quarta-feira, 31 de agosto de 2011

a veja e o ANTI-JORNALISMO

A revista VEJA chegou no limite do anti-jornalismo é o que afirma o jornalista Luis Nassif, em seu blog. "Com a tentativa de invasão do quarto de José Dirceu, revista dá seu passo mais atrevido rumo ao abismo do antijornalismo e da chantagem murdochianos."

"Veja chegou a um ponto sem retorno. Em plena efervescência do caso Murdoch, com o fim da blindagem para práticas criminosas por parte da grande mídia no mundo todo, com toda opinião esclarecida discutindo os limites para a ação dá mídia, ela dá seu passo mais atrevido, com a tentativa de invasão do apartamento de José Dirceu e o uso de imagens dos vídeos do hotel, protegidas pelo sigilo legal.

Até agora, nenhum outro veículo da mídia repercutiu nenhuma das notícias: a da tentativa de invasão do apartamento de Dirceu, por ficar caracterizado o uso de táticas criminosas murdochianas no Brasil; e a matéria em si, um cozidão mal-ajambrado, uma sequência de ilações sem jornalismo no meio.

Veja hoje é uma ameaça direta ao jornalismo da Folha, Estadão, Globo, aos membros da Associação Nacional dos Jornais, a todo o segmento da velha mídia, por ter atropelado todos os limites. Sua ação lançou a mancha da criminalização para toda a mídia.

Quando Sidney Basile me procurou em 2008, com uma proposta de paz – que recusei – lá pelas tantas indaguei dele o que explicaria a maluquice da revista. Basile disse que as pessoas que assumiam a direção da revista de repente vestiam uma máscara de Veja que não tiravam nem para dormir.

Recusei o acordo proposto. Em parte porque não me era assegurado o direito de resposta dos ataques que sofri; em parte porque – mostrei para ele – como explicaria aos leitores e amigos do Blog a redução das críticas ao esgoto que jorrava da revista. Basile respondeu quase em desespero: “Mas você não está percebendo que estamos querendo mudar”. Disse-lhe que não duvidava de suas boas intenções, mas da capacidade da revista de sair do lamaçal em que se meteu.

Não mudou. Esses processos de deterioração editorial dificilmente são reversíveis. Parece que todo o organismo desaprende regras básicas de jornalismo. Às vezes me pergunto se o atilado Roberto Civita, dos tempos da Realidade ou dos primeiros tempos de Veja, foi acometido de algum processo mental que lhe turvou a capacidade de discernimento.

Tempos atrás participei de um seminário promovido por uma fundação alemã. Na mesa, comigo, o grande Paulo Totti, que foi chefe de reportagem da Veja, meu chefe quando era repórter da revista. Em sua apresentação, Totti disse que nos anos 70 a revista podia ser objeto de muitas críticas, dos enfoques das matérias aos textos. “Mas nunca fomos acusados de mentir”.

Definitivamente não sei o que se passa na cabeça de Roberto Civita e do Conselho Editorial da revista. Semana após semana ela se desmoraliza junto aos segmentos de opinião pública que contam, mesmo aqueles que estão do mesmo lado político da publicação. Pode contentar um tipo de leitor classe média pouco informado, que se move pelo efeito manada, não os que efetivamente contam. Mas com o tempo tende a envergonhar os próprios aliados.

Confesso que poucas vezes na história da mídia houve um processo tão clamoroso de marcha da insensatez, como o que acometeu a revista."

O presidente do Equador Rafael Correa talvez tenha a solução para por um fim a esta postura criminosa da revista, basta que aqui se tenha a mesma firmeza e postura de Correa. Clique aqui e leia a nota do Altamiro Borges, postado no Blog do Miro.
 
Entrevista com o senador Walter Pinheiro desmonta farsa da Veja. Clique aqui e veja a entrevista.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Um exemplo a (não) ser seguido... .

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados - MS


Dinheiro que se ganha fácil, também se gasta fácil! Quem enriquece de uma hora para outra – pior ainda se for por meios ilícitos – cedo ou tarde compreenderá que o dinheiro, mais do que a felicidade, o que traz é o medo, a insegurança e a violência.

É o que acontece com dezenas de jogadores de futebol, alguns deles de renome internacional. Um exemplo concreto é Luís Antônio Corrêa da Costa, mais conhecido como Müller. Jogando no “São Paulo”, foi campeão brasileiro em 1986 e em 1991, bicampeão da “Libertadores” e do “Mundial Interclubes” em 1992 e 1993. Ainda pelo “São Paulo”, foi campeão paulista em 1985, 1987, 1991 e 1992. Pela seleção brasileira, disputou três “Copas do Mundo”: no México, em 1986, na Itália, em 1990 e nos Estados Unidos, em 1994.

Apesar da arte, da técnica e da inteligência que o tornaram um dos grandes ídolos do futebol brasileiro, em poucos anos Müller perdeu tudo o que acumulou e hoje vive um momento particularmente sofrido e dramático. Morando de favor em casa de um colega de seus tempos felizes, o ex-atacante admite que tudo o que ganhou, gastou com mulheres e em festas. Sua situação ficou tão ruim, que chegou a vender até mesmo a igreja da qual se tornara pastor, numa tentativa de conversão.

Em maio deste ano, em entrevista que concedeu a alguns órgãos da imprensa brasileira, Müller revelou seu drama e se apresentou como “um exemplo a não ser seguido”: «Errei muito na vida. Tive bons momentos financeiros, mas fiz muita bobagem. Gastei tudo com besteira: mulheres, carros, vaidades pessoais, amigos de ocasião. Por ser uma pessoa generosa, muita gente se aproveitou de mim».

Indagado se tinha algum bem material, respondeu: «Comprei vários imóveis ao longo da minha vida. Mas fui perdendo, perdendo, perdendo... Nem sei calcular quanto perdi. Joguei fora o que construí ao longo de 20 anos. Hoje não tenho nada: nem carro (tive mais de 20) nem plano de saúde».

Contudo, apesar de tantas perdas – ou, talvez, graças a elas, já que, em geral, se aprende mais dos erros do que dos acertos – sempre há uma esperança para quem conta com Deus e... com a própria boa vontade. É o que também Müller procura fazer: «Posso dizer que não sou exemplo para ninguém. Espero que os jovens que estão começando, não repitam os meus erros. O que agora eu quero é que Deus me dê força para recomeçar do zero. E ele está dando. Tenho caráter, e isso não tem preço. Deus me concede a alegria de possuir o básico de que preciso: casa, roupa e comida. Tenho o que se requer para viver. Não sinto saudade do futebol, nem da vida de rico que levei. Agora, tudo passou!».

Se a vida começa aos 40, então Müller tem razão: sempre é possível iniciar e aprender. Nascido em Campo Grande no dia 31 de janeiro de 1966, é ainda jovem e, querendo, pode mudar tanto a sua vida, que se tornará, diferentemente do que falou, um “exemplo a ser seguido”.

Para quem é iluminado pelo Espírito Santo, porém, não é necessário esperar tanto tempo, nem dar muitas cabeçadas, para aprender. Os nossos “pais na fé” descobriram o caminho a seguir desde o Antigo Testamento. Folheando superficialmente o livro dos “Provérbios”, encontrei passagens altamente significativas. Eis algumas delas.

Primeiramente, jamais se deve esquecer que, «quem confia nas riquezas», cedo ou tarde «murchará» (11,28). Outra coisa: cuidado com a decepção em que caem os que acumulam bens: «A riqueza multiplica os amigos, mas quem empobrece é abandonado por todos» (19,4). Eis, então, o conselho que brota da sabedoria: «Não te afanes em adquirir riquezas, nem gastes a tua inteligência com isso, pois basta um olhar e ela desaparece; baterá asas como águia e voará pelo céu» (23,4-5. Por isso, a oração a ser feita só pode ser esta: «Duas coisas, eu te peço, ó meu Deus! Afasta de mim a falsidade e a mentira! Não me dês riqueza nem pobreza! Concede-me apenas o meu pedaço de pão, para que, saciado, eu não te renegue, dizendo: “Quem é Deus?”. Ou, então, reduzido à miséria, eu comece a roubar e a profanar o teu nome!» (30, 7-9).

Para Jesus, a única “lavagem de dinheiro” correta é empregá-lo no serviço aos necessitados: «Fazei-vos amigos com o dinheiro sujo, para que, quando acabar, eles vos recebam nas moradas eternas» (Lc 16,9).


Fonte: CNBB

Ética e amorosidade

Frei Betto

Ao longo da história, normas de conduta ética derivaram das religiões. Deuses e seus oráculos prescreviam aos humanos o certo e o errado, o bem e o mal. Forjou-se o conceito de pecado, tudo aquilo que contraria a vontade divina. E injetou-se no coração e na consciência dos humanos o sentimento de culpa.

Cada comunidade deveria indagar aos céus que procedimento convinha, e acatar as normas éticas ditadas pelos deuses. Sócrates (469-399 a.C.) também fitou o rumo do Olimpo à espera dos ditames éticos das divindades que ali habitavam. Em vão. O Olimpo grego era uma zorra. Ali imperava completa devassidão.

Foi a sorte da razão. E o azar de Sócrates; por buscar fundamentos éticos na razão foi acusado de herege e condenado à morte por envenenamento.

Apesar da herança filosófica socrática contida nas obras de Platão e Aristóteles, no Ocidente a hegemonia cristã ancorou a ética no conceito de pecado.

Com o prenúncio da falência da modernidade e a exacerbação da razão, o Ocidente, a partir do século 19, relativizou a noção de pecado. Inclusive entre cristãos, bafejados por uma ideia menos juridicista de Deus e mais amorosa e misericordiosa.

Estamos hoje na terceira margem do rio... Deixamos a margem em que predominava o pecado e ainda não atingimos a da ética. Nesse limbo, grassa a mais deslavada corrupção. O homem se faz lobo do homem.

Urge chegar, o quanto antes, à outra margem do rio. Daí tanta insistência no tema da ética. Empresas criam códigos de ética, governos instituem comissões de ética pública, escolas promovem debates sobre o assunto.

Basta olhar em volta para perceber a deterioração ética da sociedade: o presidente galardeado com o Nobel da Paz promove guerras; crianças praticam bullying nas escolas; estudantes agridem e até assassinam professores; políticos se apropriam descaradamente de recursos públicos; produções de entretenimento para cinema e TV banalizam o sexo e a violência.

Já que não se pode esperar ética de todos os políticos ou ética na política, é preciso instaurar a ética da política. Introduzir na reforma política mecanismos, como a Ficha Limpa, que impeçam corruptos e bandidos de se apresentarem como candidatos. Estabelecer mecanismos de rigoroso controle e eventual punição (como a revogação de mandatos) de todos que ocupam o poder público, de tal modo que os corruptos em potencial se sintam inibidos frente à ausência de impunidade.

"Tudo posso, mas nem tudo me convém”, escreveu o apóstolo Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (6, 12). Este parâmetro sinaliza que a ética implica tolerância, respeito aos valores do outro, evitar causar desconfortos na convivência social.

O fundamento da ética é o amor. Era nele que Paulo "tudo podia”. "Ama e faze o que quiseres”, disse Santo Agostinho três séculos depois do apóstolo.


Frei Beto: Escritor e assessor de movimentos sociais. é autor, em parceria com Veríssimo e Cristovam Buarque, de "O desafio ético” (Garamond), entre outros livros.



Fonte: Adital

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pataxó Hã-Hã-Hãe lutam pela devolução de suas terras.

Galdino Pataxó Hã Hã Hãe estava em Brasília (DF) em luta pelas terras originárias de seu povo quando foi queimado e morto, na madrugada de 20 de abril de 1997, por cinco garotos de classe média alta – um deles filho de juiz Federal. O assassinato chocou a opinião pública e mostrou ao mundo a situação social a que estavam expostos os índios brasileiros.


Na ocasião, o indígena travava intenso diálogo com o Judiciário por conta de ação envolvendo a retirada dos latifundiários invasores do território originário e que desde 1982 estava parada, sem decisão.Quase 15 anos depois, parentes de Galdino ainda brigam pela finalização da mesma ação cuja autoria é da Fundação Nacional do Índio (Funai) e trata da nulidade de títulos imobiliários dos invasores da Terra Indígena (TI) Caramuru - Catarina Paraguassu, nos municípios de Camacã, Pau-Brasil e Itajú do Colônia, sul da Bahia.

Incluída na pauta de reivindicações do acampamento da Jornada Nacional de Lutas da Via Campesina e da Assembleia Popular, instalado desde segunda-feira (23) ao lado do Ginásio Nilson Nelson (DF), a causa do povo Pataxó Hã hã hãe é para que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votem pela anulação dos títulos e que os invasores sejam retirados do território.

“Quem doou esses títulos tinha muito poder político”, conta o cacique Nailton Pataxó Hã hã hãe. Durante todo o século XX e início do XXI os interesses políticos fatiaram a área, então Reserva Caramuru, em latifúndios e pequenas propriedades – através de arrendamentos e títulos.



Veja nota na integra do competente jornalista Renato Santana, no link abaixo:

http://haroldoheleno.blogspot.com/2011/08/povo-pataxo-ha-ha-hae-reivindica.html

domingo, 28 de agosto de 2011

Família, Pessoa e Sociedade

Nos dias 14 a 20 de agosto, aconteceu em todo o Brasil, o evento promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Comissão Nacional da Família, que é a tradicional “Semana Nacional da Família”.

Este evento, que acontece anualmente no mês de agosto, que é o Mês Vocacional, tem como tema, neste ano de 2011 “Família, Pessoa e Sociedade”.

Os organizadores lançaram o subsídio de 2011, intitulado “Hora da Família”, que podia ser adquirido pela Secretaria Nacional da Pastoral Familiar, em Brasília. Mais de 220 mil exemplares do subsídio já foram editados, desde a vinda do papa João Paulo II ao Brasil, em 1994. A publicação, que completa 15 anos, traz sugestões de celebrações, Terça das Famílias e reflexões sobre o Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia do Catequista, Dia do Nascituro, e outros.

Segundo dom Petrini, a Semana Nacional da Família deve ser celebrada como uma festa. “Quando uma família cristã faz festa, celebra o dom da vida e o dom da fé que cada um recebeu, festeja o dom do amor entre marido e mulher, o dom da maternidade e da paternidade, o dom do sacramento do matrimônio e, portanto, o dom que é a presença de Jesus Cristo na convivência familiar”, destacou o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, dom João Carlos Petrini.

Segundo o “Hora da Família 2011″, os participantes do evento querem externar publicamente o seu apreço à família.

“O papa bento XVI destacou a importância da família para a edificação da sociedade e seu bem-estar e exortou a todos os cristãos a confiar em Deus como aquele que concede todos os bens e sustenta as famílias no seu cotidiano. Uma sociedade sólida nasce, certamente, do compromisso de todos os seus membros, mas tem necessidade da bênção e do suporte de Deus que, infelizmente, é frequentemente excluído e ignorado. Sem Deus, busca-se inutilmente construir uma casa estável, edificar uma cidade segura, porém, com Deus, teremos uma família rica de filhos e serena, uma cidade bem segura e defendida, livre de pesadelos e de insegurança”, disse o arcebispo de Londrina (PR) e ex-presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, dom Orlando Brandes, na apresentação do subsídio. Dom Orlando foi presidente da Comissão até maio desse ano.



Fonte: CNBB


As CEBs frente aos desafios do mundo contemporâneo

Terminou hoje na Casa de Retiros Assunção, em Brasília, o 2º Seminário de Assessores de Comunidades Eclesiais de Bases (CEBs). Com o tema “As CEBs frente aos desafios do mundo contemporâneo”, o evento que começou no dia 25  faz parte de uma série de quatro seminários, que ocorrerão em outros estados, englobando todos os Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


O evento foi promovido pelo Setor CEBs da CNBB em parceria com a Iser Assessoria (entidade não governamental que trabalha com religião, democracia e cidadania). Ao todo são 30 pessoas, vindas dos seis Regionais do Norte (1 e 2), Noroeste, Oeste (1 e 2) e Centro-Oeste, participaram do evento.

Segundo o assessor do Setor CEBs da CNBB, Sérgio Coutinho, o objetivo desses encontros é de ajudar na formação dos novos e antigos assessores de CEBs nesse momento em que as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) colocam como uma de suas cinco urgências a “Igreja, comunidade de comunidades”.

“Achamos que esses seminários trazem um maior espírito coletivo, num contexto individualista de nossa sociedade. As CEBs são, por natureza, um novo ardor, um novo conceito nessa nossa sociedade tão capitalista”, afirmou Sérgio Coutinho.

De acordo com Solange Rodrigues, da Iser Assessoria, o curso serve de direcionamento para os novos assessores de CEBs em suas dioceses. “Os assessores devem contribuir com suas comunidades, com articulação, formação e espiritualidade, e os seminários serem como base ou direcionamento para esses assessores”, definiu.

O 1º Seminário aconteceu no Rio de Janeiro, em abril deste ano, com os Regionais Sul (1 a 4). O 3º Seminário deve acontecer em outubro, englobando os Regionais do Nordeste (1 a 5) e o 4º, em novembro, com os Regionais Leste (1 e 2) da CNBB.

Fonte: CNBB

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

II Jornada de Lutas pela Reforma Agrária

Desde segunda-feira (22/8) os movimentos que integram a Via Campesina estão acampados em Brasília com quatro mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, Indígenas, Quilombolas, Estudantes, Sindicalistas de 23 estados e do Distrito Federal, em um grande Acampamento por Reforma Agrária nos arredores do Ginásio Nilson Nelson.

Do sul da Bahia, estão presentes além de trabalhadoras e trabalhadores ligados aos movimentos do campo, uma significativa delegação dos Pataxó Hã-Hã-Hãe que vieram reinvidicar a devolução de suas terras, invadidas e ocupadas há mais de trinta anos.

Ao mesmo tempo que realizamos as atividades da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, que acontece em todo o Brasil, o movimento popular vem se manifestando, foram realizados até agora protestos em 17 estados e em Brasília,

As principais pautas trabalhadas pelo Movimento referem-se à questão das dívidas dos pequenos agricultores, cujo valor chega a R$ 30 bilhões, de acordo com o Ministério da Fazenda, e o contingenciamento do orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Os R$ 530 milhões destinados para promover desapropriações de terras para este ano já foram totalmente executados. O cenário para 2012 é ainda pior: está previsto um corte de R$ 65 milhões, segundo dados do próprio Incra, com o orçamento despencando para R$ 465 milhões.

Abaixo, um balanço das manifestações.

Alagoas

Mais de 2.000 trabalhadores do campo foram mobilizados. Houve ocupação do Complexo da Companhia Hidrelétrica do São Francisco, em Paulo Afonso (BA) e a sede da Eletrobrás Distribuição Alagoas, em Maceió. No início da tarde, mais duas ocupações foram realizadas: superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na praça Sinimbu e a Secretaria do Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário de Alagoas (Seagri).

Bahia

Cerca de 400 pessoas realizam um acampamento em frente à Universidade do Vale do São Francisco, na cidade de Juazeiro. Os manifestantes pretendem debater o problema das barragens, o combate ao uso de agrotóxicos, o incentivo à agroecologia e o endividamento dos agricultores. As linhas de crédito para o agronegócio comprometem a produção de alimentos. Cerca de 80% dos agricultores da região estão com altas dívidas, que os impede de acessar novos créditos. A dívida em todo o Brasil chega a R$ 30 bilhões.

Brasília

Os 4.000 agricultores, os índigenas, os estudantes que estão no Acampamento Nacional da Via Campesina desde segunda-feira ocuparam o Ministério da Fazenda na manhã desta terça-feira (23/08). A desocupação veio logo após o agendamento da reunião no Palácio do Planalto.

Ceará

Mais de 1000 trabalhadoras e trabalhadores de diversos municípios cearenses ocuparam a sede nacional do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), em Fortaleza, nesta terça-feira (23/8). Os movimentos exigem a proibição da pulverização aérea de agrotóxicos na Chapada do Apodi, na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte. A sede da Caixa Econômica Federal, em Fortaleza, também foi ocupada 800 trabalhadores da Assembléia Popular.

Espírito Santo

Cerca de 400 trabalhadores e trabalhadoras do campo, de diversos municípios capixaba ocuparam na manhã de segunda-feira (22/8) a Superintendência Regional do Incra, em Vila Velha.

Mato Grosso

A Via Campesina organiza em Cuiabá, no Mato Grosso, um acampamento em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com 150 trabalhadores rurais, a partir de segunda-feira, para cobrar a realização da Reforma Agrária. "Sem a realização da Reforma Agrária e sem aumento considerável de recursos financeiros no Incra, o plano de acabar com a miséria será apenas um discurso de campanha", afirma o integrante da Direção Nacional do MST, Antonio Carneiro.

Mato Grosso do Sul

Cerca 300 trabalhadores rurais ocuparam o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforça Agrária (Incra) de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, na manhã desta segunda-feira (22/8). A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também participa da mobilização. A sede do Incra no município de Dourados também foi ocupada por 350 camponeses. “Nós precisamos que o Incra seja reestruturado. Caso contrário, a Reforma Agrária não poderá caminhar nem sair do papel”, desabafou Valdirene Oliveira, integrante da Coordenação Estadual do Mato Grosso do Sul.

Minas Gerais

Cerca de 350 integrantes da Via Campesina ocuparam a sede da Superintendência Regional do Incra, em Belo Horizonte, em Minas Gerais. Dentre as reivindicações estão questões relacionadas à obtenção de terras para assentamento das famílias acampadas, o desenvolvimento dos assentamentos e o reassentamento das famílias atingidas por barragens sem terra.

Pará

Famílias organizadas pelo MST ocuparam quatro fazendas na região sudeste do Pará. A Fazenda Pequizeiro localizada no município de Marabá, foi reocupada por 154 famílias do Acampamento Darci Ribeiro.

A Fazenda Calmer, localizada no município de Tucumã, foi ocupada por 58 famílias de trabalhadores rurais Sem Terra. Essa fazenda faz parte do patrimônio construído pelo narcotraficante Fernandinho Beira Mar, que foi adquirida pelo dinheiro da comercialização de drogas.

A terceira fazenda ocupada foi a Nova Era, localizada no município de Eldorado do Carajás, por 150 famílias Sem Terra. Foi ocupada também uma fazenda que fica no município de Ipixuna.

Cerca de 700 pessoas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estão nesta manhã (23) marchando em direção à barragem de Tucuruí, no Pará, para cobrar os acordos firmados ainda em 2005, mas que até agora não foram cumpridos pela empresa que administra a barragem, a Eletronorte.

Os atingidos pela barragem de Belo Monte estão acampados desde ontem próximos a Universidade Federal do Pará (UFPA). Os participantes do acampamento são moradores da periferia da cidade de Altamira que será encoberta pelas águas da barragem e moradores das ocupações urbanas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Desempregados.

Paraíba

Nesta terça-feira, organizações sociais do campo e da cidade mobilizaram cerca 500 pessoas na capital paraibana, João Pessoa. Foi realizado um ato em frente ao Incra e à tarde se manifestaram em frente à Energisa, a distribuidora de energia do estado, para denunciar o aumento nas contas de energia imposto pela distribuidora, que esse ano será de 8,06% para os consumidores residenciais. A aprovação desse reajuste foi dada pela Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta manhã.

Paraná

Foram realizados atos políticos e audiências públicas em prefeituras, agências do Banco do Brasil, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e em secretarias em Curitiba, Londrina, Maringá, Laranjeiras do Sul, e Francisco Beltrão.

Pernambuco

Na manhã desta terça-feira, 500 trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife. Os Sem Terra ficarão acampados por tempo indeterminado. O MST reocupou a Fazenda Serro Azul, com 117 famílias, no município de Altinho, e a Fazenda Consulta, com 50 famílias, no município de São Joaquim do Monte.

Rio Grande do Sul

Foram realizadas uma série de manifestações pelo interior do Rio Grande do Sul. Em Santana do Livramento, 250 trabalhadores e trabalhadoras interditam o trevo na entrada da cidade. Em Bagé, São Luiz Gonzaga, Júlio de Castilhos e Piratini, os pequenos agricultores ocupam o Banco do Brasil. Em Tupã, os camponeses realizam panfletagem em três pontos da cidade. Em Manoel Viana, mais de 300 trabalhadores e trabalhadores também realizam interdição de rodovia.

Rondônia

Mais de 300 manifestantes bloqueiam a rodovia BR 364, no estado de Rondônia. Participaram do ato trabalhadores e agricultores atingidos pela Usina de Samuel. Segundo o coordenador estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cazu Shikasho, as famílias sofrem com a falta de amparo social e de infraestrutura.

Santa Catarina

Uma comissão fez uma audiência com o INSS sobre a pauta estadual e nacional. Pela manhã, foi ocupado o Banco do Brasil, em Chapecó, com 400 pessoas.

São Paulo

Cerca de 400 integrantes do MST ocupam desde as 6h, desta segunda-feira (22/8), a Fazenda Santo Henrique, de 2,6 mil hectares, no município de Iaras, na região de Bauru. A ocupação realizada no município de Iaras reivindica a arrecadação da área para fins de Reforma Agrária e denuncia a indevida e criminosa utilização da área pela empresa Cutrale. A área utilizada pela Cutrale tem origem pública e, de acordo com a lei, deve ser destinada à Reforma Agrária.

Sergipe

Foi realizado um trancamento de estrada no município de Japaratuba e um ato no município de Alto Sertão, com movimentos sociais, no Banco do Brasil e no Banco Nordeste.

Tocantins

Mais de 300 pessoas iniciaram uma marcha para a cidade de Porto Nacional, no Tocantins, neste domingo (21/8). A marcha, organizada pelo Acampamento Sebastião Bezerra da Via Campesina, tem o intuito de realizar um ato político em Defesa da Reforma Agrária e Justiça no Campo na Praça Centenário, em Porto Nacional.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Seminário do Grito dos Excluídos (as) na Diocese de Ilhéus

                                          Pela vida grita a terra / por direitos todos nós / Se queremos  ter mais vida / Levantemos nossa voz!” (Hino do 16º Grito da Diocese de Ilhéus)

Aconteceu no ultimo dia 17 de agosto de 2011, no salão da Catedral São Sebastião no município de Ilhéus, no sul da Bahia o seminário de estudo do Grito dos Excluídos, sob a coordenação do Pe. Ademir Lima e contando com a participação de cerca de 70 membros de Organismos ligados à Igreja Católica, Pastorais, Religiosas, Padres, Seminaristas, Movimentos Sociais, Assentados, Acampados, Indigenas, Marisqueiras, Associações de Bairro e os atingidos pelo Porto Sul, estiveram reunidas para discutirem sobre a conjuntura política atual e articularem o Grito dos/as Excluídos/as na Diocese de Ilhéus.

Na verdade este evento se soma a uma serie de outras atividades que vem sendo realizadas em preparação ao 16º Grito dos Excluídos da Diocese de Ilhéus e faz parte da realização do 17º Grito dos Excluídos em nível Nacional, que este ano traz o tema: “Pela Vida grita a Terra ... e por direitos todos nós”. O Seminário foi assessorado pelo agente do Conselho Indigenista Missionário da Diocese de Itabuna, Haroldo Heleno.

Heleno fez um rápido retrospecto de todos os gritos realizados ao longo destes 17 anos, destacando que desde o inicio o Grito dos Excluídos, mantêm sua mobilização com três sentidos:

• Denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social;

• Tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome;

• Propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.

Destacou também que O Grito nasceu de duas fontes distintas, mas, complementares. De um lado, teve origem no Setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), como uma forma de dar continuidade à reflexão da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo lema – Eras tu, Senhor – abordava o tema Fraternidade e Excluídos. De outro lado, brotou da necessidade de concretizar os debates da 2ª Semana Social Brasileira, realizada nos anos de 1993 e 1994.

Ao abordar o tema do 17º Grito, reafirmou que é preciso levar às ruas o grito da Mãe Terra sofrida com tantos projetos de morte. Neste ponto foi abordado os diversos projetos desenvolvimentas em curso na região, o monocultivo de eucalipto promovido pela empresa Veracel, que vem agredindo em especial as populações indígenas, mas o projeto intermodal conhecido como Porto Sul, que pretende implantar uma ferrovia e um porto para escoação do minério de Caitité, e um aeroporto, projeto este  que o governo da Bahia e seus parceiros tenta empurrar “goela abaixo”, da população local. Todos estes projetos são camuflados com o discurso do desenvolvimento e do progresso, destrói a mata Atlântica e agridem a população local, não levam em conta a vocação regional, inventam dados fantasiosos, cooptam lideranças. Apresentam o projeto como a “oitava maravilha do mundo”. Conseqüência também desse modelo de desenvolvimento capitalista, que visa tão somente o lucro desenfreado de alguns poucos, é a negação dos direitos básicos da população: saúde, segurança, educação, moradia, acesso à Terra, à Água, lazer, cultura, emprego, soberania alimenta. O governo anuncia o ascenso de 35 milhões de pessoas à classe média, porém, isso não significa que os direitos básicos destes e dos que continuam a linha de pobreza e miséria tenham sido garantidos. O aumento do poder aquisitivo não significa necessariamente garantia de direitos básicos. Segundo dados do último Censo do IBGE, a classe média (domicílios com renda per capita de 1 a 5 salários) não passa de 34, 2% da população (Fonte: Brasil de Fato, nº 427). Os outros 66% estão na linha de miséria e pobreza.

Haroldo também falou na capacidade de mobilização, articulação e luta dos pequenos, e lembrou da luta de Davi contra Golias, que é a luta que estamos travando agora, o vencedor foi Davi e não o gigante Golias, e usando apenas um pequeno bodoque, citou como exemplo a resistência dos povos indígenas que há 511 anos nos apresenta um projeto de “Bem viver”, onde a natureza é respeitada, o ser humano é o elemento principal e são indissociáveis.

Após a abordagem de Haroldo Heleno, houve algumas intervenções como forma de contribuição na reflexão, com destaque as falas emocionantes e dramáticas dos trabalhadores rurais da região do Itariri, atingidos diretamente pelo mega projeto do Porto sul.

Ao final ficou evidente a importância da realização do 16º Grito dos Excluídos da Diocese de Ilhéus e a convocação foi reafirmada para que todas as pessoas possam se somar neste grito por direitos e pela VIDA: A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR.....

domingo, 14 de agosto de 2011

Não é só o sangue de Cristo que tem poder....

Participe da Campanha solidaria de doação de Sangue.

Dia 03 de Setembro de 2011 das 8:00 ás 16:00hs

Local: Paróquia Santa Rita de Cássia

Doar sangue é um ato de solidariedade. Quando uma pessoa precisa de sangue, precisa de mim, precisa de você, pois não há nada que substitua o sangue. Este é um pequeno gesto que pode salvar muitas vidas. Porque tem sempre alguém esperando sua doação.


Dez bons motivos para vocês ser um doador de Sangue:

 Uma doação de sangue pode salvar até 4 vidas!

 È um ato de solidariedade!

 Um dia você ou um ente querido pode precisar!

 Ninguém está livre da necessidade de receber!

 Doar sangue é simples, rápido e não dói!

 Doação de sangue é vida gerando vida !

 Doar sangue é colaborar com a preservação da vida!

 Doar sangue ajuda a melhorar sua saúde.

 A ciência ainda não encontrou um substituto artificial!

 Doar ajuda a diminuir as chances de problemas cardiovasculares.

Você precisa:

* Estar em boas condições de saúde;

* Ter entre 18 e 65 anos;

* Ter peso mínimo de 50 kg;

* Ter descansado no mínimo 6 horas nas últimas 24 horas;

* Não estar gripado ou com febre;

* Não estar grávida ou amamentando;

* Não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 6 horas.

Entre outras, você ganha:

• Um exame de sangue completo

• Uma carteira com seu tipo sanguíneo

• A satisfação de ter ajudado alguém.


Procure a secretaria paroquial e informe a sua doação. Divulgue essa campanha!

FRASE DA SEMANA - Oscar Niemayer

A frase abaixo proferida pelo sempre lucido Oscar Niemayer é simplemesmente perfeita para descrever a atual situação da Capital Federal.



" PROJETAR BRASÍLIA PARA OS POLÍTICOS QUE VOCÊS COLOCARAM LÁ, FOI COMO CRIAR UM LINDO VASO DE FLORES PRÁ VOCÊS USAREM COMO PINICO. BRASÍLIA NUNCA DEVERIA TER SIDO PROJETADA EM FORMA DE AVIÃO E SIM DE CAMBURÃO. "

(Oscar Niemayer)

sábado, 13 de agosto de 2011

VENENO NA COMIDA DO POVO.

Confira, no link, abaixo, a gravidade do que está acontecendo no Brasil: VENENO NA COMIDA DO POVO. Para quê? Para lucrar, lucrar e lucrar.

Cf. o vídeo no link, abaixo. E espalhe este vídeo que deve ser visto pelos 200 milhões de brasileiros.


http://www.youtube.com/watch?v=-ap9ecMwWU8&feature=channel_video_title


O vídeo mostra trechos do documentário de Silvio Tendler "O veneno está na mesa", lançado no Brasil no final de julho.

Trechos de uma fala da Senadora Kátia Abreu (DEM-TO), onde ela expõe alguns de seus 'argumentos' favoráveis ao uso de agrotóxicos.

Dom Luiz Carlos Eccel, ex-Bispo de Caçador/SC, descreve com muita precisão a postura da senadora: "A senadora Kátia Abreu mente descaradamente e pensa que somos todos idiotas. Ela é movida somente a dinheiro, "pobre" dela e de quem pensa como ela"

Além disso, este trecho apresenta reportagem sobre contaminação do leite materno pelo uso de veneno nas plantações e o depoimento da agrônoma e agricultura Ana Primavesi, pioneira da Agroecologia no Brasil, e de Fernando Ataliba.


Vale a pena conferir o video.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

CNBB defende Reforma Política com participação popular

O presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno, ressaltou que falta “vontade política” dos parlamentares para que a Reforma Política avance no Congresso. Ele reafirmou o papel da Conferência dos Bispos, em conjunto com a sociedade civil, na mobilização da sociedade para discutir o tema. Em entrevista coletiva no dia de ontem (11/08) na sede da CNBB.

“Queremos acompanhar a Reforma Política, por isso criamos uma Comissão para ver de perto o que os parlamentares desejam”, disse. “O que percebemos é que [a atual proposta] não se trata tanto de uma reforma de Estado ou uma Reforma Política profunda, mas de uma Reforma Eleitoral bastante restrita, limitada” observou o cardeal.

Segundo dom Damasceno, o importante é que as organizações da sociedade civil comecem a se movimentar para exigir uma reforma política para o momento ou pelo menos uma reforma eleitoral “que venha modificar o sistema vigente e que consiga repercutir no comportamento das pessoas, contribuindo para uma melhor democracia e transparência da gestão pública e do processo eleitoral”.

O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, disse que o papel da Comissão criada pela CNBB é o de propor o debate à sociedade. “A tarefa da Comissão que criamos ou mesmo da Igreja é propor um debate em torno da política. Isso significa que será um longo processo onde há a necessidade de mudar a mentalidade e a compreensão da política, só assim poderemos dar ao Brasil um modo de eleger os nossos representantes de forma mais digna”, sublinhou o secretário.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

ÉTICA E TRANSPARÊNCIA (Nota da CNBB)


O Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunido em Brasília, de 09 a 11 de agosto de 2011, refletiu sobre temas pastorais e suas implicações na vida do povo. Chamaram a atenção do Conselho as notícias veiculadas pela imprensa, nestes dias, sobre casos de denúncias de corrupção na administração pública, o que gera um clima de perplexidade, insegurança e indignação.

Os princípios éticos da verdade e da justiça exigem exemplar apuração dos fatos com a conseqüente punição dos culpados, porque não se pode transigir diante da malversação do emprego do dinheiro público. Sacrificar os bens devidos a todos é um crime que clama aos céus por lesar, sobretudo, os pobres.

A atuação de instituições do Estado no atual contexto revela solidez. Os fatos em visibilidade, no entanto, reforçam a necessidade do aperfeiçoamento da democracia, o que só ocorrerá por meio de uma administração transparente e de uma profunda Reforma Política.

Nossa Senhora Aparecida seja intercessora junto ao seu Filho Jesus para que os brasileiros e brasileiras contribuam para a construção da justiça e da paz no País, na harmonia e na esperança.

“Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6).

Brasília, 11 de agosto de 2011

P – Nº 0783/11

Cardeal Raymundo Damasceno Assis

Arcebispo de Aparecida - SP

Presidente da CNBB


Dom José Belisário da Silva

Arcebispo de São Luís do Maranhão-MA

Vice-Presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner

Bispo Prelado de São Félix-MT

Secretário Geral da CNBB
 

Seminário realizado em Brasília abre oficialmente a 5ª Semana Social Brasileira

Após dois dias de discussões e debates, encerrou na tarde desta quinta-feira, 11, no Centro Cultural de Brasília (CCB) o Seminário Nacional de Preparação da 5ª Semana Social Brasileira (SSB), encontro que reuniu cerca de 110 pessoas, de Pastorais e movimentos sociais de todas as regiões do país.

A partir do tema proposto para a 5ª Semana, “A participação da sociedade no processo de democratização do Estado – Estado para quê e para quem”, evento que foi aberto oficialmente com o Seminário Nacional e se estende até o primeiro semestre de 2013, as discussões contemplaram a conjuntura brasileira no que tange a democracia e participação social no processo de construção de uma nação mais igual.

As temáticas colocadas em debate foram importantes para gerar discussões e amarrar as bases teóricas e práticas da 5ª SSB, segundo o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Guilherme Werlang.

“O tema nos proporcionou discussões que justificam a realização da 5ª Semana Social Brasileira. Veio reafirmar que estamos diante de um momento propício no quadro social brasileiro em que vivemos para discutirmos a situação política do país”, disse dom Guilherme que ressaltou a urgência e necessidades apresentadas pelos participantes nos dois dias de Seminário.

“Percebemos nas falas e participações que as pessoas sentem a necessidade e urgência de discutir um Brasil igual para todos. Elas mostram anseio de participação no processo político deste país, fato que vem colaborar com a repercussão do evento junto à sociedade”.

Iniciadas em 1991, as SSB já fazem parte da agenda de discussões sociais do Brasil. Reunindo religiões, pastorais e movimentos sociais e de mulheres, o evento motivado pelo Pontifício Conselho para a Caridade, Justiça e Paz da Santa Sé e promovido em vários países no mundo em diferentes dinâmicas, será realizado mais uma vez com o objetivo de se lançar sobre as bases da sociedade brasileira, para fazer pensar e sugerir mudanças em um processo de trabalho que pretende, em longo prazo, educar para os direitos da sociedade democrática.

SSB pela construção de um novo EstadoLéa Costa, secretária das Pastorais Sociais no Regional Norte 2 da CNBB (Pará), explicou como se dá esse processo de realização da SSB na sua região. “É uma construção coletiva discutida em nível nacional e internacional que, a partir do diálogo, das relações interpessoais, chega às comunidades e se desenvolve num processo que educa e motiva para as mudanças”, sublinhou.

De acordo com Léa, por ser realizado dentro de um processo longo (quase dois anos), as SSB têm potencial de provocar a participação da sociedade nos processos políticos, além de resgatar temáticas antigas, como é o caso da participação democrática. “Por ser construído em conjunto com a participação de diferentes vertentes da sociedade, é um modelo viável que chega às bases a partir de discussões, fazendo com que a sociedade tenha elementos para pensar e construir um novo Estado a partir das reivindicações da própria base”.

Concorda com Léa o secretário executivo do Mutirão para a Superação da Miséria e da Fome da CNBB, padre Nelito Dornelas, nomeado articulador da 5ª Semana por dom Guilherme. “A partir das práticas libertárias que estamos construindo há anos com as SSB, não esperamos uma nova sociedade para o futuro, como que num passe de mágica, mas já estamos construindo ela hoje, colocando em primeiro lugar a defesa e a inclusão das pessoas”, justificou.

De acordo com padre Nelito, a 5ª Semana se realiza com uma posição bem definida, sob a ótica dos pequenos deste país. “Colocamos-nos ao lado dos excluídos, dos marginalizados para repensarmos uma nova sociedade, um novo Estado, tendo em vista toda a sua estrutura de transportes, educação, saúde, lazer, para que não venhamos a ter que voltar atrás depois”.

O membro da coordenação nacional do Grito dos Excluídos, Ari Albeti, vê como diferencial das Semanas Sociais Brasileiras o processo por que passa a sua organização antes, a participação durante e as definições e ações depois. Para ele, esse caminho e a continuação dos ideais das SSB passadas, criam bases para as propostas apresentadas no evento a cada ano. “As Semanas Sociais têm nos ensinado muito com essa ideia de processo porque facilita a participação das pessoas e incentiva para discutir o Estado que a gente quer: aquele que cumpre sua função social”.

Segundo Alberti, as funções do Estado ultrapassam aquelas garantidas hoje no Brasil. “O nosso povo ainda é tratado com benesses, com políticas assistenciais que são importantes, mas não suficientes. A nossa luta é para que as pessoas não só recebam, mas que façam parte do processo e possam se sentar à mesa num país de igualdade. Essa é a pressão que vai fazer a 5ª Semana Social Brasileira”, concluiu.
 
Fonte: CNBB

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

EUCALIPTO NÃO! QUEREMOS TERRA E PÃO.


"Eucalipto não! Queremos  terra e pão"

Esta foi a palavra de ordem das centenas de trabalhadores presentes à Audiência Pública realizada na manhã desta terça feira, 09 de agosto de 2011 no ginásio de Esportes de Itapetinga. A audiência faz parte do processo de licenciamento para o projeto de expansão da base florestal com eucalipto e da fábrica da Veracel Celulose S/A na região Sul e Sudoeste da Bahia. A Veracel, que hoje ocupa 119.000 hectares de terra nos municípios de Eunápolis, Canavieiras, Belmonte, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Mascote, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália com florestas de eucalipto produzindo atualmente 1.200.000 toneladas de celulose por ano, pretende ampliar sua capacidade de produção para 2.700.000 toneladas/ano. A proposta da empresa é expandir as plantações para os municípios de Encruzilhada, Itapetinga, Itarantim, Macarani, Maiquinique, Potiraguá e Santa Luzia, necessitando para isso, adquirir mais 107.000 hectares de terras.

A audiência Pública foi conduzida pela equipe técnica do INEMA e previa contemplar os municípios diretamente impactados na região de Itapetinga.  O que deveria ser um momento para se discutir os impactos diretos e indiretos do empreendimento e as medidas de compensação e mitigação destes foi muito mais um espaço de propaganda da Empresa que utilizou quase a totalidade do tempo que dispunha para a exposição tentando vender a imagem de empresa ecológica e socialmente responsável e do projeto como uma grande redenção para a região, por se tratar de um empreendimento altamente viável do ponto de vistas econômico e ambiental.

Após a apresentação da Veracel e a explanação do Rima pelas empresas Cosmos Engenharia e Planejamento Ltda. e CEPEMAR Meio Ambiente, foram abertas as inscrições para manifestação da população ali representada por estudantes universitários, Movimentos Sociais (MST, CETA, MPA), entidades (CPT, CEAS) e sociedade civil em geral. Foram cerca de duas horas de intervenções onde as pessoas que usaram a palavra se posicionaram unanimemente contrárias à expansão do monocultivo de eucalipto na região. Dentre os argumentos para sustentar o posicionamento foram citadas as inúmeras falhas no relatório de Impacto ambiental, que omite e/ou subdimensiona os impactos sócio ambientais, como por exemplo: contaminação com resíduos de agrotóxicos (herbicidas e inseticidas) da Bacia do Rio Pardo e seus principais afluentes, (Rios Verruga, Maiquinique, Manjerona, Catolé, Córrego do Nado e Água Preta); redução da produção de alimentos, sobretudo mandioca, carne e leite (52 % da produção pela Agricultura Familiar); e suas repercussões no aumento dos custos da cesta básica e na inflação, considerando a substituição das culturas tradicionais pela monocultura de eucalipto; desequilíbrio do balanço hídrico, contaminação do solo, dos lençóis d'agua e dos trabalhadores por agrotóxicos utilizados pela empresa, a exemplo do glifosato e sulfuramida;

Outras manifestações foram mais enfáticas no sentido de solicitar a suspensão do processo de licenciamento por questões sérias que descaracterizaria a legalidade do processo. O advogado Marcelo Nogueira, Professor da UESB, alegou, dentre outras questões, a falta de habilitação profissional dos técnicos da CEPEMAR para elaboração de laudo EIA-RIMA; a não realização da 2ª oficina preparatória nem complementação do diagnóstico para atender a solicitação de esclarecimentos de cidadãos das áreas afetadas quanto a lacunas e contradições do EIA RIMA; a não convocação de uma audiência pública por Município, em conformidade com pedidos de instalação formalizados pelas populações afetadas, aglutinando audiências em apenas 4 municípios, dificultando a participação da população afetada oriunda dos demais municípios; a manifestação pública do Governador Jaques Wagner favorável à concessão do licenciamento por antecipação, incorrendo em crime de responsabilidade por improbidade administrativa face à prática de advocacia administrativa e infringência aos princípios que regem a administração pública (legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e razoabilidade) além do fato de a empresa responsável pela elaboração do EIA - RIMA pertencer ao grupo Suzano Papel, empresa do setor de celulose, portanto, interessada diretamente no licenciamento o que incorre no risco da parcialidade nos estudos.

Dentre o grande numero de participantes, destaca-se a presença massiva de jovens. A participação efetiva e as importantes intervenções de entidades e movimentos é sinal da grande preocupação com o futuro da região que historicamente teve vocação para a produção de alimentos e hoje se vê ameaçada pela expansão da monocultura.

“Não queremos eucalipto. Queremos terra para poder plantar alimentos e abastecer a mesa do povo da cidade, inclusive dos donos destas empresas. Não comemos madeira de eucalipto! Não somos cupins!!”  – desabafou Sr. Domigos, trabalhador rural acampado no município de Macarani.

Ficou evidente na audiência que o processo de expansão da Veracel, caso venha a ocorrer, causará danos irreversíveis e as medidas compensatórias apontadas pela empresa são ineficazes e insuficientes para a reparação destes.

Na opinião de Joaci Cunha, membro do CEAS – Centro de estudos e Ação Social, a partir da reação popular contrária evidenciada na audiência em Itapetinga e considerando que o Estado deverá respeitar a opinião da população ao invés de ceder aos interesses das empresas do setor da celulose, o processo de licenciamento da Veracel poderá ser suspenso, ou no mínimo o licenciamento será negado.

As audiências prosseguirão de amanhã, 10/08 até dia 12/08 nos municípios de Canavieiras, Porto Seguro e Eunápolis.


Diacisio Ribeiro Leite
Agente da Comissão Pastoral da Terra – Equipe Sul Sudoeste/BA