sábado, 27 de fevereiro de 2010

HIENAS TRAVESTIDAS DE OVELHAS

Conhecem aquela história de lobos vestidos de cordeiros? Existe outra, ainda mais cruel, são as das hienas travestidas de ovelhas. Podemos traduzi-las assim: Grandes empresas ou grandes projetos (mineradoras, empresas plantadoras de eucaliptos, de soja, de cana de acuçar, hidrelétricas, etc) chegam em comunidade previamente escolhidas, principalmente rurais com o discurso já pronto e bem articulado e muito bem elaborado, mas sempre o mesmo discurso, de que, aquele determinado projeto que elas representam e trazem para aquela determinada região, trará progresso, benefícios, empregos, desenvolvimento.

E como muitos políticos, prometem justamente aquilo que devido a omissão e a falta de responsabilidade do poder público é carente naquela região; geração de empregos (e geralmente prometem muito), construção de hospitais, estradas, colégios. Com estes investimentos elas tentam iludir as comunidades para que estas aceitem o empreendimento. Em todo caso, quando estas estratégias não funcionam, apela-se para a velha e tradicional forma do uso da força, da violência física, da expulsão por meio de recursos econômicos, políticos e jurídicos.

Estes empreendimentos usam todos os instrumentos de comunicação, a exemplo de rádios, jornais, sites, TVs, publicações para fazer propagandas dos seus projetos, sempre os apresentando como a "oitava maravilha do mundo" como se estes empreendimentos fossem a "salvação da pátria" ou a única saída para resolver a situação de crise vivenciada naquela região. Mas a estratégia mais nova que vem sendo utilizada por elas são os patrocínios a eventos e festas nas comunidades.

Na maioria dos casos é formada uma aliança entre as autoridades municipais e as elites locais para que o empreendimento se instale. Há uma expectativa de corretores de imóveis, pequenos comerciantes e empreiteiras de ganharem dinheiro com o empreendimento.

Aqui na nossa região(sul da Bahia) esta estratégia é facilmente identificada pela prática da Empresa Bahia de Mineração - BAMIN. Que chegou a nossa região já patrocinando campeonato de surf, Corrida da Costa do Cacau, é um dos patrocinadores do time do Colo-Colo, tem uma enorme propaganda nas TVs falando da defesa ao meio ambiente, geração de empregos.

Todo este bombardeio gera expectativas na população, e sempre divide opiniões. Por um lado, os que acreditam em todas as propostas da empresa e nas promessas, principalmente na de geração de empregos, "progresso", riquezas e "desenvolvimento", por outro lado, os que cansados de promessas, e conhecedores de outras situações já vivenciadas a partir da prática da empresa (ver parágrafo mais abaixo), acreditam que a empresa se aproxima com um único propósito de apropria-se, e explorar dos recursos naturais e humanos locais, gerar lucro para si, produzir para o mercado externo, deixando danos para a comunidade local. (Ver manifesto dos movimentos populares da região contra a prática da BAMIN - Clique aqui).

O que muito gente não sabe, e, é claro que a empresa não vai divulgar isto, e muito menos os seus aliados (TVS, Jornais, Políticos, etc). A Empresa Bahia Mineração (BAMIN) chegou a algum tempo ao sudoeste baiano com estas mesmas promessas: geração de empregos e riquezas na exploração da reserva de minérios de ferro nos solos dos municípios de Caetité e Pindaí. No entanto as atividades do empreendimento, causou enorme destruição ambiental nesta região. Ver noticias sobre a atual situação.. clique aqui 

A BAMIN é uma empresa com 100% do seu capital estrangeiro pertencente na atualidade a dois grandes grupos: a Zamin Ferrous, que pertence ao investidor indiano Pramod Agarwal e ao grupo Eurasian Natural Resources Corporation - ENRC, empresa com ações listadas na bolsa de valores de Londres, sediada no Cazaquistão e 6ª maior exportadora de minério de ferro do mundo.

Um outro fator importante a ser refletido é que a implantação da empresa, não diferente de outros locais atrairá para região um expressivo número de pessoas em busca dos prometidos empregos, o que por sua vez ocasionará um aumento populacional e com ele os problemas sociais em municípios (Itabuna, Ilhéus, Urucuça) que já vivem em situações precárias de saúde, educação e principalmente de abastecimento de água.

Portanto amigos muito cuidado com as Hienas travestidas de Ovelhas prometendo, enganando, boazinhas "ajudando a todos e a todas". Aqui na região as Hienas andam em bando e podem ser chamadas de BAMIN, VERACEL, BUENO,RENOVA ENERGIA, PROJETO INTERMODAL.

2 comentários:

  1. Concordo, em genero, numero e grau. Aqui no extremo sul a VERACEL chegou construindo Hospitais, Consertando estradas, comprando Vereadores, Prefeitos, patrocinando festas de padroeiras, etc. Depois de causar enorme destruição no norte do Espirito Santo veio e estar destruindo o que ainda restou do nosso meio amebiente, explorando os trabalhadores, invadindo territórios dos índios, e causando enorme convulsão social nas cidades do extremo sul.Chegou como a grande solução para o extremo sul, mas hoje que tirou a pele de ovelha, mostra a sua verdadeira face de lobo.

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  2. concordo! No Acre a situação não é diferente.

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