O primeiro dia do Encontro de Atingidos pela BAMIN, realizado ontem na Vila Juerana, em Ilhéus, reuniu cerca de 150 pessoas das comunidades afetadas pela construção das obras da Bahia Mineração (BAMIN). O objetivo da reunião, que continuará nesta sexta-feira, é ajudar as comunidades a entender a dimensão dos impactos socioambientais que a exploração do minério de ferro em Caetité, a construção do Complexo Intermodal Porto Sul e da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL) terão sobre as regiões oeste, sul e sudoeste da Bahia. Os participantes se preparam para a Audiência Pública do projeto que acontecerá no sábado, dia 29, às 14h, no Centro de Convenções de Ilhéus.
Com apoio de organizações civis como Cáritas, Articulação São Francisco Vivo, CEAS (Centro de Estudos e Ação Social), CPT (Comissão Pastoral da Terra) e CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços), representantes dos municípios de Barra do Rocha, Banco Central, Ubatã, Ubaitaba, Caetité, Pindaí, Aurelino Leal, Anurí, Bom Jesus da Lapa, Lagoa Real e Brumado ouviram ontem as palestras ministradas por Rui Rocha, do Instituto Floresta Viva; Joaci Cunha, do Centro de Estudos e Ação Social e Sander Prates, da Comissão Pastoral da Terra.
Uma das principais preocupações das organizações civis está relacionada à necessidade de reassentamento de cerca de quatro mil pessoas que residem na região. Além disso, alertam para a necessidade de aprofundamento de estudos sobre a previsão de morte de peixes e a possibilidade de colisões de navios com mamíferos marinhos, muito frequentes na área, além de alterações na movimentação de leitos de rios e de sedimentos costeiros – o que pode alterar a configuração das praias e manguezais da região.
A Rede Sul da Bahia Justo e Sustentável – movimento que reúne diversas entidades que lutam pelo desenvolvimento sustentável de Ilhéus e região, como o Ação Ilhéus, o Instituto Floresta Viva, o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Conservação Internacional do Brasil e Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia, entende que a infraestrutura é uma necessidade eminente para o desenvolvimento do estado baiano. Porém, a escolha dos locais onde serão implementados os projetos deve ser feita com muito cuidado, tendo em vista que estamos falando de uma das poucas regiões brasileiras que ainda tem o privilégio de poder basear seu desenvolvimento em vocações econômicas naturais como o turismo, a pesca, o cacau e a economia florestal, entre outros.
O processo de revitalização e ampliação das estruturas logísticas já existentes em outras regiões da Bahia pode ser uma alternativa mais interessante para o meio ambiente, pessoas e fundamentalmente para a economia do estado. Se o mesmo montante a ser investido no Porto fosse aplicado nas atividades econômicas historicamente já existentes e potenciais, a geração de emprego e renda poderia ser maior do que as geradas pela implantação do complexo portuário.
Hoje também serão realizadas manifestações contra a construção do Porto Sul. Às 18h, os moradores atingidos e representantes de sociedades civis do Sul da Bahia vão se reunir em frente à Catedral São Sebastião para uma vigília. O movimento continuará no sábado, às 11h, com uma passeata a partir da catedral em direção ao local da Audiência Pública.
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