.

O recurso obtido nesta coleta contribui diretamente na ação evangelizadora, sendo que do total arrecadado, 45% é destinado às dioceses com a finalidade de custear a ação evangelizadora local; 20% para os Regionais da CNBB, que são instâncias intermediárias com a missão de promover a articulação entre as dioceses, pastorais e movimentos presentes em suas realidades; e, por fim, 35% para o secretariado nacional de ação evangelizadora, situado em Brasília (DF). Esse recurso constitui o Fundo para a Evangelização que é administrado pela CNBB.

A participação à coleta nacional é um gesto concreto de adesão à CE e relacionada a experiências vivencias de doação pessoal ao serviço de evangelização das comunidades, transforma a construção do Reino em realidade palpável no cotidiano. Padre Luiz Carlos destaca que é preciso que não percamos de vista que este tempo nos anuncia a Encarnação do Verbo e, é propício para o encontro com Jesus Cristo em nossa história. E, lembra ainda, que as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora nos instiga a essa prática quando enfatiza "Nisto se manifesta nosso discipulado missionário: contemplemos Jesus Cristo presente e atuante em meio à realidade ".

Por fim, padre Luiz Carlos deixa a seguinte mensagem: "A participação na CE, com este propósito, é fundamentalmente para que todos os membros da grande comunidade dos discípulos de Jesus Cristo reconheçam-se, a partir do batismo, como participantes da missão da igreja; sintam-se responsáveis pela sua ação evangelizadora; mostrem a importância do Evangelho como critério para a superação dos principais problemas que angustiam a sociedade; colaborem com a missão evangelizadora da igreja: na doação de si e participando ativamente na vida da comunidade em alguma pastoral, movimento ou serviço eclesial e pela doação material".

Texto publicado na Revista Família Cristã - Edição de Dezembro 2011


Daiane Bristot
Assessoria de Imprensa do Regional Sul 3 da CNBB
Integrante do Setor de Comunicação do CEBI
Coordenadora de Comunicação do Valor Humano - Espaço Terapêutico e Desenvolvimento Comportamental
Colaboradora da Revista Família Cristã

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dia Mundial de combate a AIDS

Sobre o Dia Mundial – Em 1987, a Assembleia Mundial de Saúde, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), decidiu transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a Aids, para reforçar a solidariedade, a tolerância e a compreensão em relação às pessoas infectadas pelo HIV e para despertar nas pessoas a importância e a necessidade da prevenção e a compreensão do que é a síndrome.

Saúde lança campanha pelo Dia Mundial de Luta Contra a Aids

O Ministério da Saúde lança, durante a abertura da 14ª Conferência Nacional de Saúde nesta quinta-feira (1°), a campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, cujo slogan é “A aids não tem preconceito. Previna-se”. A proposta é estimular a reflexão sobre uma sociedade menos preconceituosa, mais solidária e tolerante à diversidade sexual e às pessoas vivendo com HIV/aids.

Neste ano, os jovens gays de 15 a 24 anos são público prioritário da campanha. Boletim epidemiológico sobre HIV/Aids divulgado na última segunda-feira (28) apontou o avanço da doença entre esse grupo, na contramão do que tem acontecido nesta faixa etária.

Ao longo dos últimos 12 anos, a porcentagem de casos na população de 15 a 24 anos caiu. Já entre os gays da mesma idade houve aumento de 10,1%. No ano passado, para cada 16 homossexuais dessa faixa etária vivendo com aids, havia 10 heterossexuais. Essa relação, em 1998, era de 12 para 10.

Ao meio-dia, na tenda Paulo Freire, na área externa do Centro de Convenções, acontece o Café com Ideias, uma mesa redonda com a participação do ministro Padilha, da cantora Preta Gil, do Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa, do diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, e de representantes LGBT e da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/aids.

Na ocasião, será assinada a Portaria da Política de Saúde da População LGBT. Também será lançada a cartilha “Por toda a sua Vida”, produzida pelo Departamento e pelo cartunista Ziraldo, que estará presente para autógrafos. Na publicação, são enfocadas as formas de contágio e os meios mais eficientes para prevenir a aids, como também a maneira sobre como proceder caso a pessoa seja infectada pelo HIV.

A partir das 19h30, começa a Festa da Solidariedade, com projeção de imagens, símbolos e lugares alusivos ao Dia Mundial de Luta contra a Aids na fachada do Congresso Nacional, na circunferência do Museu da República e nos Ministérios da Saúde e da Educação. Em frente ao Museu, no espelho d´água, haverá um flash mob, envolvendo os convidados para a formação de um laço humano de solidariedade. O laço vermelho é o símbolo da luta contra a Aids.

Em seguida, às 20h30, em tenda montada em frente ao Museu, haverá apresentação de balé aéreo, uma performance circense com tecidos. As evoluções simbolizam a luta contra o preconceito, exaltando a solidariedade. A tenda irá acomodar ações de prevenção, como distribuição de preservativos, testes rápidos anti-HIV para a população e informações sobre HIV/aids.


ITABUNA

Em Itabuna o Grupo de Apoio e Prevenção a AIDS (GAPA), Grupo Humanus e a Coordenação Municipal DST/Aids realizam desde o começo desta semana (28/11) diversas atividades com intuito de conscientizar e sensibilizar a sociedade civil organizada da região na prevenção do DST/Aids, através de palestras nos colégios, Tiro de Guerra e outros espaços, entrevistas em rádios. Ontem foi realizado na Praça José Bastos, no Centro, uma feira de saúde como parte das manifestação e no dia de hoje será realizado uma caminhada para chamar a atenção da sociedade, a caminhada sairá do Jardim do “O” e terá seu inicio as 15:00h. A noite no Rotary Itabuna Sul haverá uma palestra para os rotarianos sobre o assunto.

Percebemos que ainda é preciso avançar muito na luta contra o estigma devido ao sofrimento que causa às pessoas doentes. “A população, quando identifica uma pessoa com Aids, aponta na rua, fala. Muitas vezes até na família e nos amigos se determina um estigma muito forte e se afastam da pessoa no momento em que ela mais precisa, pois se descobre doente, fragilizada, passa por situações de baixa auto-estima e mudança de fisionomia”.

A origem de tanto preconceito pode ser explicada a partir da forma de contágio.“O estigma aparece mais fortemente, no caso da Aids, porque é uma doença que se pega através do sexo, e a gente tem dificuldade em falar de vivência sexual”.

Outro fator que contribuiria com o estigma seria o fato de a epidemia estar concentrada em grupos de maior vulnerabilidade, que já enfrentam bastante preconceito –homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas.

A diferença entre HIV e AIDS

HIV: é o vírus que causa a Aids, uma doença que prejudica as defesas do organismo contra infecções e outras doenças. Diz-se que a pessoa é HIV positivo ou soropositivo quando ela tem o vírus, mas ainda não teve o sistema imunológico comprometido, coisa que pode demorar alguns meses ou até anos.

O HIV vai destruindo aos poucos a capacidade do corpo de se defender de infecções e certos tipos de cânceres. Quando as defesas do organismo estão baixas e a pessoa já está contraindo infecções perigosas. O HIV é transmitido pelo sangue, pelo sêmen, pela secreção vaginal e pelo leite materno. Um bebê pode ser infectado pela mãe durante a gravidez e na hora do parto.

Aids (Síndrome da Imunodeficiêcnia Adquirida): Os primeiros sinais são pneumonia e tumores nos gânglios linfáticos e se manifesta após a infecção do organismo humano pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana).

Imunodeficiência é uma inabilidade do sistema de defesa do organismo para se proteger contra micro-organismos invasores, como o vírus HIV. A Aids não é causada espontaneamente, mas por um fator externo (a infecção pelo HIV).

Retrocesso

Apesar do discurso corrente de que o Brasil é referência no tratamento da Aids, ou até mesmo ações como a citada no inicio deste artigo, organizações denunciam posturas discriminatórias por parte do próprio Ministério da Saúde. Em nota, a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia) critica redução drástica do orçamento destinado a ações do Dia Mundial de Luta contra a Aids – de 6,5 milhões de reais, passou a 1,5 milhão.

Além disso, o ministério decidiu submeter as ações à Frente Parlamentar da Família, dirigida por parlamentares evangélicos. A Abia questiona por que não envolver a Frente Parlamentar de Aids.

Em nível mundial, o cenário também começa a se desenhar desfavorável. Na semana passada, o Fundo Global contra Aids, Malária e Tuberculose anunciou corte de financiamentos até 2014. O Fundo, composto por capital proveniente de doações, é responsável por um quarto do financiamento mundial do combate à Aids. De 2002 até hoje, já destinou 22,4 bilhões de dólares para 150 países em programas de prevenção, tratamento e assistência contra as três doenças.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Tempo do Advento: Realidade e miragem

O tempo do Advento teve seu inicio no último ao domingo (27/11/2011), neste tempo de preparação para a vinda do Senhor, deve ser para tod@s nós um momento propicio de reflexão e mudanças radicais em nossas vidas. Nesta situação de estarmos vivenciando uma "mudança de época" onde valores, princípios e conceitos são negociados, questionados, é preciso estar atentos e "vigilantes" para não sermos enganados pelas falsas e mirabolantes promessas de desenvolvimento e progresso, de felicidade fácil ou de uma total inversão de valores. Aqui na região sul da Bahia a falsa solução do Porto Sul, no País a insistência insana do Governo Dilma na mega - construção da  Hidrelétrica Belo Monte - no Xingu, e nas artimanhas para aprovação do novo Código Florestal, ou na tentativa de desviar o foco da problemática das mudanças climáticas no País com as falsas soluções dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), ou Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD).

Neste tempo propício para reflexão trazemos o artigo de Dom Demétrio Valentini, publicado no site ADITAL, para reforçar a nossa postura enquanto pessoas verdadeiramente comprometidas com a cidadania.


Realidade e miragem
Dom Demétrio Valentini -Bispo de Jales (SP) e Presidente da Cáritas Brasileira

Adital

Com este domingo, iniciamos um novo tempo litúrgico, que vai nos levar à celebração do Natal. Na verdade, para a liturgia, começa um novo ano, ao longo do qual celebramos os diferentes enfoques do mistério de Cristo.

Na passagem de um ano para o outro, aparece com insistência o enfoque relativo ao fim dos tempos, culminando com a aparição gloriosa do Senhor julgando as nações de toda a terra.

Como as cenas se referem a um tempo meta-histórico, para se referir a elas se usa um gênero literário próprio, denominado "escatológico”, pois trata dos "últimos tempos”, como sugere a palavra grega "éscaton”.

Aí reside o desafio. Mesmo usando uma linguagem com evidente carga de fantasia, resulta uma descrição muito semelhante aos fatos reais, que a história pode comprovar. Então, precisamos discernir o que tem consistência histórica, e o que é "escatológico”, usado intencionalmente para se referir a fatos que não cabem dentro do contexto da realidade humana.

Um exemplo bem claro encontramos nos evangelhos, quando trazem as profecias de Cristo sobre o fim do mundo. Usam a destruição histórica de Jerusalém, acontecida no ano 70 de nossa era, para com ela descrever, de maneira aproximada, a destruição final do mundo.

Assim, um fato histórico, a destruição de Jerusalém por Tito, serve de moldura para imaginar o fim do mundo. O que devemos fazer? Separar os fatos das fantasias.

Quando o evangelho relata o cerco de Jerusalém, se refere a fatos da história: "Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que sua destruição está próxima. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para as montanhas, os que estiverem na cidade, afastem-se dela” (Lucas, 21, 20...). Esta parte tem clara conotação histórica, e aconteceu de fato, quando o exército romano devastou complemente a cidade de Jerusalém.

Mas logo em seguida, o evangelho envereda para o gênero literário escatológico, ao advertir que "haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas...” (Lc 21, 25...). Aí já é fantasia. Por mais que imaginemos o bonito espetáculo da ciranda das estrelas dançando com o sol e a lua como prelúdio do fim do mundo, sabemos que é uma linguagem figurada, aliás, muito solene e bonita, mas que remete para uma realidade que não conseguimos expressar adequadamente por palavras humanas.

Talvez ajude uma comparação. Quando olhamos para uma cadeia de montanhas, as primeiras à nossa frente podem ser bem dimensionadas em seu tamanho real. As que estão no fundo, podem até parecer menores, mas se sobressaem às primeiras, é porque são maiores do que elas.

Para falar de um assunto maior, usamos realidades menores.

Como o assunto é tão recorrente nestes dias, até o fim do mundo nos ajuda a situar melhor as questões relativas ao Código Florestal. Há algumas "montanhas” à nossa frente, isto é, algumas constatações evidentes, que precisamos dimensionar bem, para termos uma ideia mais aproximada do tamanho da questão. Por exemplo: as terras usadas para agricultura, no Brasil, representam só 38% do território nacional. Portanto, 62% do território nacional nem é atingido pela agricultura! E mais: dos 38% das terras agricultáveis, só 27% são usadas pelos pequenos agricultores, que representam 88% dos estabelecimentos rurais. 12% das propriedades, neste país de histórica concentração fundiária, ocupam 73% das terras agricultáveis.

Os que insistem em achar que provocamos o fim do mundo se o Código Florestal garante aos pequenos agricultores uma proteção especial, para viabilizar sua importante função de proteger o meio ambiente e de produzir alimentos, não está se dando conta da finalidade do Código Florestal, e demonstra não distinguir a realidade da fantasia.

A sobrevivência dos pequenos agricultores não é um risco para o meio ambiente, mas uma garantia de que a natureza será bem cuidada, e a terra será fecunda para a vida de todos.