quinta-feira, 25 de agosto de 2011

II Jornada de Lutas pela Reforma Agrária

Desde segunda-feira (22/8) os movimentos que integram a Via Campesina estão acampados em Brasília com quatro mil trabalhadores e trabalhadoras rurais, Indígenas, Quilombolas, Estudantes, Sindicalistas de 23 estados e do Distrito Federal, em um grande Acampamento por Reforma Agrária nos arredores do Ginásio Nilson Nelson.

Do sul da Bahia, estão presentes além de trabalhadoras e trabalhadores ligados aos movimentos do campo, uma significativa delegação dos Pataxó Hã-Hã-Hãe que vieram reinvidicar a devolução de suas terras, invadidas e ocupadas há mais de trinta anos.

Ao mesmo tempo que realizamos as atividades da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, que acontece em todo o Brasil, o movimento popular vem se manifestando, foram realizados até agora protestos em 17 estados e em Brasília,

As principais pautas trabalhadas pelo Movimento referem-se à questão das dívidas dos pequenos agricultores, cujo valor chega a R$ 30 bilhões, de acordo com o Ministério da Fazenda, e o contingenciamento do orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Os R$ 530 milhões destinados para promover desapropriações de terras para este ano já foram totalmente executados. O cenário para 2012 é ainda pior: está previsto um corte de R$ 65 milhões, segundo dados do próprio Incra, com o orçamento despencando para R$ 465 milhões.

Abaixo, um balanço das manifestações.

Alagoas

Mais de 2.000 trabalhadores do campo foram mobilizados. Houve ocupação do Complexo da Companhia Hidrelétrica do São Francisco, em Paulo Afonso (BA) e a sede da Eletrobrás Distribuição Alagoas, em Maceió. No início da tarde, mais duas ocupações foram realizadas: superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na praça Sinimbu e a Secretaria do Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário de Alagoas (Seagri).

Bahia

Cerca de 400 pessoas realizam um acampamento em frente à Universidade do Vale do São Francisco, na cidade de Juazeiro. Os manifestantes pretendem debater o problema das barragens, o combate ao uso de agrotóxicos, o incentivo à agroecologia e o endividamento dos agricultores. As linhas de crédito para o agronegócio comprometem a produção de alimentos. Cerca de 80% dos agricultores da região estão com altas dívidas, que os impede de acessar novos créditos. A dívida em todo o Brasil chega a R$ 30 bilhões.

Brasília

Os 4.000 agricultores, os índigenas, os estudantes que estão no Acampamento Nacional da Via Campesina desde segunda-feira ocuparam o Ministério da Fazenda na manhã desta terça-feira (23/08). A desocupação veio logo após o agendamento da reunião no Palácio do Planalto.

Ceará

Mais de 1000 trabalhadoras e trabalhadores de diversos municípios cearenses ocuparam a sede nacional do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS), em Fortaleza, nesta terça-feira (23/8). Os movimentos exigem a proibição da pulverização aérea de agrotóxicos na Chapada do Apodi, na divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte. A sede da Caixa Econômica Federal, em Fortaleza, também foi ocupada 800 trabalhadores da Assembléia Popular.

Espírito Santo

Cerca de 400 trabalhadores e trabalhadoras do campo, de diversos municípios capixaba ocuparam na manhã de segunda-feira (22/8) a Superintendência Regional do Incra, em Vila Velha.

Mato Grosso

A Via Campesina organiza em Cuiabá, no Mato Grosso, um acampamento em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com 150 trabalhadores rurais, a partir de segunda-feira, para cobrar a realização da Reforma Agrária. "Sem a realização da Reforma Agrária e sem aumento considerável de recursos financeiros no Incra, o plano de acabar com a miséria será apenas um discurso de campanha", afirma o integrante da Direção Nacional do MST, Antonio Carneiro.

Mato Grosso do Sul

Cerca 300 trabalhadores rurais ocuparam o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforça Agrária (Incra) de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, na manhã desta segunda-feira (22/8). A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também participa da mobilização. A sede do Incra no município de Dourados também foi ocupada por 350 camponeses. “Nós precisamos que o Incra seja reestruturado. Caso contrário, a Reforma Agrária não poderá caminhar nem sair do papel”, desabafou Valdirene Oliveira, integrante da Coordenação Estadual do Mato Grosso do Sul.

Minas Gerais

Cerca de 350 integrantes da Via Campesina ocuparam a sede da Superintendência Regional do Incra, em Belo Horizonte, em Minas Gerais. Dentre as reivindicações estão questões relacionadas à obtenção de terras para assentamento das famílias acampadas, o desenvolvimento dos assentamentos e o reassentamento das famílias atingidas por barragens sem terra.

Pará

Famílias organizadas pelo MST ocuparam quatro fazendas na região sudeste do Pará. A Fazenda Pequizeiro localizada no município de Marabá, foi reocupada por 154 famílias do Acampamento Darci Ribeiro.

A Fazenda Calmer, localizada no município de Tucumã, foi ocupada por 58 famílias de trabalhadores rurais Sem Terra. Essa fazenda faz parte do patrimônio construído pelo narcotraficante Fernandinho Beira Mar, que foi adquirida pelo dinheiro da comercialização de drogas.

A terceira fazenda ocupada foi a Nova Era, localizada no município de Eldorado do Carajás, por 150 famílias Sem Terra. Foi ocupada também uma fazenda que fica no município de Ipixuna.

Cerca de 700 pessoas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estão nesta manhã (23) marchando em direção à barragem de Tucuruí, no Pará, para cobrar os acordos firmados ainda em 2005, mas que até agora não foram cumpridos pela empresa que administra a barragem, a Eletronorte.

Os atingidos pela barragem de Belo Monte estão acampados desde ontem próximos a Universidade Federal do Pará (UFPA). Os participantes do acampamento são moradores da periferia da cidade de Altamira que será encoberta pelas águas da barragem e moradores das ocupações urbanas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Desempregados.

Paraíba

Nesta terça-feira, organizações sociais do campo e da cidade mobilizaram cerca 500 pessoas na capital paraibana, João Pessoa. Foi realizado um ato em frente ao Incra e à tarde se manifestaram em frente à Energisa, a distribuidora de energia do estado, para denunciar o aumento nas contas de energia imposto pela distribuidora, que esse ano será de 8,06% para os consumidores residenciais. A aprovação desse reajuste foi dada pela Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta manhã.

Paraná

Foram realizados atos políticos e audiências públicas em prefeituras, agências do Banco do Brasil, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e em secretarias em Curitiba, Londrina, Maringá, Laranjeiras do Sul, e Francisco Beltrão.

Pernambuco

Na manhã desta terça-feira, 500 trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife. Os Sem Terra ficarão acampados por tempo indeterminado. O MST reocupou a Fazenda Serro Azul, com 117 famílias, no município de Altinho, e a Fazenda Consulta, com 50 famílias, no município de São Joaquim do Monte.

Rio Grande do Sul

Foram realizadas uma série de manifestações pelo interior do Rio Grande do Sul. Em Santana do Livramento, 250 trabalhadores e trabalhadoras interditam o trevo na entrada da cidade. Em Bagé, São Luiz Gonzaga, Júlio de Castilhos e Piratini, os pequenos agricultores ocupam o Banco do Brasil. Em Tupã, os camponeses realizam panfletagem em três pontos da cidade. Em Manoel Viana, mais de 300 trabalhadores e trabalhadores também realizam interdição de rodovia.

Rondônia

Mais de 300 manifestantes bloqueiam a rodovia BR 364, no estado de Rondônia. Participaram do ato trabalhadores e agricultores atingidos pela Usina de Samuel. Segundo o coordenador estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cazu Shikasho, as famílias sofrem com a falta de amparo social e de infraestrutura.

Santa Catarina

Uma comissão fez uma audiência com o INSS sobre a pauta estadual e nacional. Pela manhã, foi ocupado o Banco do Brasil, em Chapecó, com 400 pessoas.

São Paulo

Cerca de 400 integrantes do MST ocupam desde as 6h, desta segunda-feira (22/8), a Fazenda Santo Henrique, de 2,6 mil hectares, no município de Iaras, na região de Bauru. A ocupação realizada no município de Iaras reivindica a arrecadação da área para fins de Reforma Agrária e denuncia a indevida e criminosa utilização da área pela empresa Cutrale. A área utilizada pela Cutrale tem origem pública e, de acordo com a lei, deve ser destinada à Reforma Agrária.

Sergipe

Foi realizado um trancamento de estrada no município de Japaratuba e um ato no município de Alto Sertão, com movimentos sociais, no Banco do Brasil e no Banco Nordeste.

Tocantins

Mais de 300 pessoas iniciaram uma marcha para a cidade de Porto Nacional, no Tocantins, neste domingo (21/8). A marcha, organizada pelo Acampamento Sebastião Bezerra da Via Campesina, tem o intuito de realizar um ato político em Defesa da Reforma Agrária e Justiça no Campo na Praça Centenário, em Porto Nacional.

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