domingo, 29 de janeiro de 2012

O Asno em Pele de Leão

Autor: Esopo



Um Asno, ao colocar sobre suas costas uma pele de Leão, andava pela floresta divertindo-se com o terror que causava aos animais que ia encontrando pelo seu caminho.

Por fim encontra uma Raposa, e também tenta amedrontá-la. Mas a Raposa, tão logo escuta o som de sua voz, exclama com ironia:

Eu certamente teria me assustado, se antes, não tivesse escutado o seu zurrar.




Moral da História:

Um tolo pode se esconder por trás das aparências, mas suas palavras acabarão por revelar à todos quem na verdade ele é.

Vale vence prêmio de pior empresa do mundo

“Nobel” da vergonha será entregue no Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos




A PIOR EMPRESA DE 2011


Carajás: trens da Vale atropelam em média uma pessoa por mês
- Foto: Movimento Xingu Vivo




Após 21 dias de acirrada disputa, a mineradora brasileira Vale foi eleita, nestaquinta, 26, a pior corporação do mundo no Public Eye Awards, conhecido como o “Nobel” da vergonha corporativa mundial. Criado em 2000, o Public Eye é concedido anualmente à empresa vencedora, escolhida por voto popular em função de problemas ambientais, sociais e trabalhistas, durante o Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos.

Este ano, a Vale concorreu com as empresas Barclays, Freeport, Samsung, Syngenta e Tepco. Nos últimos dias da votação, a Vale e a japonesa Tepco, responsável pelo desastre nuclear de Fukushima, se revesaram no primeiro lugar da disputa, vencida com 25.041 votos pela mineradora brasileira.

Moçambique: Vale expulsa 760 famílias em área de mineração
- Foto: Movimento Xingu Vivo



De acordo com as entidades que indicaram a Vale para o Public Eye Award 2012 – a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (International Network of People Affected by Vale), representada pela organização brasileira Rede Justiça nos Trilhos, e as ONGs Amazon Watch e International Rivers, parceiras do Movimento Xingu Vivo para Sempre, que luta contra a usina de Belo Monte -, o fato de a Vale ser uma multinacional presente em 38 países e com impactos espalhados pelo mundo, ampliou o número de votantes. Já para os organizadores do prêmio, Greenpeace Suíça e Declaração de Berna, a entrada da empresa, em meados de 2010, no Consórcio Norte Energia SA, empreendimento responsável pela construção de Belo Monte, foi um fator determinante para a sua inclusão na lista das seis finalistas do Public Eye deste ano.


Canadá: Operários da Vale fazem a maior greve da história do país
por melhores condições de trabalho - Foto: Movimento Xingu Vivo



A vitória da Vale foi comemorada no Brasil por dezenas de organizações que atuam em regiões afetadas pela Vale. “Para as milhares de pessoas, no Brasil e no mundo, que sofrem com os desmandos desta multinacional, que foram desalojadas, perderam casas e terras, que tiveram amigos e parentes mortos nos trilhos da ferrovia Carajás, que sofreram perseguição política, que foram ameaçadas por capangas e pistoleiros, que ficaram doentes, tiveram filhos e filhas explorados/as, foram demitidas, sofrem com péssimas condições de trabalho e remuneração, e tantos outros impactos, conceder à Vale o titulo de pior corporação do mundo é muito mais que vencer um premio. É a chance de expor aos olhos do planeta seus sofrimentos, e trazer centenas de novos atores e forças para a luta pelos seus direitos e contra os desmandos cometidos pela empresa”, afirmaram as entidades que encabeçaram a campanha contra a mineradora. Em um hotsite (http://xinguvivo.org.br/votevale/) criado para divulgar a candidatura da Vale, forma listados alguns dos principais problemas de empreendimentos da empresa no Brasil e no exterior


Fonte: Aline - Brasil de Fato - 27/01/2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

O que realmente acontece na Cracolândia?


O que realmente acontece na “Cracolândia” em São Paulo e o que isto tem a ver conosco aqui no sul da Bahia?

Todos nós sabemos e sofremos cada vez os efeitos devastador da invasão das drogas, em especial do crack em meio da juventude e suas conseqüências. Mas a pergunta que não quer calar. Qual foi mesmo o objetivo desta “operação” ?

Fica cada vez mais evidente que o objetivo dessa ação nunca foi a de solucionar o problema do crack em São Paulo, mas sim, de “limpar” uma rua, uma região imobiliariamente interessante a setores economicamente muito forte. Bem como o governo estadual e municipal de São Paulo ostentar um pouco mais de força contra uma população já sofrida, excluída e colocada cada vez mais à margem da sociedade.

Isto vai ficando cada vez mais comprovado, com as atitudes adotadas pelo governo e seu braço armado (PM) nos recentes eventos na USP, Cracolândia e no Pinheirinho, em todos eles existem comprovações de que o desrespeito ao ser humano e a ausência de noção de sociedade estão entranhados no governo estadual e na PM.

Tudo isto tem a ver não só com o sul da Bahia, mas com todo o País, temos assistido, muitas vezes “pacificamente” as ações de governos estaduais e municipais e às vezes com a anuência do governo federal de ações semelhantes as que vêm ocorrendo em São Paulo, em especial nas cidades que serão sedes da Copa do Mundo e das Olimpíadas, são as chamadas “limpezas étnicas”. Onde por conta dos interesses econômicos populações inteiras são "removidas" para não atrapalhar a "limpeza das cidades".

No desabamento dos prédios no Rio de janeiro a grande preocupação era com a “imagem” da cidade, e o grande questionamento: “Será que a cidade tem condições, esta preparada para realizar a Copa do Mundo?”.

Hoje se torna fundamental e necessária uma grande articulação de tod@s os lutadores para impedir os projetos de limpeza étnica que os governos fazem visando “embelezar” a cidade para os Jogos Mundiais e atendendo a interesses econômicos.

Um artigo do jornalista Gabriel Brito, publicado no "Correio da Cidadania", intitulado: "Operação policial na Cracolândia: fracasso (e negócios) à vista",  nos dá mais elementos para comprovar esta necessidade de organização e articulação em defesa da Cidadania. Veja o artigo clicando aqui.  

Seminário Nacional marca preparação para o 13º Intereclesial

Com o objetivo de aprofundar o tema: “Justiça e profecia a serviço da vida” e o lema: “CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade”. A Diocese de Crato, no Ceará, acolheu os participantes do Seminário Nacional das Comunidades Eclesiais de Base, que teve início na segunda-feira (23), no Centro de Expansão Diocesano Dom Vicente Matos, na cidade do Crato. O evento terminou na quinta-feira (26), reunindo animadores das CEBs dos 17 regionais da CNBB, além de assessores, representantes da Ampliada Nacional das CEBs e os bispos referenciais.

O seminário teve também o objetivo de preparar os regionais da CNBB na caminhada romeira das CEBs rumo ao 13º Intereclesial, discutindo as questões pertinentes que exigem uma atitude profética, justa e sustentável das comunidades de base no campo e na cidade. Os assessores deste seminário também devem contribuir com a assessoria do 13º Intereclesial.

Segundo Padre Vileci Vidal, Coordenador do 13º Intereclesial, 2012 é o ano do aprofundamento e o Seminário obedece à dinâmica do plano de ação que está sendo desenvolvido rumo ao 13º, objetivando refletir sobre a caminhada romeira das CEBs.

Foram destacados temas como a justiça na Bíblia, e como as CEBs podem influenciar na proposta de um novo tipo de convivência entre as pessoas e com a natureza, como compreender a luta pela justiça na cidade e no campo, dimensão bíblica, teológica e pastoral das romarias no universo do catolicismo popular.

O seminário prepara os participantes para contribuírem nos encontros regionais, na assessoria do 13º Intereclesial e visa despertar a todos a continuarem alertas para a necessidade de fortalecer e criar espaços de comunhão e articulação entre as CEBs a nível paroquial, diocesano, regional e nacional. Além da vivência da comunhão de amor em comunidade e entre as CEBs numa íntima união com Deus e da unidade do gênero humano, ajudando na afirmação da identidade missionária das CEBs e discernindo os novos desafios a partir da experiência e da espiritualidade libertadora que elas já vivem, considerando a temática do Intereclesial e a ecologia.

Participaram do evento 19 padres, 6 bispos, 4 religiosas e mais de 60 animadores dos regionais. Durante todo o seminário, os assessores participaram de entrevistas na Rádio FM Padre Cícero de Juazeiro do Norte. O seminário encerrou com uma romaria ao Caldeirão do Beato José Lourenço, declarado “Santuário das Comunidades”, onde aconteceu uma manhã de espiritualidade, que também marcou a abertura da 3ª reunião da Ampliada Nacional.

domingo, 22 de janeiro de 2012

As lebres e as Rãs

Autor: Esopo



As lebres, animais envergonhados por natureza, sentiam-se oprimidas com tanto acanhamento. Como viviam, todo o tempo, com medo de tudo e de todos, cansadas, decidiram dar um fim às suas angústias.

Então, decidiram acabar com às suas vidas. Concluíram que assim resolveriam todos os seus problemas. Combinaram então que se jogariam do alto de um montanha, para as profundas e escuras águas de um lago.

Assim, quando correm para a montanha, várias Rãs que descansavam escondidas pela grama à beira do mesmo, tomadas de medo ante o barulho de suas pisadas, desesperadas, pulam na água, em busca de proteção.

Ao ver o medo que sentiam as Rãs em fuga, uma das Lebres disse às amigas:

Não mais devemos fazer isso que combinamos minhas amigas! Sabemos agora, que existem seres mais medrosas que nós.



Moral da História:

Julgar que nossos problemas são os mais importantes do mundo, não passa de ilusão.

sábado, 21 de janeiro de 2012

BBB: Cabeças vazias, corpos sarados e comportamentos patéticos

"A Luiza voltou. O estupro passou. O navio naufragou. A grávida mentiu. E o pintinho piu!" (Valeria Vasquez)


O artigo do jornalista Washington Araújo, publicado no Adital e disponibilizado abaixo em nosso blog, nos traz algumas luzes sobre o que realmente acontece neste país


Washington Araújo (1) 

Não demorou muito e o BBB é caso de polícia. Mais, é caso de estupro. Mais, é caso do habitual descaso com que a programação da tevê aberta brasileira é tratada tanto pela sociedade quanto pelas instâncias governamentais.

A 12ª edição de um dos programas mais fúteis dentre a enormidade de produção de lixo televisivo nem chegou a completar uma semana de existência e já mostrou a que veio: vender cabeças vazias em corpos sarados e uma série quase interminável de comportamentos humanos aceitáveis na esfera privada e patéticos quando transbordam para a esfera pública.

Na noite de sábado [14/1], festa no BBB. Prenúncio de comas alcoólicos e certeza de danças variando entre o sensual e o erótico, ritmo alucinante, luzes piscando e tudo contribuindo para a exposição, sem reservas, dos instintos humanos. Na madrugada de domingo, o Twitter passa a movimentar um sem número de mensagens denunciando Daniel de ter estuprado Monique, tudo captado pelas lentes do BBB, tanto imagem de cobertor em movimento quanto som. O problema, segundo o Twitter, é que apenas um dos dois parece estar vivo – apresenta, vamos dizer, sinais vitais. Este seria o Daniel. Não tardou para que hashtag #DanielExpulso viesse a ser um dos tópicos mais comentados do domingo.

E a onda se espraia na internet com força de tsunami: todos se unem para pedir a cabeça do Daniel e, de quebra, criticar ferozmente a existência de um programa como o Big Brother Brasil. Muitos questionam a correção em classificá-lo como programa. Muitos anunciam que irão boicotar a marca de automóveis Fiat, aquela que premia os carros entre os participantes e entre a audiência, e muitos clamam por intervenção do governo na grade de programação da tevê aberta.

Caso de polícia

Na tarde da segunda-feira [16/1], investigadores da polícia vão ao Projac (centro de produção da emissora, localizado na Zona Oeste do Rio) para apurar a suspeita de que Daniel teria abusado sexualmente de Monique durante a madrugada do último domingo [15/1]. A essa altura, Monique, a presumida vítima, é chamada no "confessionário” para dar explicações sobre o que aconteceu entre ela e Daniel na madrugada de segunda-feira. A moça parece não dizer coisa com coisa, algo como "não sei muito bem”, "acho que não passamos disso”, "ele seria muito mau-caráter se tivesse se aproveitado de mim”, e por aí vai. Logo, as notícias na internet, em particular no sítio G1, da TV Globo, produtora e responsável pela "atração”, passam a divulgar que a moça negou a ocorrência de estupro e replicam a fala do diretor-geral do reality show, J.B. Oliveira, o Boninho. "Ela não confirmou que teve sexo e disse que tudo o que aconteceu foi consensual. Não dá para garantir que houve sexo, muito menos estupro. Eles estavam debaixo do edredom e de lado. Mas o mais importante é que ela [Monique] estava consciente de tudo. Ela me disse que na hora que o clima esquentou pediu para ele [Daniel] sair da cama”. Não ficaria por aí: "O que está acontecendo nada mais é que racismo”.

Ainda na segunda-feira, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, enviou ofício ao Ministério Público do Rio de Janeiro solicitando que o órgão "tome providências em relação ao suposto estupro que teria acontecido dentro do programa Big Brother Brasil 2012, exibido pela TV Globo.”

Nesta mesma noite, Pedro Bial lê em teleprompter a nota oficial da TV Globo dando conta da expulsão de Daniel por "haver infringido gravemente o regulamento do BBB”. É evidente o clima de constrangimento, sentimento que nem deveria existir em se tratando do BBB, que bem poderia ser visto como uma gincana ininterrupta de constrangimentos... à condição humana. Patética a figura de Bial. Porque ele é aquele jornalista que cobriu a histórica derrubada do muro de Berlim, em novembro de 1989, e mostra à larga que o seu talento é melhor aproveitado fazendo o que faz há 12 anos seguidos no BBB: uma mistura de mestre-de-cerimônias com animador de picadeiro e bedel de escola primária com direito a filosofices tão rasas quanto o programa em que foi aceito como sumo pontífice. Fez o caminho de volta sem ao menos ter ido.

Silêncio da imprensa

Em um país que busca combater a violência contra a mulher em seus muitos aspectos e, em especial, combater o crime de estupro, chama a atenção o silêncio da grande imprensa em torno do caso. Sim, porque pedidos pela expulsão de Daniel e punições à TV Globo não partiram dos jornais Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo e muito menos da emissora-líder na desconfortável posição de facilitar a ocorrência de estupro, com tudo gravado, segundo a segundo, e retransmitido para todo o Brasil. As denúncias começaram na forma de "piados” (twitter, em inglês), passaram pelo Facebook e tomaram forma nos tais blogues sujos (para a grande imprensa) e alternativos (para a cidadania).

No espaço de 24 horas, muitas águas rolaram nos desfiladeiros oceânicos da internet. Muitos levantaram o assunto na forma de algo adredemente planejado pela emissora do Jardim Botânico carioca para alavancar a audiência do BBB nesta sua 12ª edição. Outros tantos foram mais enfáticos e exigiram nada menos que a suspensão do programa por tempo ilimitado ou, ao menos, pelo tempo em que durarem as investigações policiais. Mas isto é pedir muito quando estão em jogo interesses unicamente comerciais. Porque o dinheiro não tem nem pátria, ética, nem moral, nem costumes. Tem apenas a densidade que seu proprietário a ele conceda. E nesses tempos em que a liberdade é vista como garantia de expressão dos instintos humanos básicos a qualquer momento, o sucesso nada mais é que conseguir esticar ao máximo seus quinze minutos de fama (lembram do Andy Warhol?), amealhar bens materiais e financeiros sem qualquer escrúpulo, usando os meios mais torpes para sua consecução. Neste contexto, não há muito o que esperar.

Nos últimos três anos escrevi no Observatório da Imprensa críticas ao conteúdo, formato, estilo, produção e transmissão do Big Brother Brasil. Tratei de estética, de conteúdo, de ética e de direitos humanos. Abordei a questão da privacidade e o circo de horrores que a qualquer momento poderia vir a ser a marca registrada do BBB. Depois, resolvi não mais escrever. Porque é difícil falar para o deserto, ou pior, para o vácuo. Mas com a chegada da polícia ao Projac julguei oportuno voltar a tratar do "assunto”. Não porque o programa mereça, mas sim porque é um momento propício para debater sobre a sociedade que temos e a sociedade que queremos.

E qual o papel da mídia, enquanto espelho da realidade, na formulação dessa nova sociedade, uma sociedade que seja justa, igualitária, fraterna, inclusiva e promotora dos direitos humanos?


(1)- Washington Araújo - É Jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil, Argentina, Espanha, México

domingo, 15 de janeiro de 2012

O Leão e o Rato

 Autor: Esopo




Um Leão dormia sossegado, quando foi acordado por um Rato, que passava correndo em cima de seu rosto. Com um ataque ágil ele o agarrou, e estava pronto para matá-lo, ao que o Rato implorou:

Por favor, se o senhor me soltar, tenho certeza que um dia poderia retribuir sua bondade. Rindo por achar ridícula a idéia, assim mesmo, ele resolveu solta-lo.

Pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores. Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se.

O Rato, ouvindo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre. Então disse:

O senhor riu da idéia de que eu jamais seria capaz de ajudá-lo. Nunca esperava receber de mim qualquer favor em troca do seu! Mas agora sabe, que mesmo um pequeno Rato é capaz de retribuir um favor a um poderoso Leão.



Moral da História:

Os pequenos amigos podem se revelar os melhores e mais leais aliados.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

iNada o produto que faltava para o "consumidor"

Na semana passada vocês tiveram a oportunidade conhecerem aqui no blog o iPobre, lançamento que revolucionou o mercado nacional. Mas a tecnologia estar mesmo surpreendente, agora é a vez do lançamento do iNada, você vai se encantar com este produto. E o Blog não poderia se furtar de apresentar este lançamento

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iNada, uma Revolução Tecnológica



Autor: Alberto Grimm[1]




Será que podemos criar um novo comportamento sem imitar ninguém? Estavam todos eufóricos, mas diante de um grande impasse. O produto era revolucionário, mas havia um enorme problema, não tinha utilidade nenhuma, ou seja, não servia para nada; pelo menos nada que pudessem naquele momento vislumbrar. E o departamento de ideias foi chamado para ver se encontrava alguma utilidade para o objeto, e muitas reuniões e debates depois, nada se conseguiu.

"Isso não pode estar acontecendo", comentou desolado o pesquisador chefe; "é um produto bonito, perfeito em formato e tamanho. Vejam que beleza de desenho, e não serve para nada!".

"Já sei" disse outro, "o departamento de publicidade pode nos ajudar a encontrar uma solução. Eles são criativos, vão achar uma utilidade para isso.". E todos concordaram. Foram então consultar o departamento, e a resposta foi simples e enfática: "Pode trazer para examinarmos. Fabricar pode não ser um problema nosso, mas vender qualquer coisa, isso é!".

Contente com a possibilidade, a comissão de cientistas ainda duvidou: "Olha que isso não é qualquer coisa, pode ser um desafio até para vocês". E o chefe da publicidade riu e disse: "Somos movidos à desafios!", e em seguida lembrou do famoso caso do aparelho de barbear a laser, capaz de remover de vez os pelos de qualquer pessoa. O problema é que sem pelos, não haveria mais a necessidade do usuário comprar o aparelho, o que o tornaria um objeto descartável, feito para ser usado uma vez apenas, constituindo um grande problema para a empresa. Mas bastou uma abordagem inteligente, um ajustezinho, e foi um sucesso de vendas, que durava até os dias atuais.

E eles trouxeram o novo e revolucionário invento. E o chefe dos publicitários foi logo perguntando: "O que ele faz?". "Nada, ele não faz absolutamente nada!", disse o cientista chefe. Os publicitários se entreolharam por um instante, e depois de cada um examinar pessoalmente o pequeno acessório, comentaram: "É bonitinho. Mas não faz nada; quer dizer, não serve para nada mesmo?". "Não, nada!", foi o coro unânime dos cientistas. "Mas, se não serve para nada porque foi criado?".

Aquela era uma pergunta interessante, uma vez que nenhum dos cientistas sabia responder de forma convincente. E um deles disse: "Foi criado, porque ninguém jamais havia criado antes um utilitário absolutamente sem função nenhuma!". O chefe dos publicitários sorriu e disse: "Vai ser um sucesso de vendas!". Os outros não conseguiam acreditar naquilo que acabavam de ouvir. Pensavam consigo mesmos; como uma coisa que não serve para nada pode se tornar um sucesso de vendas? Perguntaram então: "Estamos tão curiosos que, gostaríamos de acompanhar a elaboração da campanha. Podemos?". "Claro que sim", disse o outro, "afinal, vamos precisar de mais informações técnicas, sobre essa pequena maravilha capaz de não fazer nada!".

A confiança do chefe da publicidade convenceu à todos. E no dia e hora marcada para início dos trabalhos, o inventor foi pessoalmente explicar sua criação à equipe publicitária. Ele disse:

"Como podem ver, é um aparelho pequeno, leve, fininho como um cartão de crédito, o que permite guardá-lo com facilidade em qualquer lugar. Mais ainda; é todo revestido de titânio prensado, última palavra em materiais duráveis. Assim, tem um tempo de vida útil estimado em 300 anos. É a prova de água, de fogo, de choques, de quedas, uma vez que não tem nada dentro, e, portanto, nada que possa ser danificado; e não usa bateria. Mas é uma grande descoberta de nossa equipe de inventores, especialmente a cor, que é uma cor inexistente...". E antes que pudesse concluir, o chefe dos redatores completou: "É por isso que será um sucesso! E mais, ainda não precisa de baterias; perfeito!". E ele explicou como fariam a abordagem.

"Vamos convencer as pessoas, das vantagens em se possuir um objeto que não serve para nada. Num mundo onde tudo tem uma utilidade, mesmo que não seja uma necessidade, este produto se destaca por não servir para absolutamente nada. Trata-se de algo, portanto, que ninguém ainda possui, diferente de tudo. Todos desejarão um. Depois convenceremos todos que possuir dois é melhor que um, para um caso de eventual perda acidental. Vamos enfatizar na campanha, que tal objeto é uma revolução na conduta do homem desse novo século. Um homem que já possui tudo, e que agora demonstra seu poder de transformação e desapego ao não desejar nada, pois é exatamente o que lhe proporcionará o objeto, nada!".

Foi um espetacular sucesso, campanha, produto e as vendas. E aquela indústria precisou mesmo criar novas linhas de montagens, para atender os pedidos que não paravam de chegar. Novos modelos foram lançados, novas cores inexistentes, ou até existentes para atender as preferências de alguns grupos, e todos com a mesma característica que ajudou a torná-lo o objeto de desejo mais cobiçado do mundo, não servir para absolutamente nada.

Passados os anos, o mercado já saturado de tantos objetos de fazer nada, os "iNadas" como foram chamados, o departamento de publicidade é chamado para resolver uma nova questão: Como fazer para manter, ou mesmo incrementar o volume de vendas do produto. Eles sorriram e disseram:

"Isso é muito simples. Agora vamos incrementar qualquer coisa ao aparelho e anunciar que se trata de uma renovação daquilo que já era novo. Por exemplo, vamos acrescentar ao aparelho de fazer nada, botões coloridos que também não fazem nada, e pode ter certeza de uma coisa; o sucesso será maior que o modelo original".

E foi.


Frase de um agente publicitário: "O problema não é convencer, mas manter viva a ideia de que aquilo é realmente necessário..."

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[1] Alberto Grimm, é escritor de histórias infantis, é Mestre em Filosofia e graduado também em Publicidade e Design Gráfico.


email: alberto.grimm@gmail.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

NÓS TEMOS UM SONHO

Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor


Para todos os que trabalham pela justiça e pela paz entre os povos e pela igualdade entre todos os seres humanos, esta semana é marcada pela memória do pastor negro Martin-Luther King que, há 50 anos, conduzia nos Estados Unidos a luta da população negra pela igualdade social e por seus direitos civis. Enquanto ele vivia, a grande mídia norte-americana tentou destruí-lo de todos os modos possíveis. Depois que ele foi assassinado, fez dele um herói. O dia do aniversário de seu nascimento, 15 de janeiro, foi consagrado como feriado nacional, celebrado sempre na terça segunda feira de janeiro.

Apesar do fato de que, nos Estados Unidos, ainda hoje, algumas Igrejas consideradas cristãs ainda estão organizadas, se não divididas, entre "Igrejas de branco” e "Igrejas de negros”, ao menos legalmente qualquer ato de discriminação social é proibido e condenado. Apesar dessa vitória contra a discriminação racial, a humanidade ainda não eliminou o apartheid social e econômico. Na América Latina, quase sempre, ser negro é sinônimo de ser pobre.

A África do Sul superou o apartheid político, mas mantém uma imensa desigualdade racial, baseada na divisão econômica. Com relação a isso, ainda ressoam as palavras do pastor Martin-Luther King: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons. Mais do que a violência de poucos, me assusta a omissão de muitos”. Ele explicava: "Uma pessoa que não descobriu nada pela qual aceitaria morrer, não está ainda pronta para viver”. Onde ele mais expressou essa causa maior pela qual viver e lutar foi no célebre discurso, considerado por várias pesquisas o discurso mais importante feito nos Estados Unidos, durante o século XX. Nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, ao encerrar a marcha por direitos civis e igualdade de emprego, diante de mais de 200 mil pessoas, no 28 de agosto de 1963, o pastor Martin- Luther King começou seu discurso dizendo: "Eu tenho um sonho”.

Apesar de ter sido proferido há quase 50 anos, suas palavras ainda se mantêm atuais e proféticas. O sonho dele era viver em um mundo no qual os seus filhos negros pudessem andar de cabeça erguida e conviver de igual para igual com seus colegas brancos, freqüentar os mesmos colégios e participar dos mesmos ambientes sociais. "Sonho com um mundo no qual possa ver meus filhos julgados por sua personalidade e não pela cor de sua pele”. Era o sonho de ver o mundo superar as divisões raciais e sociais que ainda tornam esta terra um vale de lágrimas e injustiças.

Há quem se pergunta: Será que a humanidade de hoje ainda é capaz de sonhar? Graças a Deus, em anos recentes, nós, latino-americanos, vimos progredir, em vários países do continente, um novo processo bolivariano. Por isso, podemos sim responder que temos um grande sonho e o estamos começando a realizá-lo. Também, em vários países de todo o mundo, boa parte da juventude têm ocupado praças e ruas para mostrar que exigem uma nova organização social e econômica do mundo, assim como para dizer publicamente que este sonho é possível e urgente de ser realizado.

Para quem vive uma busca espiritual, seja em alguma religião organizada, seja de forma mais independente, a espiritualidade é a capacidade de sonhar e a opção de viver para tornar realidade aquilo que sonhamos. Toda a Bíblia pode ser lida a partir da revelação progressiva de um projeto divino de paz, justiça e comunhão entre os seres humanos e com a natureza. Em outro discurso, o pastor Martin-Luther King nos recordava: "Lembremo-nos de que existe no mundo um poder de amor que é capaz de abrir caminho onde não há caminho e de transformar o ontem escuro em um amanhã luminoso”.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

FREI RAIMUNDO, 27º ANOS DE SERVIÇO A VIDA E A CIDADANIA

O Conselho de Cidadania Permanente (CCP) participou das celebrações dos 27º anos de vida sacerdotal do Frei José Raimundo Oliveira realizado na sua cidade natal, Santa Luzia, na Paróquia de mesmo nome, no ultimo dia 08 de janeiro de 2012, contando com a presença de toda sua família, da comunidade paroquial de Santa Luzia e um grande numero de amigos da sua ex- paróquia Santa Rita de Cássia de Itabuna. A missa foi presidida pelo Frei Raimundo e concelebrada pelo pároco local o Padre José Luís.

O Frei José Raimundo sempre se destacou pelo seu compromisso com Evangelho da Vida e seu profundo amor pelo aspecto profético do Mestre Jesus, por andou passou deixou marcas profundas deste seu profetismo. Na sua primeira gestão a frente da Paróquia Santa Rita em Itabuna teve papel importante no uso e amor a Palavra de Deus, no fortalecimento das pastorais, na organização comunitária e um enorme desafio, que foi o de substituir o queridíssimo Frei Joaquim Cameli. Na capital sergipana à frente da Paróquia São Judas Tadeu, situada em um dos bairros mais violentos de Aracaju (Bairro América). Desenvolveu trabalhos que teve reconhecimento nacional, sendo até mesmo matéria do programa Fantástico da Rede Globo. Transformando o Bairro em uma referência positiva naquela cidade, chegando a mais de 550 dias sem um único assassinato. Neste contexto, poucos meses após assumir como vigário, frei José Raimundo de Oliveira juntamente com algumas autoridades policiais, conseguiram junto ao Governo do Estado a implantação de um Posto de Atendimento ao Cidadão (PAC)3 no Bairro América. O posto foi instalado em 28 de fevereiro de 1996, num compartimento da própria Igreja São Judas Tadeu. Seu objetivo era, a partir da filosofia do Policiamento Comunitário, encurtar as distâncias entre os policiais e os locais das ocorrências. (Veja mais informações clicando aqui)

De volta a Paróquia Santa Rita para uma segunda gestão, manteve o seu perfil profético e de compromisso com a construção do Reino de Deus aqui e agora. Fortaleceu a presença laical nos serviços pastorais e dentre o seu compromisso com a Doutrina Social da Igreja, criou o então Conselho de Cidadania Paroquial, hoje Conselho de Cidadania Permanente, importante espaço de construção e defesa da cidadania e da Vida na Paróquia, responsáveis pela realização dos Mutirões da Cidadania, elaboração das Cartas de Santa Rita, parcerias com o Ministério Público, Defensoria Pública do Estado, Ordem dos Advogados do Brasil, atividades conjuntas com a Policia Militar, criação do Centro Digital de Cidadania dentre os muitos outros trabalhos desenvolvidos pelo CCP contando com a ajuda de todos os grupos, pastorais, movimentos e comunidades da Paróquia.

Outro aspecto marcante deste Franciscano convicto é o amor que seu Mestre Francisco de Assis tinha pela natureza, por onde passa tem criado espaços agradáveis e de alto teor reflexivo, um dos exemplos mais forte deste aspecto foi o cuidado e a transformação que promoveu desde a sua primeira gestão nos jardins da Paróquia Santa Rita de Cássia, seu compromisso pelo Ambiente inteiro (ele não gosta de chamar de meio-ambiente). Sempre o levou a desenvolver um trabalho de conscientização e campanhas que visem garantir uma natureza preservada e defendida a todo custo contra as constantes agressões que vem sofrendo. Em suas homilias e conversas individuais a defesa do planeta terra sempre é um tema recorrente e sua prática diária também se baseia neste amor que o seu Mestre Francisco inspirou, que os diga os jardins de Santa Rita e hoje o trabalho que vem desenvolvendo na Paróquia de Nossa Senhora da Pena em Porto Seguro.

Na Missa, Frei Raimundo nos lembrava de que esta celebração fecha o ciclo do Natal e se inicia o Tempo Comum na Igreja. A festa de Reis na verdade é comemorada no dia 06 de janeiro. A festa desse dia ocupa, na Igreja Oriental, o lugar que o Natal ocupa entre nós. Trata-se da celebração de uma grande ideia: A Manifestação ou "Epifania do Senhor".

Para Haroldo Heleno, assessor diocesano das CEBs, o Frei nos lembra com sua postura uma passagem do Documento de Aparecida (nº 13), onde somos chamados a “escolher entre os caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzem à morte” (Dt 30,15). Caminhos de mortes são os que levam a dilapidar os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem os seus mandamentos ou inclusive contra Deus, amimada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero, a qual termina sendo uma cultura contra o ser humano. O Frei Raimundo sempre nos ensina com seu próprio testemunho que não importa o preço que temos que pagam , mas que escolhamos sempre os caminhos que nos leva a Vida.

“Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se degastando e degenerando em mesquinhez” (DA. 12)

Veja vídeo da celebração, clicando na imagem abaixo.

Crítica ao BBB

De: TRAJANO OSWALDO OLIVEIRA RIBEIRO


Quinta-feira, 5 de Janeiro de 2012

Assunto: REDE GLOBO - CRÍTICA - 05/01/2012


PREZADOS SENHORES

Há muito que já era para ter expressado a minha insatisfação e de muitas outras pessoas a respeito do programa BBB. É um programa que desvirtua totalmente do objetivo dessa emissora; pois trata de coisas supérfluas: intrigas de relacionamento para "conquistar" o público que nem sempre sabe daquilo que quer. Valores humanos e cristãos são desrespeitados.

Apelo para o bom senso dos senhores para que evitem esse tipo de preograma. Eu, minha familia e a de muitos não assistimos mais esse tipo de programa.O público precisa ser motivado a assistir coisas que valham a pena. Nós somos os verdadeiros heróis e não aqueles(AS) que o apresentador PEDRO BIAL fala.

Grato

Diácono TRAJANO OSWALDO OLIVEIRA RIBEIRO
 
Resposta da Globo
 
De: FALE CONOSCO


Data: 5 de janeiro de 2012 12:37
Assunto: REDE GLOBO - CRÍTICA - 05/01/2012
Para: "trajanooswaldo@ig.com.br" trajanooswaldo@ig.com.br

Trajano

Respeitamos sua opinião e crítica. Suas considerações serão levadas ao conhecimento da direção do programa.


Cordialmente,

Rede Globo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

A pomba e a Formiga

Autor: Esopo



Uma Formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.

Uma Pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A Formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da Pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

A Formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a Pomba voasse para longe a salvo.


Moral da História:

Quem é grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Agenda para 2012: viver mais o presente

Gilvander Moreira[1]

Como não dá para viver sem agenda, vamos combinar umas coisas para o ano que se inicia. Vamos viver mais o presente? Vamos cultivar uma nova sintonia com a nossa própria história, convivendo e saboreando tudo que a vida nos oferece todos os dias, ainda que haja fatos que não sejam tão bons, mas que nos fazem crescer com a vida? Vamos começar o ano lembrando algumas tarefas significativas que podem ser essa ponte da nossa história de vida como novas possibilidades que serão boas não apenas para nós?

Dia 01 de janeiro, por exemplo, é o 45º Dia mundial da paz. No mundo católico, do qual muitos fazemos parte, propõe-se neste dia o tema “Educar os jovens para a justiça e a paz”. Que isso nos inspire na nossa missão de educadores fazendo-nos conscientes de que somente pode ensinar quem coloca em prática o que ensina e está sempre aberto para aprender com o outro.

No dia 22 de fevereiro, quarta-feira de cinzas, será o primeiro dia após o descanso ou alegria do Carnaval. Em 2012, o tema da Campanha da Fraternidade é: Fraternidade e Saúde Pública e o Lema: Que a saúde se difunda sobre a terra! (Eclo 38,8).A nossa tarefa nesse período poderá ser a alegria de pensar a saúde como o fim de todas as doenças. Podemos assumir nova atitude, respeitando em primeiro lugar os nossos próprios limites e depois multiplicando compromissos por vida saudável na alimentação, no cuidado com o nosso corpo, da alegria da nossa alma, na harmonia que vem do cuidado com todos os seres vivos. Além disso, que ninguém deixe de assistir ao filme-documentário O veneno está na mesa (Você não pode deixar de assistir este vídeo, é só clicar aqui) , de Sílvio Tendler, que alerta para o grande perigo que está chegando à nossa mesa: os agrotóxicos.

Na madrugada do dia 09 de abril, a comunidade Dandara, no Céu Azul, em Belo Horizonte, celebrará três anos de existência. Antes, centenas de famílias crucificadas pelo aluguel, por estarem sobrevivendo de favor, nas ruas ou em áreas de risco. Mas com a ajuda das Brigadas Populares, do MST, do Fórum de Moradia do Barreiro e de uma grande Rede de Apoio Externo, hoje, após ocuparem “um latifúndio urbano” que não cumpria sua função social, quase mil famílias vivem em comunidade já tendo construído mais de 800 casas de alvenaria, Igreja Ecumênica, Centro Comunitário, dezenas de liderança e, melhor, construindo pessoas. Dandara, como uma estrela luminosa, aponta o caminho para os pobres se libertarem de tantas escravidões.

Em abril, para celebrar a data da chegada dos portugueses ao Brasil podemos olhar melhor para todos os bens naturais que nos cercam, sem ficarmos tristes pela falta do feriado do dia 21 de abril, ou apenas lamentando a nossa condição de vítimas do sistema colonial. É hora de sairmos de fato do sistema colonizador. É uma boa oportunidade para estudarmos um pouco mais a História e ver tantas oportunidades que estamos construindo nesse momento no nosso país.

O dia 01 de maio, como todo ano, será feriado nacional. Que tal encontrar outros amigos trabalhadores em algum ato público que valorize o trabalho como dignificante para a vida? E que denunciemos toda forma de trabalho que agride a dignidade humana.

O dia 31 de maio, também poderá ser um dia de festa para todos que se inspiram no evangelho do galileu de Nazaré. Celebramos 60 anos de ordenação sacerdotal de Dom Pedro Casaldáliga – bispo emérito de São Félix do Araguaia, MT em 1952. Temos motivos de sobra para agradecer à vida por sermos contemporâneos de tão eminente testemunho profético. Que a centelha da profecia irradie no nosso modo de ser e de agir!

Em junho de 2012 acontecerá no Rio de Janeiro a Rio+20. O encontro reunirá chefes de Estado que debaterão sobre ecologia global e sustentabilidade. Mais importante que o debate dos chefes de Estado é a oportunidade que terá toda a sociedade mundial para pensar e exigir dos chefes do poder maiores cuidados com a vida no Planeta. Não poderemos perder mais essa oportunidade!

De 07 a 11 de outubro de 2012 ocorrerá o Congresso Continental de Teologia – UNISINOS – na cidade de São Leopoldo, RS. Que as vozes da Teologia da Libertação sejam ouvidas a partir do encontro e sejam inspiração para justiça e paz para todos.

E para os que gostam dos números inteiros temos muitas oportunidades de humanização em 2012:

São 150 anos da publicação por Victor Hugo de Os Miseráveis – 1862 - quem não leu ainda, está na hora.
Depois de tanto tempo ainda temos muito que aprender com esse clásico da literatura mundial. No Brasil, temos 110 anos da publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha. Resgatar a história de Canudos pode ser boa inspiração para aprendermos mais com tantos fatos que estão no fundo das nossas gavetas.

Este ano é o marco dos 100 anos: a) do início da Guerra do Contestado - 1912-1916. Material para estudar é que não vai faltar neste ano; b) do naufrágio do navio Titanic. Pode ser um momento ideal para aprendermos mais sobre os limites da ciência e da técnica. As crianças vão gostar… Que o Planeta Terra não continue sendo empinado como um Titanic!

Celebra-se os 80 anos da conquista do direito de voto das mulheres no Brasil – 1932 -, é momento para que todas as mulheres possam ver que de fato a principal política não é a política partidária. Melhor fazermos outras formas de política.

Completam-se 70 anos do primeiro reator nuclear – 1942 – é hora de educação para a paz interior, social, ecumênica e ecológica, tudo isso como fruto da justiça, do amor e do perdão.

São 60 anos da criação da CNBB – 14/10/1962 – é hora de regatarmos os princípios do Concílio Vaticano II, da Opção pelos Pobres e pela juventude – de Medelín (1968) e Puebla (1979) – e o protagonismo das/os leigas/os – da Conferência de Santo Domingos (1992). É hora de fortalecer as Comunidades Eclesias de Base – CEBs. De 19 a 22 de julho deste ano teremos na Diocese de Itabuna  a realizaçao do 6º Nordestão das CEBs com a presença do autor deste texto.

Também chegamos ao meio século, 50 anos da prisão de Nelson Mandela na Africa do Sul – 1962 – é ano de participarmos do Movimento Negro, nas suas mais diversas expressões, e decretar o fim de todo e qualquer tipo de racismo e preconceito. Aliás, o Brasil é o país que tem a maior população negra fora da África. Todo nosso apoio aos quilombolas na demarcacão de suas terras e no respeito a sua cultura tão bela e exuberante. Que o povo negro das favelas descobra a força e o valor que tem e, despertos, não mais aceitem movimentar a engrenagem do capitalismo por uma migalha de salário!

Meio século também do filme O pagador de promesas, de Anselmo Duarte, 1962 – vamos valorizar a beleza do cinema e da cultura brasileira. Viva o povo brasileiro!

É nas raízes mais profundas da nossa cultura popular, camponesa e tupiniquim que estão as chaves que poderão abrir portas para a construção de um outro mundo, justo e solidário.

Significativos também os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, inaugurado pelo Papa João XXIII em 11/10/1962 na Basílica de São Pedro, em Roma, com a presença inédita de 2.540 padres conciliares, é hora de continuarmos a luta pela construção de igrejas democráticas, ecumênicas e populares, igrejas que animem a convivência a partir do princípio da compaixão-misericórdia.

São 40 anos da criação do Conselho Indigenista Missionário – CIMI – que o testemunho libertador de tantos apaixonados pela causa indígena nos faça solidários ao grande e plural Movimento Indígena na luta pela demarcação de suas terras, respeito às suas culturas e místicas de convivência harmônica com toda a biodiversidade. Feliz quem tiver a grandeza de aprender com nossos parentes indígenas! Sem a sabedoria indígena não há futuro para o povo brasileiro.

Parece que foi ontem, mas lá se vão 20 anos do impeachment de Fernando Collor de Melo – 1992. Em 2012 teremos eleições municipais para prefeitos e vereadores, dia 07 de outubro. Precisamos, nos limites da democracia representativa, aprender a votar em políticos por vocação. Aprender também que a maior parte das nossas energias devem ser dedicadas a lutas na Política que realmente faz diferença: a política dos pobres que lutam de forma organizada em movimentos populares autênticos. Apenas um pouquinho de energia em campanhas eleitorais. Não esqueçamos: o poder é exercido mandando-se, ou impedindo-se.

P.S.: Conto com você para ajudar no resgate de várias outras datas e outros acontecimentos históricos não mencionados por mim, mas que não podem ser esquecidos, pois engrandecem a nossa História. Aguardo sua contribuição pelo e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br
Arinos, Noroeste de Minas, MG, Brasil, dia 03 de janeiro de 2012.


(1) Frei e padre carmelita, mestre em Exegese Bíblica, professor do Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos no Instituto Santo Tomás de Aquino – ISTA -, em Belo Horizonte, e no Seminário São José, em Mariana, MG -, assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br – www.gilvander.org.br – www.twitter.com/gilvanderluis - facebook: gilvander.moreira

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

iPobre é distribuido no mercado

Lançado nesta sexta-feira (04), o iPobre primeiro tablet brasileiro para o povo pobre chega ao mercado custando apenas R$ 9,99. Com o slogan porque tecnologia também é para pobre, o iPobre promete facilitar a vida do brasileiro, com vários recursos tecnológicos que vão, desde aplicativos do Bolsa Família à programas para receber doações online, o aparelho promete ser uma inovação para mudar o Brasil e a forma do povo pensar.

O iPobre também mantém o usuário informado com as manches do Pobre News. Além disso, conta com um aplicativo que permite ao dono do tablete, fazer a compra de créditos para a carteirinha do vale transporte, tudo online sem sair de casa.

Veja imagem do iPobre: Clique no aparaelho e veja em melhor resolução.


O iPobre também tem previsão do tempo, para informar se o usuário deve, ou não, sair de casa sem guarda-chuva; tem também anotações de dívidas e serviço de busca de restaurantes self-service com preços acessíveis, bem como de lojas com descontos e promoções. Também está incluso no tablete um aplicativo para o internauta procurar emprego.

O iPobre veio para revolucionar a tecnologia em favor do pobre, porque pobre também merece desfrutar da tecnologia, disse o criador do Tablet.

A banana mordida é o símbolo do iPobre. O criador explica o motivo: Maçã é fruta de rico; pobre come banana. Nada mais justo que a logomarca seja um objeto que represente bem o seu público, disse.





Juiz não pode suspender demarcação para pressionar índios a desocuparem terras em disputa

Inserido por: Administrador em 04/01/2012.


A pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Ari Pargendler, sustou os efeitos de decisões judiciais em oito ações de reintegração de posse de áreas no sul da Bahia. O juiz federal havia suspendido um processo administrativo de 2008 destinado à demarcação da terra da tribo Tupinambás, enquanto perdurasse a permanência dos índios na área em litígio.

Pargendler considerou que as decisões causam grave lesão à ordem pública porque interferem em atividade própria da administração. O ministro destacou que não se desconsidera a autoridade do juiz, mas afirmou que a decisão de desocupação das áreas disputadas por índios nos municípios de Ilhéus, Buerarema e Una deve ser cumprida “com os meios que o Estado lhe põe à disposição”.

Histórico

No curso de ações possessórias ajuizadas por proprietários e possuidores de terras no sul da Bahia contra a tribo Tupinambás, o juiz federal concedeu liminar determinando que os índios desocupassem a área litigiosa ou se abstivessem de causar perturbações. O mandado de reintegração foi cumprido em março de 2010.

No entanto, os indígenas teriam voltado a invadir uma fazenda, o que, para o juiz, demonstrou descaso com a decisão. Foi quando houve a determinação de suspender o processo administrativo de demarcação da terra indígena, considerando “a resistência ao cumprimento das decisões” por parte da tribo.

Houve pedido de suspensão da decisão ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas foi negado. No STJ, a Funai defendeu que a suspensão do processo demarcatório extrapolou os limites do pedido da ação de reintegração de posse, sendo extra petita. Por isso, a decisão seria “teratológica, desarrazoada e extremamente gravosa”.

A autarquia alegou, também, que a decisão paralisaria a atividade administrativa, representando risco de lesão à ordem pública. “A administração pública, portanto, fica impossibilitada de atuar, o que compromete inexoravelmente a ordem pública”, afirmou no pedido.


Fonte da notícia: STJ - Coordenadoria de Editoria e Imprensa

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

CIDADÃO OU CLIENTE?

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

O conceito moderno de cidadão consolida-se com a independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789). Simultaneamente herda e difere da noção de cidadania cultivada na antiga Grécia. Enquanto nesta as mulheres e escravos estavam excluídos da polis, na democracia moderna teoricamente todos têm direitos e deveres iguais. Idéia que se solidifica ainda mais com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

Cidadão, portanto, é aquele que tem o dever de cumprir as leis e pagar os impostos, adquirindo, por outro lado, direitos individuais inalienáveis. Do ponto de vista socioeconômico, político e cultural o cidadão é, ao mesmo tempo, sujeito e destinatário da política do Estado nação. As autoridades estatais, por sua parte, recolhem tributos com a obrigação de distribuir serviços.

Ocorre que o Estado não é neutro. Representa normalmente os interesses das classes dominantes. Hoje na economia globalizada, passam a agir como reféns ou capatazes das grandes corporações multinacionais ou transnacionais. Nesse sentido, a democracia nos países ocidentais mais parece um arcabouço legal para a manutenção do status quo, da ordem vigente. Em lugar de política voltada para as necessidades básicas da população de baixa renda, prevalece o esforço para garantir ou ampliar os privilégios históricos da “burguesia”.

No cenário da crise econômica internacional, tendem a diminuir os rendimentos provenientes da exploração sobre o trabalho. O comércio e os serviços em geral são as fatias mais dinâmicas e lucrativas no bolo da economia mundializada, em especial o setor da especulação financeira. Historicamente, o cidadão é explorado não só no campo das relações trabalhistas, mas também como consumidor de mercadorias e bens de todo tipo. Daí o estímulo às compras, por um lado, e taxação crescente e espiral sobre todo sorte de produtos, por outro.

Os governos se convertem em intermediários entre o cidadão-consumidor e o capital financeiro de grande porte. Um intermediário implícita ou explicitamente perverso. Uma espécie de correia de transmissão que capta os tributos do bolso ou do salário do trabalhador para repassá-los às contas bancárias dos especuladores nacionais ou internacionais. Não é sem razão que os bancos, nos últimos anos, acumulam lucros estratosféricos.

Verifica-se, assim, uma verdadeira transferência de renda às avessas, isto é da base para o topo da pirâmide. No caso do Brasil, com uma das cargas tributárias mais pesadas do mundo, essa transferência se dá concretamente no pagamento de juros e serviços da dívida pública, seja ela externa ou interna. Mais do que nunca se faz urgente e necessária uma auditoria dessa dívida, pois sobre ela recaem muitas suspeitas. O endividamento público constitui um dos labirintos mais obscuros da política econômica brasileira.

Segundo as autoridades de plantão, desde os tempos de Pedro Malan, tudo está equacionado. Mas a cada ano uma porcentagem nada desprezível do PIB (Produto Interno Bruto) é reservada para “manter os compromissos” com o capital financeiro. Que compromissos são esses? Em que circunstâncias foram contraídos? Qual a proporção de seu crescimento? Em última instância, quem paga a conta? Só uma auditoria séria e profunda poderia desvendar definitivamente esse “fio de Ariadne”

Enquanto isso, para os que habitam a base da pirâmide, sobram as migalhas de políticas compensatórias que a retórica governista insiste em fazer passar por políticas públicas. Mercado o governo se unem para incentivar a gastança. Ao invés do cidadão, privilegia-se o interesse pelo consumidor, o cliente, o usuário.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Itabuna o Paraíso (Como assim??????)

Autor: Alberto Grimm




"Como podemos reconhecer o paraíso, se nada parece suficiente para nós?"

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A ideia de um paraíso faz o homem esquecer que já o possui

Diário do primeiro dia:

"O lugar, a julgar pelas construções, que dessa distância podemos visualizar, parece ser povoado, embora ainda não tenhamos feito nenhum contato visual que possa comprovar esse fato. As construções são grandes e diversas em formatos, o que sugere, claramente, a existência de seres inteligentes na área. Portanto, todo cuidado é pouco."

Resumo do Segundo dia:

"Começamos a explorar o local marcado como alvo. Ainda não nos aproximamos da cidade. Em volta, conforme já diziam os antigos relatórios, há de fato muita água. Lagos e rios imensos. Água límpida, cristalina, perfeita para nossas futuras colônias. Um dos nossos batedores foi enviado para uma varredura mais apurada nos arredores da cidade. Ele tem consigo todos os equipamentos e acessórios necessários para a medição dos níveis locais de poluição ambiental, assim como da qualidade do ar. Aguardamos seu retorno com mais notícias."

Resumo do terceiro e quarto dias:

"De fato, o batedor nos informou via rádio, que, numa primeira análise, o ar é adequado. No entanto, não se sentiu pronto para fazer uma aproximação mais efetiva ao centro da cidade. Continua recolhendo amostras dos arredores e informa que ainda não viu nenhum habitante local. Pessoalmente, acredito que estamos diante da lendária terra prometida tão falada nos poemas dos antigos profetas..."

Início do quinto dia:

"Amanheceu há três horas e nenhuma notícia do batedor até agora tivemos. O combinado seria um relatório a cada seis horas. Talvez seja necessário enviarmos uma equipe ao local para verificar se algum imprevisto ocorreu. Enquanto isso, já coletamos amostras das águas da região e comprovamos que são de fato adequadas para uso. Mas, estamos em meio à mata fechada, não sabemos se as reservas da cidade possuem a mesma qualidade. Dependemos de respostas do batedor para prosseguirmos em direção ao alvo principal..."

Quinto dia, 14:00 horas:

"Não tivemos nenhum contato com o batedor. Uma equipe tática já foi enviada ao local para averiguações. Encontramos, em meio à selva, uma habitação e dela nos aproximamos. Os habitantes locais têm, por hábito, o cultivo de plantas suspensas em pequenos vasos com pratos maiores embaixo, que ficam pendurados em suas varandas, ou espalhados pelo chão, todos com água dentro. No entanto, não fizemos contato visual com nenhum desses moradores. Um dos nossos técnicos constatou que não há ninguém dentro da casa, talvez tenham viajado. Daí, segundo ele, o feliz costume de deixar nos recipientes das plantas, uma quantidade de água para vários dias. Vamos montar um posto de observação perto da casa."

Resumo do sexto dia:

"Fizemos o primeiro contato visual com um dos habitantes locais. Não pareceu perigoso ou digno de maiores cuidados da nossa parte. Ainda não tivemos notícia do batedor, mas a equipe de resgate encontrou suas anotações espalhadas pela selva, assim como seus equipamentos de análises. Esperamos que nos digam algo sobre o que aconteceu..."

Noite do sexto dia:

"Hoje, fizemos um plantão noturno. As anotações recolhidas são bastante relevantes e precisavam ser estudadas com urgência. Aqui, em nosso posto de observação não corremos perigo algum. Não há predadores ou riscos aparentes para nenhum do grupo. Sobre as anotações, o batedor informa que fez contato direto com os habitantes locais e agora, se preparava para averiguar as condições para implantação do núcleo de povoamento. Acreditava ele que encontrara o lugar perfeito. Observou ainda que, em quase todas as residências, as condições ambientais são adequadas. Temos o mapa da região, iremos verificar pela manhã."

Tarde do sétimo dia. Relatório final preliminar.

"Desculpe se pareço eufórico, mas, na verdade estou. Fizemos uma varredura completa do local indicado para o povoamento. São as condições, verdadeiramente excelentes. Não há agentes tóxicos, para nós, no meio ambiente, assim como não encontramos resistência alguma, da parte dos residentes. Poucos moradores nativos se preocupam com a possibilidade de uma ocupação pelos nossos colonos. O alimento, isso é importante, é farto e fácil de se obter. Isso é importante especialmente para os mais novos, da nossa espécie."


"Junto com esse relatório preliminar, na verdade quase final, estamos enviando um mapa completo com a localização perfeita para a instalação dos primeiros núcleos habitacionais. Imagino que em pouco tempo seremos muitos. Mas, alimento e condições para procriação não é um problema que tenhamos pela frente. Só quero acrescentar que as antigas profecias estavam corretas, quando falavam da sonhada terra prometida para o nosso povo. Acredito que a encontramos. E, senhores, podemos afirmar com grande júbilo, que, uma nova etapa em nossa existência terá início. Finalizando, este lugar, a terra prometida para nós, os Mosquitos Aedes Aegypti, ou mosquito da Dengue, é o maior país do continente Sul-americano. Podemos começar já os planos de mudança para cá. Em tempo, sobre nosso batedor, ele sucumbiu por excessos, devido a fartura da alimentação."

NÃO TINHA COMO NÃO LEMBRAR DE ITABUNA 


Autor: Alberto Grimm - é escritor de histórias infantis, é mestre em Filosofia e graduado também em Publicidade e Design Gráfico.


Os contos são fábulas modernas, das quais sempre podemos extrair formidáveis lições de vida, que muito favorece à reflexão.

email: alberto.grimm@gmail.com

domingo, 1 de janeiro de 2012

DIA MUNDIAL DA PAZ

Olhem com esperança para o futuro, mesmo diante das dificuldades. É o encorajamento do Papa Bento XVI aos jovens de todo mundo em mensagem escrita para o 45º Dia Mundial da Paz celebradao hoje em todo o mundo.


“Não tenham medo” e se empenhem “por um futuro mais luminoso a todos”, disse o Pontífice aos jovens que são os protagonistas dessa mensagem. A eles, Bento XVI dirige palavras de esperança e encorajamento.

“Vocês não estão sozinhos jamais. A Igreja confia em vocês. Ela vos segue e vos encoraja”, oferecendo a possibilidade de encontrar Jesus Cristo, disse o Papa.

O tema deste documento é “Educar os jovens para a justiça e para a paz”, onde o Santo Padre destaca a importância da família e da educação para a construção de uma paz autêntica, e critica o relativismo que apresenta uma ameaça ao bom uso da liberdade.

Leia a mensagem na integra. Clique aqui

Sai ano entra ano...

Pe. Alfredo J. Gonçalves

Sai 2011, entra 2012... O que muda? Praticamente nada, se excluirmos as datas. O calendário das mudanças históricas não é linear, seqüencial. Ao contrário, avança e recua, de acordo com as mais diversas circunstâncias. Há décadas que se arrastam como séculos, e há séculos em que as transformações se aceleram tão velozmente que os anos parecem dias. Os historiadores falam, por exemplo, do "breve século XX" (Erica Hobsbawn, em Era dos Extremos) e, ao mesmo tempo, de "Il lungo XX secolo" (Givanni Arrighi), conforme o enfoque da narrativa.

Mais perto do dia-a-dia, cada passagem de ano provoca uma euforia ou certo alvoroço, seguido de marasmo ou apatia. O sinal mais evidente disso está justamente no show pirotécnico que se realiza à meia noite do dia 31 de dezembro por todos os cantos do planeta: os fogos explodem em belas imagens de luzes e cores, mas em poucos segundos não passam de cinza apagada e morta. A correria do consumo e das festas rapidamente dá ligar ao período da ressaca e das dívidas. Como a maré que esbraveja ruidosamente contra as areias da praia, para depois recuar lenta e silenciosa.

A pergunta é: o que permanece de tudo isso? O que nos deixa como legado esse dinamismo substituído pela indiferença que, a cada ano, parece repetir-se em nossa trajetória? O calendário, seja ele solar, civil, político ou litúrgico, tem como função determinar o ritmo da vida. Nenhuma pessoa, povo ou cultura suporta um tempo indeterminado e abissal, sem marcos que regulem seu transcorrer silencioso. Tememos esse monstro, se não o temos devidamente controlado. As datas fixas do calendário deixam entrever os batimentos cardíacos de um tempo domesticado. Mas deixam entrever, sobretudo, a necessidade humana de imprimir onde no caos. Da mesma forma que o coração humano, também o coração da história bate em sua própria cadência e pode, igualmente, sofrer aceleração, arritmia, cansaço e até paradas súbitas.

Aqui entra o tema da ação social em suas variadas formas e iniciativas. Ela pode retardar ou acelerar o ritmo da história, independentemente do calendário fixo na parede dos escritórios e salas. As últimas décadas, no Brasil, exibem certa perplexidade e desinteresse quanto ao engajamento sociopolítico. O desestímulo parece ter tomado o lugar do entusiasmo militante e marcante das décadas anteriores. O foco da justiça, do direito e do bem-estar social dos anos 1960 até 1980 foi substituído, hoje em dia, pelo fogo do bem-estar pessoal, individual. O culto à satisfação do "eu", do corpo e da celebridade manifestam um hedonismo e individualismo mal disfarçados. O importante "é estar numa boa". A ética do trabalho, do dever e do compromisso vai, progressivamente, dando lugar à ética do prazer.

No caso do Movimento Social tomando em seu conjunto, o desencanto tem muito a ver com os entraves ao que se convencionou chamar de "Projeto Popular para o Brasil" (PPB). De uma forma ou de outra, o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) contribuiu para pulverizar os esforços coletivos em torno à construção de um esboço de projeto popular. Semelhante esboço tem seu berço em vários igarapés dos anos 1970, tais como a prática das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e a reflexão teórica da Teologia da Libertação (TdL), movimentos sindicalistas e estudantis, aporte dos intelectuais orgânicos, movimentos sociais, etc. Igarapés que no início de 1980 vão formar o grande rio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do PT. Nas décadas de 80 e 90, dois projetos se lutam pela tomada do poder: projeto neoliberal e projeto popular. No interior de tudo isso, e avançado para a década de 2000, prosseguem o processo de reflexão das Semanas Sociais Brasileiras (SSBs), das Consultas Populares (plebiscitos), da Assembleia Popular, do Grito dos Excluídos, da Campanha Jubileu Sul, entre tantas outras iniciativas.

Porém, a partir do momento em que o PT assume o Palácio do Planalto, por distintos fatores, motivações e circunstâncias que o espaço e o tempo não permitem detalhar, o PPB se desagrega pouco a pouco, não conseguindo pautar a agenda do governo federal. O acúmulo de reflexão adquirida ao longo de várias décadas começa a erodir-se. Escorrega entre os dedos, através de posturas diferentes, às vezes ambíguas e atônitas e até mesmo contraditórias. Também as Igrejas (no plural) tiveram um papel tímido nesse processo de esfarelamento do poder popular. O seu silêncio, às vezes ensurdecedor frente a situações de extrema gravidade, de certa forma consagra e legitima a apatia que se reflete nas ações sociais. Pior ainda quando a tal silêncio se acrescenta uma postura ativa de volta à sacristia e à doutrina, ao dogma e à pompa principesca por parte de não poucos setores eclesiais.

Além disso, no interior mesmo dos movimentos sociais, das entidades e organizações não governamentais, das pastorais, associações e de outras iniciativas de caráter originalmente popular, não raro se desenvolve certo "profissionalismo de laboratório" que afasta e desestimula o "trabalho de formiguinha". Isso para não falar de outros "ismos", como centralismo, machismo, nepotismo, falta de transparência na administração financeira... Nesse campo, não é difícil que planetas virem estrelas e estas não sabem mais (ou não querem) retornar ao trabalho de base.

Obviamente a passagem de ano não traz transformações automáticas. Nos avanços e recuos da história não há magia. Aliás, tanto a economia como a política brasileira não parecem dispostas a mudar o rumo do modelo neoliberal vigente. Mudanças de superfície, sim, aparecem a todo o momento, acompanhadas de eloquente retórica. Mas não mudanças profundas e substanciais. Estas, aliás, como bem sabemos, não costumam descer do alto (ou do planalto), mas da planície ou do chão, a exemplo das flores, das espigas e dos edifícios. São como as sementes: primeiro, mergulham suas raízes no solo frio e úmido da realidade; só depois se erguem em direção ao sol, ao céu azul e ao ar livre. Deixemos no ar uma pergunta incômoda: em 2012 podemos esperar que as políticas públicas superem as políticas compensatórias e que o projeto de poder dê lugar a um projeto de nação?