domingo, 1 de março de 2020

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
Onde falta fraternidade? Um olhar indiferente não vê, nem se compadece e muito menos cuida do próximo. Um olhar de compaixão sempre verá irmãos necessitados de fraternidade no caminho da vida. Com o lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”inspirado na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10,25-37), e com o tema: “Fraternidade e vida: dom e compromisso”, a Igreja está convidando os seus fiéis a viverem o tempo quaresmal com  CF –Campanha da Fraternidade.  
Nas mais de cinco décadas de CF muitos temas próximos da realidade brasileira foram abordados, por exemplo: família, políticas públicas, saúde, trabalho, moradia, violência, educação. Este ano o tema é mais amplo. 
A presidência da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – apresenta assim a CF – 2020: “Em meio a tantas questões, a CF deste ano nos convoca a refletir sobre o significado mais profundo da vida e a encontrar caminhos para que este sentido seja fortalecido e, algumas vezes, até mesmo reencontrado. Não será uma Campanha que abordará apenas uma dentre tantas questões angustiantes, consequências do pecado. Será uma Campanha que, olhando transversalmente as diversas realidade, nos interpelará a respeito do sentido que estamos, na prática, atribuindo à vida nas suas diversas dimensões: pessoal, comunitária, social e ecológica”. 
O objetivo geral proposto é: “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como dom e compromisso, que se traduz em relação de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”.  
Os dez objetivos específicos podem ser assim resumidos: 1. Apresentar o sentido da vida proposto por Jesus; propor a compaixão, a ternura e o cuidado; fortalecer a cultura do encontro e da revolução do cuidado; promover e defender a vida da fecundação ao seu fim natural; despertar as famílias para a beleza do amor; preparar os cristãos e as comunidades para anunciar o Reino de Deus; criar espaços para todos perceberam a vida como dom e compromisso; despertar os jovens para a beleza da vida e para cuidar de outros jovens; valorizar, divulgar e fortalecer iniciativas em favor da vida; conscientizar para a vivência da ecologia integral.  
Todos almejamos que haja no Brasil um crescimento econômico sustentável e harmonioso com a natureza para diminuir os milhões de desempregados. Mas também a presidência da CNBB almeja: “Permita que o Bom Deus que cada pessoa, grupo pastoral, movimento, associação, Igreja Particular, enfim, o Brasil inteiro, motivado pela Campanha da Fraternidade, possa ver fortalecida a revolução do cuidado, do zelo, da preocupação mútua e, portanto, da fraternidade”. 
Se olharmos para a dimensão dos desafios, do ideal do objetivo geral e dos objetivos específicos, algum pessimista talvez diga: “Não temos condições para resolver estes problemas e nem alcançar os objetivos propostosPor outro lado, podemos pensar como Santa Teresa de Calcutá: “O que faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela o oceano seria menor”. 
CF destaca Santa Dulce dos Pobres que é assim apresentada pela presidência da CNBB: Lembremo-nos de Santa Dulce dos Pobres, mulher frágil no corpo, mas fortaleza peregrinante pelas terras de São Salvador da Bahia de Todos os Santos. Dulcepresença inquestionável do amor de Deus pelos pobres e sofredores. Dulceincansável peregrina da caridade e da fraternidade. Dulce testemunho irrefutável de que a vida é dom e compromisso. Dulce que via, se compadecia e cuidava, Dulce que intercede por nós no céu”. 

sábado, 29 de fevereiro de 2020

TEXTO BASE CF 2020

A procura pelo texto base no Regional Nordeste 3 da CNBB foi tão grande que terminou rapidamente, e para atender aqueles que não puderam comprar, o Regional está disponibilizando a versão digital do material. O subsídio é composto por encontros, celebrações e via-sacra.

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Missa de Abertura da CF 2020

D. Walmor Oliveira - Presidente da CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza no próximo domingo, 1º de março, às 8h, a missa de abertura da Campanha da Fraternidade de 2020. A celebração acontece no Santuário de Aparecida (SP), templo que abriga a Imagem da Padroeira do Brasil. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside a Eucaristia, concelebrada pelos representantes da coordenação executiva da Campanha e membros da presidência da Conferência.
O arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, reforça que a Basílica de Aparecida é um Santuário Nacional e que, por este motivo, o presidente da CNBB rezará junto à Padroeira do Brasil para abrir mais solenemente, de forma nacional, a Campanha da Fraternidade. “Isso tudo quer dizer: Vamos abraçar essa Campanha da Fraternidade porque ela é vida plena e com sentido para todos”, explica o arcebispo de Aparecida.
Durante a celebração, acontecerá a leitura da carta enviada pelo Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade deste ano. Na mensagem, o Pontífice chama a atenção para a necessidade de fortalecer o valor da vida. Além disso, recorda que a conversão não deve ser separada do serviço aos irmãos e irmãs, “sobretudo aos mais necessitados”, escreve Santo Padre.
Também durante a celebração, uma relíquia com um fragmento do corpo de Santa Dulce dos Pobres será entronizada por crianças e ficará exposta no Altar Central ao longo da celebração. A religiosa baiana serviu de inspiração para a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e o lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34).
“O que a gente vai vivenciar nesse período da quaresma, Irmã Dulce vivenciou sua vida toda: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele com amor. E ela dizia muito: o importante é fazer a caridade, não falar na caridade. Uma pessoa humilde, simples, nunca procurou divulgar o que fazia e sim estar sempre perto daqueles que mais precisavam. Sua obra é hoje seu maior testemunho”, afirma a sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes.
A celebração será transmitida pela TV Aparecida, Rede Aparecida de Rádio e portal A12.com. A TV Cultura, de São Paulo, e as emissoras católicas TV Horizonte, TV Nazaré e TV Imaculada também retransmitem a missa. Após a celebração, o presidente da CNBB participará do programa Terra da Padroeira, da TV Aparecida. Depois do programa, dom Walmor Oliveira de Azevedo também concederá entrevista aos jornalistas em Aparecida.
SERVIÇO:
Lançamento: Missa de abertura nacional da Campanha da Fraternidade de 2020.
Data: 1º de março de 2020
Horário: Às 8h
Local: Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Aparecida (SP)
Contatos: Assessora de Comunicação da CNBB: Manuela Castro – Fone: 61 9 981361595 e Assessoria de Comunicação do Santuário Nacional: Matheus Andrade – Fone: 12 9 8801 5560.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

QUERIDA AMAZÔNIA


A Exortação pós-sinodal sobre a Amazônia foi publicada esta quarta-feira (12/02). O documento traça novos caminhos de evangelização e cuidados do meio ambiente e dos pobres. O Papa Francisco auspicia um novo ímpeto missionário e encoraja o papel dos leigos nas comunidades eclesiais

O primeiro capítulo de Querida Amazônia é centralizado no “Sonho social” (8). Destaca que “uma verdadeira abordagem ecológica” é também “abordagem social” e, mesmo apreciando o “bem viver” dos indígenas, adverte para o “conservacionismo”, que se preocupa somente com o meio ambiente. Com tons vibrantes, fala de “injustiça e crime” (9-14).

Diante de tanta injustiça, o Pontífice fala que é preciso “indignar-se e pedir perdão” (15-19). Para Francisco, são necessárias “redes de solidariedade e de desenvolvimento” e pede o comprometimento de todos, inclusive dos líderes políticos. O Papa ressalta o tema do “sentido comunitário” (20-22), recordando que, para os povos amazônicos, as relações humanas “estão impregnadas pela natureza circundante”. Por isso, escreve, vivem como um verdadeiro “desenraizamento” quando são “forçados a emigrar para a cidade”. A última parte do primeiro capítulo é dedicado às “Instituições degradadas” (23-25) e ao “Diálogo social” (26-27). O Papa denuncia o mal da corrupção, que envenena o Estado e as suas instituições. E faz votos de que a Amazônia se torne “um local de diálogo social” antes de tudo “com os últimos. A voz dos pobres, exorta, deve ser “a voz mais forte” sobre a Amazônia.

A Exortação se concentra depois sobre o “encontro intercultural” (36-38). Mesmo as “culturas aparentemente mais evoluídas”, observa, podem aprender com os povos que “desenvolveram um tesouro cultural em conexão com a natureza”. A diversidade, portanto, não deve ser “uma fronteira”, mas “uma ponte”, e diz não a “um indigenismo completamente fechado”. A última parte do segundo capítulo é dedicada ao tema “culturas ameaçadas, povos em risco” (39-40). Em qualquer projeto para a Amazônia, esta é a recomendação do Papa, “é preciso assumir a perspectiva dos direitos dos povos”. Estes, acrescenta, dificilmente podem ficar ilesos se o ambiente em que nasceram e se desenvolveram “se deteriora”.

Na sequência, a Exortação indica “pontos de partida para uma santidade amazônica” (77-80), que não devem copiar “modelos doutros lugares”. Destaca que “é possível receber, de alguma forma, um símbolo indígena sem o qualificar necessariamente como idolátrico”. Pode-se valorizar, acrescenta, um mito “denso de sentido espiritual” sem necessariamente considerá-lo “um extravio pagão”. O mesmo vale para algumas festas religiosas que, não obstante necessitem de um “processo de purificação”, “contêm um significado sagrado”.

Outra passagem significativa de Querida Amazônia é sobre a inculturação da liturgia (81-84). O Pontífice constata que já o Concílio Vaticano II havia solicitado um esforço de “inculturação da liturgia nos povos indígenas”. Além disso, recorda numa nota do texto que, no Sínodo, “surgiu a proposta de se elaborar um «rito amazônico»”. Os Sacramentos, exorta, “devem ser acessíveis, sobretudo aos pobres”. A Igreja, afirma evocando a Amoris laetitia, não pode se transformar numa “alfândega”.

Francisco conclui a Querida Amazônia com uma oração à Mãe da Amazônia (111). “Mãe, olhai para os pobres da Amazônia – é um trecho da sua oração –, porque o seu lar está a ser destruído por interesses mesquinhos (…) Tocai a sensibilidade dos poderosos porque, apesar de sentirmos que já é tarde, Vós nos chamais a salvar o que ainda vive”.




Acesse  a exortação, clicando no link:

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020

A Campanha da Fraternidade 2020 é o modo com o qual a Igreja no Brasil vivencia a Quaresma. Há mais de cinco décadas, ela anuncia a importância de não se separar conversão e serviço à sociedade e ao planeta. A cada ano, um tema é destacado, assim, a Campanha da Fraternidade já refletiu sobre realidades muito próximas dos brasileiros: família, políticas públicas, saúde, trabalho, educação, moradia e violência, entre outros enfoques.
Em 2020, a CF  nos convida, a olhar de modo mais atento e detalhado para a vida. Com o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34), busca conscientizar, à luz da palavra de Deus, para o sentido da vida como dom e compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, casa comum. 

Representantes da CNBB NE 3 participam de Seminário sobre a CF 2020

“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. Motivados por esta frase da Parábola do Bom Samaritano, representantes de 20 Dioceses e Arquidioceses do Regional NE3 da CNBB – Bahia e Sergipe estiveram presentes no período de 29/11 a 01/12 em Salvador para um Seminário de Estudos sobre a CF 2020. O encontro, realizado na Casa de Retiros Frei Ludovico, foi assessorado pelo Pe. Patriky Samuel Batista, secretário executivo para Campanhas da CNBB, e deu pistas sobre como a Campanha poderá ser aplicada no próximo ano.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

DOCUMENTO FINAL DO SÍNODO AMAZÔNICO


Depois de um longo caminho sinodal de escuta do Povo de Deus na Igreja da Amazônia, inaugurado pelo Papa Francisco durante sua visita à Amazônia, em 19 de janeiro de 2018, o Sínodo foi realizado em Roma, num encontro fraterno de 21 dias, em outubro de 2019. O clima foi de trocas abertas, livres e respeitosas entre bispos, pastores da Amazônia, missionários e missionárias, leigos e leigas, e representantes dos povos indígenas da Amazônia. Fomos testemunhas participantes de um evento eclesial marcado pela urgência do tema que conclama abrir novos caminhos para a Igreja no território. Se compartilhou um trabalho sério em um clima marcado pela convicção de escutar a voz presente do Espírito Santo.
O Sínodo foi realizado em clima de fraternidade e oração. Várias vezes as intervenções foram acompanhadas por aplausos, cantos e com intervalos de silêncio contemplativo. Fora da sala sinodal, houve uma presença notável de pessoas vindas do mundo amazônico que organizaram atos de apoio em diferentes atividades, procissões, como a abertura com cantos e danças acompanhando o Santo Padre, do túmulo de Pedro à sala sinodal. Destacou-se a Via Sacra dos mártires da Amazônia, assim como uma presença maciça da mídia internacional.
Todos os participantes expressaram uma profunda consciência da dramática situação de destruição que afeta a Amazônia. Isso significa o desaparecimento do território e de seus habitantes, especialmente dos povos indígenas. A floresta amazônica é um “coração biológico” para a terra cada vez mais ameaçada. Se encontra em uma corrida desenfreada para a morte. Requer mudanças radicais de suma urgência e um novo direcionamento que permita salvá-la.  Está cientificamente comprovado que o desaparecimento do bioma Amazônia trará um impacto catastrófico para o planeta!
O caminho sinodal do Povo de Deus na fase preparatória envolveu toda a Igreja no território, os
Bispos, os missionários e missionárias, os membros das Igrejas de outras confissões cristãs, os leigos e leigas, e muitos representantes dos povos indígenas, em torno do documento de consulta que inspirou o Instrumentum Laboris. Enfatiza a importância de escutar a voz da Amazônia, movida pelo sopro maior do Espírito Santo no grito da terra ferida e de seus habitantes. Foi registrada a participação ativa de mais de 87.000 pessoas, de diferentes cidades e culturas, assim como de numerosos grupos de outros setores eclesiais e as contribuições acadêmicas e organizações da sociedade civil nos temas centrais específicos.

A celebração do Sínodo conseguiu destacar a integração da voz da Amazônia com a voz e o sentimento dos pastores participantes. Foi uma nova experiência de escuta para discernir a voz do Espírito Santo que conduz a Igreja a novos caminhos de presença, evangelização e diálogo intercultural na Amazônia. A afirmação, que surgiu no processo preparatório, de que a Igreja era aliada do mundo amazônico, foi fortemente confirmada. A celebração termina com grande alegria e esperança de abraçar e praticar o novo paradigma da ecologia integral, o cuidado da “casa comum” e a defesa da Amazônia.