sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Luta pela terra é luta contra a morte / Quantos cadáveres Guarani-Kaiowá a presidenta precisa?

Por Renato Santana (*)

As atividades da manhã desta quinta-feira (29) eram distintas. Ocorreriam em plenários diferentes da Câmara dos Deputados, na Esplanada dos Ministérios, Brasília (DF).

Os quilombolas se reuniram com a Comissão de Seguridade Social e Família para debater a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239 – impetrada pela bancada do Democratas (DEM) sobre decreto que regulamenta a demarcação de terras, além da desapropriação de terras para as comunidades. Um grupo de ciganos aguardava. Já os Pataxó Hã-Hã-Hãe estavam com a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Indígenas nas discussões sobre o plano de trabalho dos deputados envolvidos.

Percebeu-se, no entanto, que se tratava de um único grande problema e a manhã terminou com uma reunião unificada entre índios, quilombolas e ciganos. Representantes de uma chamada ‘minoria’ - no Brasil fazem parte, em verdade, de uma maioria seguidamente esmagada pelo capital eclipsado ao projeto desenvolvimentistas do Palácio do Planalto.

Durante esta semana, os grupos estiveram na Capital Federal em luta por seus direitos e terras tradicionais. Encontraram seus anseios unificados na audiência pública sobre o Projeto de Lei (PL) 7447/2010, de autoria do deputado federal Luiz Alberto (PT/BA), onde se estabelecem diretrizes e objetivos para as políticas públicas de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais.

A vice-procuradora da República, Dra. Deborah Duprat, durante as reuniões, frisou a proximidade dos processos que envolvem a nulidade dos títulos dos latifundiários na terra indígena Caramuru – Paraguassu, do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, e da comunidade quilombola de Brejos dos Crioulos. Para ela, mais do que ações pela terra as questões, do ponto de vista judicial, tratam de vidas.

Vidas perdidas a cada dia, a cada semana, a cada mês. Vidas que se perdem na luta pela terra, invadida e vilipendiada pelos invasores e seus grupos de pistoleiros. Mato Grosso do Sul (MS) é, sem dúvida, exemplo macabro do que acontece hoje com os povos de um Brasil profundo, alijados de suas terras tradicionais: conforme levantamento parcial do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dos 38 assassinatos de indígenas ocorridos durante este ano, 27 foram no MS. Ou seja, 71%. Em 2010, 53% dos assassinatos de indígenas ocorreram no Estado.

Teodoro Ricardi, 25 anos, espancado até a morte

Teodoro Ricardi, 25 anos, Guarani-Kaiowá, foi atacado e espancado até a morte na última terça-feira (27), às 19 horas, ao retornar da cidade de Paranhos, Mato Grosso do Sul (MS), para a comunidade de Y’poi. Encontrado pelos familiares, Teodoro foi levado para sua casa no acampamento Y’poi, onde mora com sua esposa e cinco filhos. Faleceu horas depois em decorrência dos ferimentos. Os familiares afirmam que chegaram a tempo de ver os agressores e os reconheceram nos pistoleiros que diariamente fazem cerco a comunidade.

Teodoro Ricardi era primo de Genilvado Vera e Rolindo Vera, professores assassinados em agosto de 2009. O corpo de Genilvado foi encontrado 10 dias depois no riacho Y’poi, com marcas da tortura que sofreu antes ser morto. Já o corpo do professor Rolindo Vera até hoje não foi encontrado.

O processo de demarcação das terras Guarani-Kaiowá no MS está parado numa das mesas da Fundação Nacional do Índio (Funai). Enquanto isso, o presidente do órgão, Márcio Meira, segue apenas se mexendo para atender os planos etnocidas elaborados pelo Palácio do Planalto, tal como assinar pela instalação de usinas hidrelétricas mesmo com laudos técnicos contrários emitidos pela própria Funai.

Luta Pataxó Hã-Hã-Hãe

Saiu da pauta desta semana do Supremo Tribunal Federal (STF), mas poderá voltar nas próximas sessões da Corte. Justamente por isso, os Pataxó Hã-Hã-Hãe seguem mobilizados. O povo pede aos ministros que acompanhem o voto do relator Eros Grau pela nulidade dos títulos imobiliários dos invasores da terra indígena Caramuru – Paraguassu, no sul da Bahia.

Com latifundiários dentro da terra, os indígenas sofrem violências e expulsões seguidas das aldeias. Nestes quase 30 anos de processo, 27 lideranças do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe foram assassinadas e o país assistiu a morte de Galdino, em Brasília (DF), quando foi incendiado por cinco jovens de classe média alta em 20 de abril de 1997.

"Meu irmão morreu assim como muitos outros líderes. Pedimos aos ministros apenas nossas terras para criarmos nossos filhos e netos”, diz Yaranwy Pataxó Hã-Hã-Hãe. A atividade foi ritualística, na base do Toré, ao redor do monumento, e de lá os indígenas seguiram para vigília na porta do STF.

Para o cacique Nailton Pataxó Hã-Hã-Hãe, os ministros precisam se basear no relatório de Eros Grau e "ver que até recentes descobertas arqueológicas de cemitérios indígenas atestam que habitamos aquelas terras tradicionalmente”, afirma. "Saímos com o compromisso do presidente da Funai (Márcio Meira). Mas sabemos que precisamos nos manter mobilizados”, destaca a cacique Ilza Pataxó Hã-Hã-Hãe.

Outros povos, caso dos Tupinambá da Serra do Padeiro e os Pataxó, ambos da Bahia, também estiveram presentes nos rituais, articulações e manifestos. "Não se trata de apenas um povo, mas de uma luta que unifica todos os indígenas. Nós também lá do extremo sul baiano estamos em luta pela demarcação do nosso território”, destaca o cacique Aruã Pataxó, da Federação Indígena dos Povos Pataxó e Tupinambá.

Arasary Pataxó, cacique da aldeia Jitaú, de Porto Seguro (BA), acredita que apenas a unidade pode fazer frente ao poderio financeiro e político dos invasores dos territórios indígenas.

Renato Santana - Jornalista do Conselho Indigenista Missionário

As Vassouras da Primavera Cidadã

Esta semana em Brasilia acompanhando a comitiva Pataxó Hã-Hã-Hãe na sua árdua batalha pela devolução de suas terras, deparei-me na quarta feira com um monte de vassouras verdes e amarelas enfileiradas em frente ao Congresso Nacional. Os Pataxó Hã-Hã-Hãe me perguntaram o que era aquilo, expliquei para eles que era uma grande mobilização para varrer a corrupção no Brasil, e eles me perguntaram: E este pouquinho de vassoura, dá? 

Neste momento lembrei de um artigo do Padre Alfredinho: "Primavera Cidadã", que nos questiona, se não seria a Marcha Contra a Corrupção mais um desses botões que dão vida nova ao marasmo geral, anunciando o inicio da Primavera? 

Alfredinho vai nos chama atenção que: "É sabido e notório que, de algum tempo para cá, os movimentos e organizações sociais passaram por crises, momentos de apatia, perplexidade,encruzilhadas... Mas o terreno, embora movediço, nunca deixou de ser fértil" .  

Veja o artigo completo: Clique aqui

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Campanha: Luta pela Terra e Vida Pataxó Hã-Hã-Hãe


Excelentíssimo Senhor Ministro,

O drama do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe ganhou repercussão nacional e internacional quando, na madrugada do dia 20 de abril de 1997, o índio Galdino Jesus dos Santos, que dormia num ponto de ônibus no centro de Brasília, teve seu corpo incendiado por cinco jovens da classe-média brasiliense. Galdino buscava em Brasília apoio para as reivindicações de recuperação do seu território tradicional, a Terra Indígena Caramuru – Catarina Paraguassú, no sul da Bahia. Galdino é um dos 30 Pataxó Hã-Hã-Hãe assassinados na luta pela retomada de suas terras.

Está próximo a continuidade do julgamento da ACO 312, ação na qual a Funai pede a nulidade dos títulos de propriedade de não-índios sobrepostos à Reserva Indígena, demarcada em 1938. A maioria desses títulos foi concedida pelo estado da Bahia durante a gestão de Antonio Carlos Magalhães, nos anos 70.

Por uma questão de Justiça solicito vossa especial atenção para a efetivação dos direitos do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, garantindo a integridade de suas terras tradicionais e pondo termo ao lamentável histórico de violências e massacres que este povo vem sofrendo desde os primeiros contatos com a sociedade não-indígena. 



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Preocupação com o Meio Ambiente

"Na fila do supermercado a caixa diz para uma senhora idosa que deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não eram amigáveis ao meio ambiente. A senhora pediu desculpas e disse: “Não havia essa onda verde no meu tempo.”

A caixa respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente. "

"Você está certo", responde a velha senhora, nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente.

Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Usávamos navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou de ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

sábado, 24 de setembro de 2011

"Cuide bem do seu amor, seja ele quem for."

Existe nos dias de hoje uma grande discussão em torno dos problemas relacionados com o Meio Ambiente e também com a Juventude. O CCP sempre procurou pautar estas questões como muito importantes tanto nas suas reflexões como nas suas ações. Ontem me veio a mente duas questões a primeira dela me surgiu através de uma pergunta, que a foi à vencedora em um congresso sobre vida sustentável.

“Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”

Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive... Vamos pensar e concretizar mais esta realidade?

A outra questão me veio a mente na leitura da poesia de Hebert Viana, que por si só já nos diz muito e nos convoca a uma ação mais contundente:


Cirurgia de lipoaspiração.

por Herbert Vianna


Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos "lipo-as e muito mais piração?"

Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.

Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.

Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.

A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?

A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.

Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal mas...

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, e não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.

Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.


"Cuide bem do seu amor, seja ele quem for."

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O CCP e o estudo da Ética

O Conselho de Cidadania Permanente realizou mais uma reunião de estudo, tendo desta vez a contribuição da excelente Marilena Chauí, filósofa, historiadora, professora de Filosofia Política e História da Filosofia Moderna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Ele abordou o tema Ética e Política.

Ela destacou em sua fala que a Política foi uma coisa inventada pelos gregos. Isto não quer dizer que antes dos gregos, antes dos romanos não houvesse o exercício do poder, não houvesse governo, não houvesse autoridade.

O cristianismo vai criar um problema no campo da Política. Por que? Porque se para os antigos era no espaço público que a Ética melhor se realizava, no momento em que com o Cristianismo o espaço público é recusado em nome do espaço privado, do recinto, do coração e da consciência, o que acontece? O que acontece no momento em que surgem as autoridades cristãs? Ou seja, como é que vai haver um espaço público cristão? Já que a autoridade e a Ética são pensadas de maneira privada?

Veja aqui a reflexão completa da professora Marilena: Clique aqui 

Para a nossa próxima reunião daremos continuidade ao reflexão do tema Ética, trazendo outro pensador brasileiro para nos ajudar na reflexão. Estamos também programando entre as nossas atividades externas, um seminário que esperamos poder contar com a contribuição do professor Samuel Macedo para junto com a sociedade regional refletirmos sobre este importante e urgentíssimo tema da Ética. Em breve estaremos divulgado a data e o local do seminário.

Temos ainda programado para este segundo semestre a participação do CCP nos diversos mutirões que ocorrem na cidade, bem como uma atividade envolvendo os idosos, pastorais sociais e Defensoria Pública do Estado.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

TODOS JUNTOS CONTRA A CORRUPÇÃO

Voluntários da organização não governamental (ONG) "Rio de Paz" fincaram, na madrugada desta segunda-feira (19/09), 594 vassouras pintadas de verde e amarelo nas areias da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O ato representa um protesto contra a corrupção no país. De acordo com a ONG, cada vassoura corresponde a um congressista – 513 deputados federais e 81 senadores.

O grupo também estendeu uma faixa com a inscrição “Congresso Nacional, ajude a varrer a corrupção do Brasil”. Segundo o líder do movimento, Antonio Carlos Costa, a ideia é conscientizar a população para cobrar mais transparência na utilização do dinheiro público, já que os desvios desses recursos são responsáveis pela morte de muitos brasileiros. Esta manifestação foi uma prévia para a passeata denominada “Todos juntos contra a corrupção”, manifestação deverão ocorrer em vários cantos do Brasil. No Rio o local escolhido para a concentração é a Cinelândia no centro do Rio. Na rede social Facebook, mas de 300 mil pessoas já havia confirmado presença.

Um grupo de jovens convoca, via redes sociais, a marcha na capital baiana.

Em Salvador, a passeata acontecerá hoje no mesmo horário, no Campo Grande. O movimento anticorrupção, semelhante aos organizado no Rio de Janeiro, também foi convocado pela rede social Fecebook. A caminhada deverá sair do campo Grande por volta das 17:00h de hoje e já conta com a confirmação de presença de mais de 500 pessoas. O convite no Facebook diz que é o objetivo é educar os jovens que ser honesto vale muito a pena. Para sexta feira dia 22, está prevista outra manifestação na Praça Municipal.

Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, afirma: “Nós precisamos inaugurar uma nova fase no nosso país, marcada por um controle social maior das ações do Legislativo e do Executivo, porque hoje esse controle está sendo mediado apenas pelos partidos políticos, que se reúnem e tomam suas decisões, enquanto o povo observa de braços cruzados. É um movimento pacífico para mobilizar a população até vermos essa quantidade absurda de dinheiro [arrecadada pelos cofres públicos] ser canalizada para as obras de infraestrutura, escolas, assistência médica, entre outros”.  “A sociedade precisa exercer um controle maior sobre a atuação dos parlamentares. Tem que haver mais transparência. É necessário um acompnahamento de como são feitas as nomeações para importantes cargos públicos".

Podemos e devemos também fazer a nossa parte, além de divulgar, e participarmos destas estas ações no combate a corrupção, é preciso analisar com bastante cuidado os políticos que estamos escolhendo para nos representar. Não esqueçamos que o ano que vem, é um ano eleitoral, nada melhor para varrer a corrupção que ecolhas conscientes e a posterior fiscalização do seu escolhido

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Rio Colônia e os Pataxó Hã-Hã-Hãe na luta pela sobrevivência

Há muitos anos a comunidade Indígena Pataxó Hã-Hã-Hãe da Aldeia Bahetá, localizada no município de Itajú do Colônia, no sul da Bahia, vem sofrendo com a falta de água potável para o consumo humano. A água do Rio Colônia é utilizada pela comunidade para beber, o que vem causando uma serie de doenças, é utilizada também para lavar roupas, para cozinhar e tomar banho. O Rio Colônia nasce na Serra de Ouricana no município de Itororó, passa por diversos municípios e fazendas se encontra com o Rio Salgado até formarem Rio Cachoeira, que corta o municpio de Itabuna que vai deságua no Oceano Atlântico em Ilhéus.

Neste percurso, principalmente nos municípios vários esgotos despejam seus dejetos sem nenhum tratamento, nas fazendas são os agrotóxicos que agridem o já combalido Rio, alem é claro do intenso desmatamento provocado as suas margens e na sua nascente.

A Comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãe sempre sobreviveram da vida do Colônia, através da pesca, e do uso limpo de suas águas, lembram com saudade de quando o Rio era um gigante de águas caudalosas que “ninguém conseguia atravessá-lo a nado”.

A situação caótica do Rio Colônia aos longos dos anos vem sendo denunciado pelos índios, mas infelizmente sem nenhuma providência. No último dia 15 de setembro de 2011, atendendo a um apelo da comunidade, e uma denuncia protocolada junto ao Ministério Público uma caravana formada pelo Procurador da Republica de Ilhéus, Eduardo El Hage, Antonio Mello, técnico do INEMA, Thiago Edson, Técnico do INEMA, André Nascimento, técnico da EMASA de Itabuna, Sheila Brasileiro da ANAI, Francisco Paes, Coordenador Regional da FUNAI, Jovanildo Vieira dos Santos, Chefe da CTL de Itororó, Wilson de Jesus, Chefe da CTL de Pau Brasil, Luiz Ferreira dos Santos, Cacique da Aldeia Panelão em Camacan e Ilsa Rodrigues Cacique da Aldeia Caramuru em Pau Brasil.

A caravana cumpre uma decisão da Justiça Federal de Ilhéus que enviou as autoridades e técnicos do INEMA e EMASA para averiguar a real a situação da água do rio Colônia consumida pela Comunidade Indígena da Aldeia Bahetá, atendendo assim as denuncias feitas pela comunidade por suas representações da AIHAB – Associação Indígena da Aldeia Bahetá e o Chefe da CTL de Itororó – BA.

Depois de uma reunião na Escola Municipal da Aldeia Bahetá onde foram expostas as várias situações sobre o problema da falta de água potável para o consumo humano das aldeias Bahetá e Caramuru, os técnicos e o Procurador seguiram para o rio Colônia a fins de coletar amostra d’água para analise do processo.

Vale salientar que a luta da comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãe pela salvação do Rio Colônia e a melhoria de suas águas não só beneficiará a comunidade indígena, mas a toda população ribeirinha que também depende do Rio, e ate mesmo a população de Itabuna, que deve luta por melhorias significativas na qualidade dos afluentes do Rio Cachoeira, portanto a luta dos Hã-Hã-Hãe não é só deles, mas de todos nós.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Povos Indígenas feridos de morte

O texto de Marina Silva, publicado no jornal Folha de São Paulo, em 16/setembro/2011, no endereço: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1609201106.htm. Onde ela escreve todas as sextas feiras. Nos dá a clara postura do governo brasileiro em relação aos povos indígena. O texto faz referência a um povo em especial, mas em nada diferencia da relação do governo com o restante dos povos indígenas no Brasil.



Feridos de morte
                                 Marina da Silva


Ônibus escolar lotado de crianças e adolescentes é atacado com coquetel molotov.

Idoso de 72 anos morre após receber golpes na cabeça e os agressores são absolvidos de homicídio. Criança de 9 anos comete suicídio. Outra, de apenas três, morre em consequência de desnutrição -no país que é um dos celeiros do mundo- e a atenção médica só chega na hora da morte.

Homens armados atacam 125 famílias, queimam suas casas feitas de lona e ferem-nos gravemente. Este último caso, longe de ser o primeiro, mas ocorrido no início deste mês, está sendo tratado pelo Ministério Público Federal como um genocídio.

Tudo isso aconteceu num único Estado, Mato Grosso do Sul. E todas as vítimas da violência foram índios da etnia guarani-kaiowá.

Eis a terrível rotina de desespero e impotência sofrida por essa população, em total abandono em pleno coração do Brasil. Se fatos como os relatados tivessem acontecido com não índios, provocariam comoção nacional, chegariam ao Congresso e gerariam algum plano governamental de urgência. Mas as vítimas em questão não têm vez nem voz, não geram muitos votos.

São só índios, como muitos brasileiros ainda os veem.

Suas desgraças chegaram a virar notícia em alguns jornais. Mas logo foram esquecidas.

A trágica realidade dos guarani-kaiowá tem piorado, até porque é tratada com incrível distanciamento pelos governos e pela sociedade. Centenas vivem em verdadeiros campos de refugiados, em reservas pequenas demais para o tamanho de sua população.

Outras centenas, entre as cercas das fazendas e à beira das estradas, vistos como resquícios indesejados de um Brasil do passado. São tratados como estrangeiros, num verdadeiro apartheid social.

Relatório da Survival Internacional para o Comitê para Eliminação da Discriminação Racial da ONU 2010, com dados de 2005, aponta que 90% deles sobrevivem com cestas básicas. A expectativa de vida é de cerca de 45 anos e o índice de suicício entre eles é 19 vezes mais alto que o nacional.
Os indígenas não estão sendo beneficiados pelo impressionante desenvolvimento do país. A eles deve ser estendido o mesmo empenho que retirou tantos milhões de brasileiros da miséria. E como?
Fazendo-os abandonar sua condição de indígenas? Não. Provendo-lhes terras e condições para suprir sua própria cultura e existência. Terras, há. Riqueza, também. Governo suficientemente capaz, também. O que falta? Empenho? Convicção?

Falta sentido de urgência, compromisso ético e político para estender a eles os clamores por direitos humanos? Ficará vivo algum dos guarani-kaiowá para testemunhar o Brasil potência que se erguerá sobre o fim do seu mundo?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Divulgada carta e documento pelos atingidos por eventos climáticos extremos .

Os participantes do Seminário Nacional de Atingidos por eventos climáticos extremos, que se reuniram em Brasília nos dias 10 a 12, divulgaram a carta final do encontro destinada à sociedade brasileira e o documento ao Governo brasileiro. Nos dois textos, o grupo relata as discussões realizadas no encontro, seus anseios por iniciativas que lhes protejam das consequências dos desastres climáticos, desafios e propostas a serem implementadas.


A carta relata as discussões travadas no encontro: “Foram enchentes, deslizamentos de terra, tornados, chuvas de granizo, trombas d’água, mudança das marés, assoreamento de rios” e cobra do Governo iniciativas proativas em defesa da vida das pessoas. “Nas áreas vulneráveis os governos tratam a questão com descaso. As políticas de defesa civil não são implementadas, os sistemas de alerta de desastres não funcionam, os governantes usam de forma demagógica o sofrimento das pessoas, e quando os desastres acontecem, a maior parte dos recursos públicos enviados para as comunidades não chegam aos necessitados”, sublinha um trecho do texto.
 
 O documento, por sua vez, está dividido em A Realidade, onde apresenta as problemáticas da degradação ambiental e suas consequências sobre os seres vivos e sobre a terra; Desafios, onde discorre sobre urgências das populações atingidas, necessidade de informação e formação junto às comunidades, garantias de ajudas aos atingidos, e por último, Propostas. Nesse tópico o grupo se preocupou em olhar para o futuro e, a partir das necessidades implementar políticas públicas de educação ambiental, cobrar do poder público responsabilidades em relação às áreas de risco de desastres socioambientais, entre outros.


O Seminário Nacional de Atingidos por eventos climáticos extremos foi promovido pelo Fórum Mudanças Climáticas. Aconteceu no Instituto São Boaventura, em Brasília, e reuniu 50 pessoas.

Leia documento e carta clicando aqui.  

Fonte: CNBB


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

REFORMA POLITICA - É PRECISO MOBILIZAR A SOCIEDADE



Mas uma vez a sociedade brasileira precisa se manifestar, agora sobre a Proposta do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral - MCCE e da Plataforma pela Reforma do Sistema Político a mais um projeto de iniciativa popular, semelhante ao da Ficha Limpa. A ideia é debater a reforma do sistema político com a população, para que em 2014 as eleições contem com nova regulamentação.

Não creio que desta vez seja diferente. A única possibilidade de mudanças é uma participação maior da sociedade, através de distintas organizações. Nesse sentido é importante destacar a iniciativa de cerca de 60 entidades, como a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, OAB, ABI, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), entre outras, que em agosto de 2011, iniciaram uma campanha de coleta de assinaturas para a apresentação de uma proposta de iniciativa popular para promover a reforma política.

Para que a proposição inicie a tramitação é necessário ao menos um milhão de assinaturas em pelo menos cinco estados, de maneira que 1% do eleitorado nacional (com a exigência de 0,3% dos eleitores de cada estado), no mínimo, dele participe. É um enorme desafio, mas, como exemplificou a Lei da Ficha Limpa, possível e apresenta propostas inovadoras como à criação do "veto popular", por meio do qual se poderia contestar uma lei aprovada no Congresso (submetido a referendo); fim das votações secretas no Poder Legislativo e a imunidade parlamentar (exceção dos casos de liberdade de manifestação ideológica ou pronunciamento de denúncia), assim como o foro privilegiado (julgamento apenas no Supremo Tribunal Federal) resguardado os casos em que o julgamento se restrinja ao exercício do mandato ou do cargo.

Para a Plataforma dos Movimentos Sociais a questão não se restringe apenas a reforma no sistema eleitoral, mas fundamentalmente o do aperfeiçoamento da democracia representativa. O objetivo é o do fortalecimento da democracia direta, com propostas para que o povo decida através de plebiscito, referendo e iniciativa popular, a democratização da informação e da comunicação e o que chama de "democratização e transparência do Poder Judiciário".

Embora seja fundamental a participação da sociedade civil, é importante destacar que há no congresso, embora em minoria, parlamentares favoráveis a uma ampla reforma política, como os que integram a Frente Parlamentar Mista para Reforma Política com Participação Popular. Presidida por Luiza Erundina (PSB/SP) foi criada em 2007, e ao longo dos últimos quatro anos, contribuiu para que houvesse debates no parlamento, discussão e apresentação de propostas de entidades da sociedade civil, contribuindo inclusive para a aprovação da Lei da Ficha Limpa. No entanto, não conseguiu ter uma atuação permanente, tanto é assim que no dia 23 de março de2011 aFrente Parlamentar foi reinstaurada com solenidade no Congresso e a partir de então tem procurado, dentro de suas possibilidades, aprovar propostas importantes para uma ampla reforma política, encaminhando propostas às comissões, mas, minoritária, não tem conseguido e nem vai conseguir aprovar uma ampla e necessária reforma política, daí a importância fundamental da participação da sociedade. Sem isso, a depender apenas de uma minoria no Congresso, não haverá reforma política nenhuma.



domingo, 11 de setembro de 2011

A BAMIN VOLTA AO ATAQUE

Neste final de semana apareceu nos condomínios e nas vilas das praias do norte, em Ilhéus, um grupo bastante “interessante” para não chamá-los de embusteiros. Todos bem vestidos, com a “farda” da Bamin, com o claro objetivo de “convencer” os moradores desta região a aceitar de novo que o projeto intermodal volte a ser implementado nesta região. Com um discurso bem elaborado, mostrando todas as “vantagens” que este empreendimento realizará, só não prometeram o céu, por enquanto.

Lendo o site do Ação Ilhéus, dá para entender os verdadeiros motivos e as intenções que estão por trás destas visitas.

Texto do site:
“...Agora, equipes formadas por contratados do Governo do Estado da Bahia e da BAMIN, estão visitando as Comunidades, com o objetivo de “preparar” os moradores a estarem na Audiência Pública posicionando-se a favor do projeto. Nas visitas, os “técnicos” informam que todos os impactos serão mitigados e que a saúde da população não será afetada. As cortinas de vento que no primeiro projeto não eram necessárias, pois o pó era pesado e não dispersava, agora informam que serão instaladas para evitar a dispersão do particulado de pó ferro.

Também informam para as populações atingidas pela antiga poligonal que, a título de compensação ambiental, a área será transformada no que já é, ou seja, uma APA! Sendo APA, os moradores poderão continuar onde estão, pois este tipo de Unidade de Conservação permite o uso sustentável.

Preocupante esta informação para as pessoas, já que, de acordo com a Lei do SNUC, as compensações deverão ser feitas em Unidades de Conservação Integral já existente ou criar uma nova. O que fará o Governo com a área desapropriada e paga?

Outras informações são preocupantes e já prenuncio de inverdades, quando afirmam que o Governo vai diminuir a atual poligonal, para evitar conflitos com pequenos agricultores e nenhum Decreto existe para substituir o inicial que torna de utilidade pública uma área de 4.834ha e o EIA está se referindo a esta mesma área”.


No site do Ação Ilhéus, esta mais uma vez explicado o porque das “visitas” e o perigo que elas representam:

“...Mais do que apenas travestido de público, o Porto da BAMIN agora é o Porto Sul. Técnicos da Casa Civil do Governo do Estado da Bahia e da empresa Hydros Engenharia e Planejamento entregaram, nesta quinta-feira (8), durante reunião no Centro de Convenções de Ilhéus, O EIA–Estudos de Impacto Ambiental e o Rima-Relatório de Impacto Ambiental) elaborado para a implantação do Complexo Intermodal Porto Sul.

O chefe de Gabinete do Prefeito de Ilhéus, José Nazal, informou que a partir desta segunda-feira (12), o EIA/Rima estará à disposição de instituições e cidadãos para que possam tomar conhecimento dos estudos efetuados.

O próximo passo, segundo José Nazal é aguardar a publicação do edital para a realização da audiência pública, que deverá ser realizada no dia 29 de outubro. Na reunião, o prefeito em exercício Mário Alexandre, questionou se os estudos contemplavam as questões sociais e econômicas, em virtude do local escolhido ser uma área de pequenos produtores rurais ativos e não poderão sofrer qualquer interrupção nas suas atividades. “Temos que buscar o desenvolvimento, porém devemos preservar as pessoas envolvidas, para que não sofram prejuízos de ordem econômica ou social na rotina de trabalho”, defendeu".

É hora de estudar! Faça download do EIA/RIMA clicando AQUI.




sábado, 10 de setembro de 2011

Caí no mundo e não sei voltar

Eduardo Galeano

O que acontece comigo é que não consigo andar pelo mundo pegando coisas e trocando-as pelo modelo seguinte só por que alguém adicionou uma nova função ou a diminuiu um pouco…Não faz muito, com minha mulher, lavávamos as fraldas dos filhos, pendurávamos na corda junto com outras roupinhas, passávamos, dobrávamos e as preparávamos para que voltassem a serem sujadas.

E eles, nossos nenês, apenas cresceram e tiveram seus próprios filhos se encarregaram de atirar tudo fora, incluindo as fraldas. Se entregaram, inescrupulosamente, às descartáveis!

Sim, já sei. À nossa geração sempre foi difícil jogar fora. Nem os defeituosos conseguíamos descartar! E, assim, andamos pelas ruas, guardando o muco no lenço de tecido, de bolso.

Nããão! Eu não digo que isto era melhor. O que digo é que, em algum momento, me distraí, caí do mundo e, agora, não sei por onde se volta.

O mais provável é que o de agora esteja bem, isto não discuto. O que acontece é que não consigo trocar os aparelhos de som uma vez por ano, o celular a cada três meses ou o monitor do computador por todas as novidades.

Guardo os copos descartáveis! Lavo as luvas de látex que eram para usar uma só vez. Os talheres de plástico convivem com os de aço inoxidável na gaveta dos talheres! É que venho de um tempo em que as coisas eram compradas para toda a vida!

É mais! Se compravam para a vida dos que vinham depois! A gente herdava relógios de parede, jogos de copas, vasilhas e até bacias de louça.

E acontece que em nosso, nem tão longo matrimônio, tivemos mais cozinhas do que as que havia em todo o bairro em minha infância, e trocamos de refrigerador três vezes.

Nos estão incomodando! Eu descobri! Fazem de propósito! Tudo se lasca, se gasta, se oxida, se quebra ou se consome em pouco tempo para que possamos trocar. Nada se arruma. O obsoleto é de fábrica.

Aonde estão os sapateiros fazendo meia-solas dos tênis Nike? Alguém viu algum colchoeiro encordoando colchões, casa por casa? Quem arruma as facas elétricas? o afiador ou o eletricista? Haverá teflon para os funileiros ou assentos de aviões para os talabarteiros?

Tudo se joga fora, tudo se descarta e, entretanto, produzimos mais e mais e mais lixo. Outro dia, li que se produziu mais lixo nos últimos 40 anos que em toda a história da humanidade.

Quem tem menos de 30 anos não vai acreditar: quando eu era pequeno, pela minha casa não passava o caminhão que recolhe o lixo! Eu juro! E tenho menos de … anos! Todos os descartáveis eram orgânicos e iam parar no galinheiro, aos patos ou aos coelhos (e não estou falando do século XVII). Não existia o plástico, nem o nylon. A borracha só víamos nas rodas dos autos e, as que não estavam rodando, as queimávamos na Festa de São João. Os poucos descartáveis que não eram comidos pelos animais, serviam de adubo ou se queimava..

Desse tempo venho eu. E não que tenha sido melhor…. É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com “guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa”, mudar para o “compre e jogue fora que já vem um novo modelo”.

Troca-se de carro a cada três anos, no máximo, por que, caso contrário, és um pobretão. Ainda que o carro que tenhas esteja em bom estado… E precisamos viver endividados, eternamente, para pagar o novo!!! Mas… por amor de Deus!

Minha cabeça não resiste tanto. Agora, meus parentes e os filhos de meus amigos não só trocam de celular uma vez por semana, como, além disto, trocam o número, o endereço eletrônico e, até, o endereço real.

E a mim que me prepararam para viver com o mesmo número, a mesma mulher e o mesmo nome (e vá que era um nome para trocar). Me educaram para guardar tudo. Tuuuudo! O que servia e o que não servia. Por que, algum dia, as coisas poderiam voltar a servir.

Acreditávamos em tudo. Sim, já sei, tivemos um grande problema: nunca nos explicaram que coisas poderiam servir e que coisas não. E no afã de guardar (porque éramos de acreditar), guardávamos até o umbigo de nosso primeiro filho, o dente do segundo, os cadernos do jardim de infância e não sei como não guardamos o primeiro cocô.

Como querem que entenda a essa gente que se descarta de seu celular há poucos meses de o comprar? Será que quando as coisas são conseguidas tão facilmente, não se valorizam e se tornam descartáveis com a mesma facilidade com que foram conseguidas?

Em casa tínhamos um móvel com quatro gavetas. A primeira gaveta era para as toalhas de mesa e os panos de prato, a segunda para os talheres e a terceira e a quarta para tudo o que não fosse toalha ou talheres. E guardávamos…

Como guardávamos!! Tuuuudo!!! Guardávamos as tampinhas dos refrescos!! Como, para quê? Fazíamos limpadores de calçadas, para colocar diante da porta para tirar o barro. Dobradas e enganchadas numa corda, se tornavam cortinas para os bares. Ao fim das aulas, lhes tirávamos a cortiça, as martelávamos e as pregávamos em uma tabuinha para fazer instrumentos para a festa de fim de ano da escola.

Tuuudo guardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar acendedores descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para acendedores descartáveis. E as Gillette até partidas ao meio se transformavam em apontadores por todo o tempo escolar. E nossas gavetas guardavam as chavezinhas das latas de sardinhas ou de corned-beef, na possibilidade de que alguma lata viesse sem sua chave.

E as pilhas! As pilhas dos primeiros rádios Spica passavam do congelador ao telhado da casa. Por que não sabíamos bem se se devia dar calor ou frio para que durassem um pouco mais. Não nos resignávamos que terminasse sua vida útil, não podíamos acreditar que algo vivesse menos que um jasmim. As coisas não eram descartáveis. Eram guardáveis.

Os jornais!!! Serviam para tudo: para servir de forro para as botas de borracha, para por no piso nos dias de chuva e por sobre todas as coisa para enrolar.

Às vezes sabíamos alguma notícia lendo o jornal tirado de um pedaço de carne!!! E guardávamos o papel de alumínio dos chocolates e dos cigarros para fazer guias de enfeites de natal, e as páginas dos almanaques para fazer quadros, e os conta-gotas dos remédios para algum medicamento que não o trouxesse, e os fósforos usados por que podíamos acender uma boca de fogão (Volcán era a marca de um fogão que funcionava com gás de querosene) desde outra que estivesse acesa, e as caixas de sapatos se transformavam nos primeiros álbuns de fotos e os baralhos se reutilizavam, mesmo que faltasse alguma carta, com a inscrição a mão em um valete de espada que dizia “esta é um 4 de copas”.

As gavetas guardavam pedaços esquerdos de prendedores de roupa e o ganchinho de metal. Ao tempo esperavam somente pedaços direitos que esperavam a sua outra metade, para voltar outra vez a ser um prendedor completo.

Eu sei o que nos acontecia: nos custava muito declarar a morte de nossos objetos. Assim como hoje as novas gerações decidem matá-los tão-logo aparentem deixar de ser úteis, aqueles tempos eram de não se declarar nada morto: nem a Walt Disney!!!

E quando nos venderam sorvetes em copinhos, cuja tampa se convertia em base, e nos disseram: Comam o sorvete e depois joguem o copinho fora, nós dizíamos que sim, mas, imagina que a tirávamos fora!!! As colocávamos a viver na estante dos copos e das taças. As latas de ervilhas e de pêssegos se transformavam em vasos e até telefones. As primeiras garrafas de plástico se transformaram em enfeites de duvidosa beleza. As caixas de ovos se converteram em depósitos de aquarelas, as tampas de garrafões em cinzeiros, as primeiras latas de cerveja em porta-lápis e as cortiças esperaram encontrar-se com uma garrafa.

E me mordo para não fazer um paralelo entre os valores que se descartam e os que preservávamos. Ah!!! Não vou fazer!!!

Morro por dizer que hoje não só os eletrodomésticos são descartáveis; também o matrimônio e até a amizade são descartáveis. Mas não cometerei a imprudência de comparar objetos com pessoas.

Me mordo para não falar da identidade que se vai perdendo, da memória coletiva que se vai descartando, do passado efêmero. Não vou fazer.

Não vou misturar os temas, não vou dizer que ao eterno tornaram caduco e ao caduco fizeram eterno.

Não vou dizer que aos velhos se declara a morte apenas começam a falhar em suas funções, que aos cônjuges se trocam por modelos mais novos, que as pessoas a que lhes falta alguma função se discrimina o que se valoriza aos mais bonitos, com brilhos, com brilhantina no cabelo e glamour.

Esta só é uma crônica que fala de fraldas e de celulares. Do contrário, se misturariam as coisas, teria que pensar seriamente em entregar à bruxa, como parte do pagamento de uma senhora com menos quilômetros e alguma função nova. Mas, como sou lento para transitar este mundo da reposição e corro o risco de que a bruxa me ganhe a mão e seja eu o entregue…


Eduardo Galeano é jornalista e escritor uruguaio







sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bela história e boa lição

Conta uma história que um Judeu trabalhava em um frigorifico na Noruega. Certo dia ao terminar sua jornada de trabalho, foi a uma câmara frigorífica para fazer uma inspeção, inexplicavelmente a porta se fechou e o fecho de segurança travou e o trabalhador ficou preso dentro da camara. Bateu na porta com força, gritou por socorro mas ninguém o ouviu, todos já haviam saido para suas casas e era quase impossível que alguém pudesse escutá-lo pois a porta era muito grossa.

Já estava a quase cinco horas preso na câmara e quanto mais o tempo passava mais próximo da morte por congelamento ele estava.

De repente a porta se abriu e o vigia entrou na câmara e resgatou o trabalhador ainda com vida.

Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia, “Porque ele foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho ?.Ele assim o explicou: “trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem aqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim todas as tardes. Todos os demais me tratam como se eu não existisse.

Hoje pela manhã me disse “Bom dia” quando chegou. Eu espero por esse bom dia ou ola, todas as manhãs e por um tchau ou até amanhã, todas as tardes. Entretanto não se despediu de mim, pensei que poderia estar em algum lugar do prédio ou poderia ter-lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei.

A nobreza do gesto e a importância de uma saudação

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O que isso tem a ver com a Evangelização?

Tenho aqui sobre a minha mesa de trabalho um cartaz da festa de padroeira de uma paróquia do Distrito Federal. Sabe-se que é festa de igreja pela manchete e porque nele há a imagem da padroeira. Do contrário seria impossível saber. De fato, o cartaz não fala de nenhum momento evangelizador, de nenhuma celebração litúrgica, mas convida o público para uma grande farra regada com muita bebida e muito barulho de várias bandas de cantores sertanejos. Além do anúncio da farra, das bandas e dos nomes dos patrocinadores, o cartaz traz a informação do preço do bilhete para entrar na farra e a indicação dos locais onde ele pode ser adquirido. Nada contra a cervejinha, pois também gosto de saboreá-la de vez em quando. Nada contra as bandas sertanejas, embora eu prefira escutar sempre a música raiz, tocada por autênticos violeiros caipiras. Mas fiquei me perguntando: o que isso tem a ver com a evangelização?

Chego em casa, depois de um dia de trabalho, e ligo a TV. Começo a mexer nos canais, tentando encontrar alguma coisa pra ver. Deparo-me com um programa católico de TV. O programa se diz voltando para a evangelização do público jovem, mas tem tudo para ser um programa humorístico. De fato, alguns jovens, com cara de quem comeu e não gostou, fazem algumas perguntas e um padre com rosto angelical, de quem não tem sexo, responde às perguntas. Lá pelas tantas, um desses jovens, com cara de mais esperto, pergunta onde encontrar na Bíblia a prova de que não se pode fazer sexo antes do casamento. O padre começa dizendo que, com os jovens, é preciso falar claro e vai direto ao ponto: "No livro do Gênesis, na primeira página da Bíblia, pois lá está escrito: ‘por isso o homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne’”. Gostei do programa "humorista”, pois dei uma boa gargalhada. Mas depois fiquei sério e me perguntei: isso é evangelização?

Continuei a mexer nos canais e, de repente numa outra TV católica estava acontecendo um debate sobre o celibato. Respondia um padre solenemente empacotado pelas vestes clericais. De repente o apresentador faz uma "provocação” ao entrevistado: "o padre não casa, não tem mulher, não tem filhos. No final do dia, depois que todo mundo vai embora da igreja, ele não sente solidão?” O padre entrevistado, com ares de quem pensa que todo mundo é bobo, responde com uma grande asneira (lembro que asneira vem de "asno”!): "Não, eu não sinto solidão, eu sinto soledade. Soledade é viver com Jesus e quem está com Jesus não está sozinho. Não tem a Nossa Senhora da Soledade? Pois é, eu não sinto solidão, mas soledade”. Dei uma baita de uma gargalhada. Sem querer, estava novamente assistindo a um programa televisivo de humor. Mas, cansado por causa do dia de trabalho, fui pra cama com a pergunta: por acaso isso é evangelização? Porém, antes de dormir, passei pelo meu escritório e pequei um dicionário para ver o que significava a palavra soledade. Estava escrito: "soledade, o mesmo que solidão”. Dei outra risada bem gostosa. Minha mulher, lá do nosso quarto, escutou e ficou curiosa, querendo saber por que eu estava dando tantas risadas gostosas. Quanto lhe contei os episódios, caímos os dois numa gostosa gargalhada. Mas a pergunta ficou no ar.

Sabemos que o verbo evangelizar (euangelizesthai), e o substantivo evangelho (euaggelion), desde os tempos áureos da antiga Grécia, significam literalmente anúncio de uma boa notícia. Estes termos estão na raiz da palavra evangelização. Em Israel o correspondente hebraico do verbo e do substantivo grego também tem o mesmo significado: anúncio de uma boa e confortante notícia. Os termos eram usados de modo especial para falar da alegre notícia da salvação e da libertação trazidas por Javé. "Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa notícia, que anuncia a salvação, que diz a Sião ‘Seu Deus reina’” (Is 52,7).

Com a chegada de Jesus os termos evangelizar, evangelho e evangelização ganham uma conotação especial. Permanecem significando anúncio de uma boa notícia, mas acrescidos de um detalhe importante: boa notícia para os pobres e oprimidos. "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19). É claro que Jesus, citando Isaías, não inventa a evangelização dos pobres, mas, segundo Lucas, torna-a programa oficial da sua missão e, de consequência, da missão dos cristãos e das cristãs.

Desde o Concílio Vaticano II não se tem feito outra coisa a não ser proclamar solenemente que a missão da Igreja é evangelizar. Mas, quase cinquenta anos depois, chego à conclusão de que boa parte da Igreja, senão toda ela, não sabe e não quer evangelizar. Os exemplos acima, que podem ser multiplicados aos milhares, revelam isso com clareza. Onde está a boa notícia para os pobres, para os oprimidos, para os sofridos? Para que servem as festas de padroeiro e os programas televisivos católicos? De que forma os pobres, as vítimas da opressão, os oprimidos estão sendo evangelizados?

Se aquela festa, anunciada pelo cartaz da paróquia, fosse em benefício dos pobres, não restaria dúvida de que seria uma verdadeira festa evangelizadora, mesmo que a base de muita cerveja e de bandas sertanejas. Dois meses atrás, participei de uma festa junina aqui no Distrito Federal, promovida pelos espíritas em favor de uma casa para idosos. Na festa não tinha bebida alcoólica, por uma opção da direção da instituição, mas tinha todas as outras bebidas e comidas típicas do São João. O diretor, que também é meu colega de trabalho, me disse que este abrigo para idosos é mantido pelo trabalho de voluntários, pelas doações das pessoas, por esta festa junina e por outra que é realizada por ocasião do Natal. E quem visita o abrigo sabe como os velhinhos são bem cuidados.

Portanto, não há mais evangelização em nossos dias, exceto em determinadas ocasiões e lugares. A Igreja perdeu definitivamente o rumo e não consegue levar boa notícia a ninguém, particularmente aos destinatários escolhidos por Jesus em seu pronunciamento na sinagoga de Nazaré.

O que se vê hoje são verdadeiros espetáculos de puro exibicionismo, voltados para a alimentação da egolatria de certos dirigentes e lideranças. As festas paroquiais estão destinadas ao lucro, a arrecadação de dinheiro para o sustento da "pastoral de manutenção” e para manter o luxo e a ostentação de certas lideranças, particularmente de padres e bispos que vivem às custas dos pobres, com a desculpa de que estão evangelizando. Poucos dias atrás me encontrei com um grupo de uma determinada paróquia de um bairro pobre do Distrito Federal. As pessoas se queixavam das constantes viagens do pároco à Terra Santa e Europa, deixando a paróquia no abandono, enquanto continua extorquindo dinheiro do povo pobre para custear suas peregrinações.

Tem razão Paulo Suess quando recentemente perguntou: "Quo vadis ecclesia? Para onde vais, Igreja?”. Ele mesmo sugere a resposta: "Estou indo por aí”. E eu, parafraseando o Cardeal Newman, acrescento: "como uma tonta”.

José Lisboa Moreira de Oliveira


Filósofo. Doutor em teologia. Ex-assessor do Setor Vocações e Ministérios/CNBB. Ex-Presidente do Inst. de Past. Vocacional. É gestor e professor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PAI NOSSO DOS EXCLUÍDOS

Pai Nosso que estais na estrada, na rua, na favela, debaixo dos viadutos,

desempregado, sem terra, sem esperança, sem dignidade, sem chance…

Santificado seja o teu sangue, a tua luta, a tua vida…

Venha a nós o teu calor, a tua sensibilidade e a tua misericórdia…

Seja compreendida e aceita a tua presença hoje, amanhã, em toda hora e lugar!

Porque és o Deus dos pobres, dos pequenos, dos desvalidos,

dos esquecidos, dos violentados e excluídos…

O Deus que mora nos outros e em cada um(a) de nós.

Que está na roça e na cidade,

no céu e na terra onde tudo isso acontece.

O pão nosso de cada dia, o qual nem sempre chega em todas as mesas,

ainda que assim rezemos sem cessar.

Dá-nos continuamente o pão da igualdade, da autonomia,

da fraternidade e da cidadania, a nós e a todos os que têm fome dele.

Perdoa-nos… Mas, de que Senhor Deus?

De muitas coisas que fizemos quando não deveríamos fazer

ou que não fizemos quando deveríamos ter feito.

Perdoa-nos por não termos ajudado, por não termos partilhado,

por não termos praticado a justiça,

por não termos aberto a nossa mão, o nosso coração

e os nossos braços para acolher, para perdoar, para servir

tal como teu Filho fez e ensinou.

Perdoa-nos assim como nós perdoamos.

Mas, nós perdoamos a quem mesmo? Somos capazes de perdoar de verdade?

Perdoa principalmente, ó Pai, a nossa indiferença

diante da dor e do sofrimento dos outros.

Não nos deixes cair nas tentações da hipocrisia, da incoerência,

da falta de fé, de esperança e de solidariedade.

Livra nossos irmãos da humilhação de terem a rua como morada,

de andarem sem eira nem beira, de serem mortos em série e estupidamente.

Livra-nos dos nossos fracassos como cristãos,

como militantes, como homens e mulheres que buscam a nova terra

e o novo céu, onde queremos um dia chegar.

Pois tudo é teu: o Reino, o pão, o poder, a glória… a vida e a vitória para sempre, quando todos haveremos de ressuscitar da noite escura e da rua sem saída.



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Bispo de Ilhéus convoca a participação no Grito dos Excluídos 2011

“Pela vida grita a Terra... Por direitos, todos nós!” É sob esse lema que movimentos sociais e pastorais sociais da Igreja Católica estão se articulando para 17ª edição do Grito dos Excluídos. A mobilização, que acontece desde 1995 durante a Semana da Pátria, chama a população ao denunciar as exclusões e a lutar por seus direitos.

A cada ano, o Grito dos Excluídos se consolida não como um evento pontual do dia 7 de setembro, mas como um processo. O Grito é um "espaço de formação e informação”. Para isso, promove debates e discussões antes, durante e depois da Semana da Pátria.

O lema Pela vida grita a Terra... Por direitos, todos nós! chama atenção para a discussão tanto sobre o meio ambiente, ameaçado pelo modelo desenvolvimentista e pelas grandes obras, quanto sobre os direitos. É importante lembrar que saúde, educação, moradia são direitos básicos previstos na Constituição.

É importante que a população se articule e reivindique seus direitos e participe mais nos debates. Ou a sociedade se organiza ou os direitos não vão acontecer.

Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos já faz parte do calendário nacional de ações realizadas durante o dia 7 de setembro. A mobilização conseguiu mudar a ideia de Semana da Pátria e questionar sobre o Dia da Independência. Mesmo quem não concorda, sabe que existe uma atividade diferente das marchas oficiais.

Na Diocese de Ilhéus o Grito dos Excluídos está na sua 16ª edição. Sairemos pela Avenida Soares Lopes, em seguida ao desfile oficial de 7 de setembro.

Entraremos unidos na avenida, gritando forte por todas as dívidas sociais. Assim o nosso grito será ecoado e com certeza conseguiremos angariar alguns dos nossos pedidos. Nós não podemos perder nunca a esperança e a possibilidade de se manifestar.

O Grito dos Excluídos tem como finalidade anunciar, em diferentes espaços e manifestações populares, sinais de esperança com a perspectiva de transformação através da unidade, da organização e das lutas populares; e denunciar todas as formas de injustiças promovidas pelo sistema capitalista implantado em nosso país, e que causa a destruição e a precarização da vida das pessoas e do planeta. Então, Pela vida grita a TERRA... Por direitos todos Nós!

É muito importante a união dos movimentos sociais, sindicais e a Igreja. Nós iremos gritar em favor da vida. Todos juntos anunciando a cultura da esperança e a possibilidade de uma mobilização que denuncia toda a injustiça contra a vida, contra a pessoa humana, em especial contra os grupos mais oprimidos da sociedade. Juntos somos mais.

Impulsionados pela palavra de Jesus, “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), e iluminados pelo Espírito Santo, pedimos ao Deus da Vida, que nos irmana no amor, nos dê amar o que ele ordena e esperar o que promete, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.





Dom Mauro Montagnoli

Bispo Diocesano de Ilhéus

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

TRAVESSIA, PASSO A PASSO, O CAMINHO SE FAZ

“Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”, com essa frase, de São Jerônimo, que a Igreja celebra, nesse mês de setembro, o Mês da Bíblia. Neste ano, o estudo proposto pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), será o Livro do Êxodo, capítulos 15,22 a 18,27, que é conhecido como o “Livro da Travessia”.

O Mês da Bíblia tem como tema “Travessia, passo a passo, o caminho se faz”, e o lema “Aproximai-vos do Senhor”.

Essa travessia segue o roteiro apresentado em Ex 15,22-18,27. A escolha se justifica, pois o êxodo e a caminhada são realidades vividas no dia a dia do povo de Deus. Também nós estamos em contínuo movimento de vencer etapas e realizar projetos. “Não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14). Assim como o povo de Deus pode declarar: “o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido” (Dt 26,8), também nós temos certeza de que o Senhor está conosco. Para viver o projeto de povo libertado, a comunidade dos filhos de Israel enfrentou desafios: falta de água saudável, falta de alimento, falta de organização, ameaça de inimigos. Teve momentos de crise, muita murmuração, dúvidas e até revolta contra Deus. No entanto, em cada etapa, soube enfrentar os problemas, passo a passo, sem deixar de avançar em busca da terra da promessa.

O presidente da Comissão para a Animação Bíblico-catequética e arcebispo de Pelotas (RS), dom Jacinto Bergmann, escreveu uma mensagem para toda a comunidade cristã que celebra o Mês da Bíblia.

Dom Jacinto pede que todos procurem viver intensamente o esse mês, em todas as comunidades cristãs espalhadas pelo território nacional. “Que bom que temos um Subsídio elaborado pela Comissão para a Animação Bíblico-catequética, que, usado em nossos Grupos Bíblicos, nos ajudará a conhecer e interpretar, a comungar e orar, a evangelizar e proclamar a Palavra de Deus e assim caminharmos sempre mais para uma verdadeira animação bíblica da pastoral, formando entusiastas discípulos missionários de Jesus Cristo”, destacou.

O Subsídio

O Subsídio apresenta vários textos para estudo, reflexão, oração e prática para o Mês da Bíblia de 2011. Não pretende dizer tudo, mas apontar pistas para o trabalho individual e comunitário. Foi pensado como material de apoio, isto é, traz elementos informativos a serem desenvolvidos posteriormente e indica também roteiros práticos, que podem orientar grupos de reflexão e leitura orante sobre o assunto.

Leia abaixo a íntegra da mensagem de dom Jacinto Bergmann, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB.


Mês da Bíblia

Mês de Setembro para a nossa Igreja no Brasil já é, por uma bonita tradição, sinônimo de MÊS DA BÍBLIA. O grande São Jerônimo, presbítero e doutor, cuja memória celebramos no final do mês de setembro, dia 30, nos motivou desde o início e motiva ainda hoje para a dedicação do mês de setembro inteiro para ser o da Bíblia. Sabemos da importância do trabalho bíblico de São Jerônimo realizando a tradução da Vulgata; e sua frase é emblemática: “Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”.

Também já é uma bonita tradição, a CNBB, através da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, oferecer um tema para o Mês da Bíblia para o estudo, a reflexão, a oração e a vivência da Palavra de Deus. O tema pode girar ou em torno de trechos bíblicos, ou de um Livro bíblico, ou até de um conjunto de Livros bíblicos. A escolha do tema para o Mês da Bíblia deste ano de 2011, concentrou-se no trecho do Livro do Êxodo, capítulos 15,22 a 18,27, que é conhecido como o “Livro da Travessia”. É necessário olharmos as etapas da travessia desértica do Povo de Deus, saindo do Egito e buscando a Terra Prometida: as dificuldades enfrentadas pelo Povo de Deus, tanto os problemas da natureza, quanto os desafios oriundos pela convivência humana, criaram a necesidade de enraizar e vivenciar a fé, a esperança e o amor em Deus. Queremos aprender com o Povo de Deus a realizarmos a nossa travessia de discipulado e missão. Eis, pois, o tema tão propício para o Mês da Bíblia de 2011: “Travessia, passo a passo, o caminho se faz”. Mas, o fundamental em tudo isso, é estar próximo ao Senhor Deus. Assim, do capítulo 16, versículo 9, é tirado também o lema: “Aproximai-vos do Senhor”.

Vamos viver intensamente o Mês da Bíblia em todas as nossas comunidades cristãs espalhadas pelo território nacional. Que bom que temos um Subsídio elaborado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, que, usado em nossos Grupos Bíblicos, nos ajudará a conhecer e interpretar, a comungar e orar, a evangelizar e proclamar a Palavra de Deus e assim caminharmos sempre mais para uma verdadeira ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL, formando entusiastas discípulos missionários de Jesus Cristo.



Dom Jacinto Bergmann,
Arcebispo de Pelotas e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB