terça-feira, 27 de março de 2012

TRANPOSIÇÃO - E O BISPO TINHA RAZÃO.....

(*) Ruben Siqueira

“Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho". Com esta ideia, o bispo franciscano de Barra–BA dom Luiz Cappio justificava seus dois jejuns, em 2005 e 2007, contra o projeto de transposição, em defesa do Rio São Francisco e do semiárido brasileiro. Dizia que o projeto, além de ignorar o mal estado do rio, visava, como sempre no Nordeste, concentrar água, terra e poder, levaria dinheiro público para o ralo e votos para urnas e – vaticínio profético? – não seria concluído.


E não é que, não à parte a loucura, ele tinha razão! Quatro anos e meio depois de iniciado, o projeto capenga, confirmando as críticas do bispo, de cientistas respeitados e dos movimentos populares. O próprio sertanejo da região “beneficiada", até aqui iludido com a mítica promessa, começa a desconfiar.

Como já estamos em temporada eleitoral, ficam mais claras tanto as manobras do governo como as da oposição, a mídia a reboque. O início de 2012 é pródigo em matérias em vários veículos sobre o desandar da transposição. O governo corre a cons(c)ertar... Em meio ao jogo dos interesses – de empreiteiras, políticos, empresas da indústria e do agronegócio e da mídia a estes ligados – nem sempre se evidenciam os fatos dando razão ao bispo e aos demais críticos.

Já em outubro de 2011, por ocasião do 4 de outubro, dia do santo e do rio São Francisco, a Articulação Popular São Francisco Vivo, com mais de 300 entidades da Bacia, lançava documento chamando atenção para a confirmação de quase todas as principais críticas ao projeto:


“1. A obra seria muito mais cara que o previsto: de 5 bilhões iniciais já estão reajustadas em 6,8 bilhões, um aditivo de 1,8 bilhões, 36% em média. Há lotes ainda não re-licitados, o que vai onerar ainda mais o preço final.

2. Não atenderia a população mais necessitada: efetivamente, não pôs uma gota d’água para nenhum necessitado; antes desmantelou a produção agrícola local por onde passou.

3. O custo da água seria inviável: hoje o governo reconhece que o metro cúbico valerá cerca de R$ 0,13 (poderá ser ainda bem maior), seis vezes maior que às margens do São Francisco, onde muitos irrigantes estão inadimplentes por dívidas com os sistemas de água. Para ser economicamente viável, este preço terá que ser subsidiado, e é certo que o povo pagará a conta;

4. Impactaria comunidades indígenas e quilombolas: comunidades quilombolas impactadas são 50 e povos indígenas nove. As demarcações de seus territórios foram emperradas, patrimônios destruídos. No caso dos Truká, em Cabrobó – PE, em cuja área o Exército iniciou o Eixo Norte, o território já identificado é demarcado se aceitarem as obras. No caso dos Tumbalalá, em Curaçá e Abaré – BA, na outra margem, se aceitarem a barragem de Pedra Branca. Ainda não foi demarcado pela FUNAI o território Pipipã e concluído o processo Kambiwá, a serem cortados pelos futuros canais, ao pé da Serra Negra, em Pernambuco, monumento natural e sagrado de vários povos. Muitas destas comunidades resistem. Em Serra Negra povoado e assentamento de reforma agrária não admitem as obras em seu espaço.

5. Destruiria o meio ambiente: grandes porções da caatinga foram desmatadas. Inventário florestal levantou mais de mil espécies vegetais somente no Eixo Leste.

6. Empregos precários e temporários: como sintetizou o cacique Neguinho Truká, “os empregos foram temporários, os problemas são permanentes”. Em Cabrobó, nada restou da prometida dinamização econômica, só decepção e revolta. Nas cidades por onde a obra passou ficou um rastro de comércio desorientado, casas vazias, gente desempregada, adolescentes grávidas...

7. Arrastadas no tempo, a obra se presta a “transpor” votos e recursos: não debela, antes realimenta a “indústria política da seca”. Nova precisão de data para conclusão: 2014! Vem mais uma eleição aí, em 2012, outra em 2014...

8. Faltam duas das conseqüências graves a serem totalmente comprovadas, que só teremos certeza se a obra chegar ao fim: vai impactar ainda mais o rio São Francisco e não vai levar água para os necessitados do Nordeste Setentrional. Enfim, a Transposição é para o agro-hidronegócio e pólos industriais do Pecém (CE) e Suape (PE).”

As obras começaram apressadas sob pressão político-eleitoral. Foram aprovados e iniciados projetos sem suficiente detalhamento. Ignoraram-se solenemente as condições climáticas e geológicas da região. O resultado logo apareceu: canais rachados, túneis desabando, deslizamento de solo, infiltrações... Montanhas de dinheiro público jogado fora! O governo diz que a responsabilidade pela reconstrução é das empresas... Mas o custo total da obra já foi acrescido em 36%. E o prazo dilatado para 2015. E ainda faltam 30% do eixo leste (287 km) e 54% do eixo norte (426 km). Se tudo ficar pronto mesmo, pleno funcionamento só em 2030! Até lá quanto ainda vai custar aos cofres públicos, à paciência sertaneja e nacional e à verdade científica e ética?

Empregos frustrados, caatinga devastada, animais mortos, lavouras perdidas, difícil recomeço para quem perdeu o que tinha e foi mal indenizado... Maria Rosa, aposentada, do povoado Montevidéu, em Salgueiro-PE, disse à reportagem do Jornal do Commercio (Recife, 07/02/2012) indignada sem a água que a obra da transposição ao invés de trazer estancou: “Cadê essa água que não chega? Só quando Deus mandar. Eu vou ficar aqui esperando por Deus. Diz que quem espera por Deus não cansa e eu acho que estou cansando, mas vou levando”. Todo estardalhaço da mirabolante transposição até agora fez foi confirmou a “sina” nordestina de conformismo e resistência, do que o bispo Cappio bem entende há quase 40 anos. A luta de sempre continua!



(*) Ruben Siqueira é assessor da CPT Bahia / Articulação Popular São Francisco Vivo

segunda-feira, 26 de março de 2012

OS PERIGOS DA AUTO MEDICAÇÃO




CONVITE


Grupo “Se Toque” promove palestra gratuita:



“OS PERIGOS DA AUTO MEDICAÇÃO”

VILMEINE BEZERRA - FARMACÊUTICA



Data: 31/03/2012 (sábado)


Hora: 10:00


Local: AUDITÓRIO DO HOSPITAL SANTA CRUZ


Rua Antonio Muniz, s/n –Pontalzinho – Itabuna-Ba.



Quem comparecer, pede-se levar um quilo de alimento

domingo, 25 de março de 2012

O CÃO RAIVOSO

Autor: Esopo






Um cachorro costumava atacar sorrateiramente e morder os calcanhares de quem encontrasse pela frente.

Seu dono então, pendurou um sino em seu pescoço pois assim ele alertava as pessoas de sua presença onde quer que estivesse.

O cachorro cresceu orgulhoso e, vaidoso do seu sino, caminhava tilintando-o pela rua.

Um velho cão de caça então lhe disse:

- Por quê você se exibe tanto? Este sino que carrega não é, acredite, nenhuma honra ao mérito, mas ao contrário, uma marca de desonra, um aviso público para que todas as pessoas o evitem por ser perigoso.


Moral: Engana-se quem pensa que notoriedade é fama.


sábado, 24 de março de 2012

32 anos do martírio de Dom Oscar Romero

  
Hoje 24 de março de 2012,  completa-se 32 anos da morte de Dom Oscar Romero, Bispo de San Salvador, grande líder e referência para todos os cristãos, e também para a sociedade em geral, comprometidos com a causa dos mais pobres e com a construção de um mundo mais justo, solidário e igualitário.
Dom Oscar, que tanto lutou em favor dos oprimidos, foi assassinado enquanto celebrava uma missa, por um atirador de elite do exército salvadorenho. O crime foi motivado pelas denúncias públicas persistentemente feitas pelo Bispo, sobre a repressão e a violência do Estado e a exploração imposta ao povo daquele país.
O Conselho de Cidadania Permanete traz essa lembrança de Dom Oscar Romero, como exemplo de luta que nos dá força e esperança para seguirmos atuantes. Reproduzo abaixo artigo de Dom Samuel Ruiz Garcia, Bispo Emérito de San Cristóbal de las Casas, Chiapas – México, que muito traduz o espírito de Dom Oscar.

O Bispo dos pobres

Um grupo de bispos latino-americanos, no dia 29 de março de 1980, às vésperas dos funerais de dom Romero, assinou um documento que dizia: “Três coisas admiramos e agradecemos no episcopado de dom Oscar A. Romero: foi, em primeiro lugar, anunciador da fé e mestre da verdade [...]. Foi, em segundo lugar, um resoluto defensor da justiça [...]. Em terceiro lugar, foi o amigo, o irmão, o defensor dos pobres e oprimidos, dos camponeses, dos operários, dos que vivem nos bairros marginalizados”.

Dom Romero foi um bispo exemplar, porque foi um bispo dos pobres em um continente que carrega tão cruelmente a marca da pobreza das grandes maiorias, enxertou-se entre eles, defendeu sua causa e sofreu a mesma sorte deles: a perseguição e o martírio. Dom Romero é o símbolo de toda uma Igreja e de um continente latino-americanos, verdadeiro servo sofredor de Yahwé, que carrega o pecado, a injustiça e a morte de nosso continente. Embora, às vezes, o pressentíamos, seu assassinato não nos surpreendeu; seu destino não podia ser outro, pois ele foi fiel a Jesus e se inseriu de verdade na dor de nossos povos.

Porém, sabemos que a morte de dom Romero não foi um fato isolado. Fez parte do testemunho de uma Igreja que, tanto em Medellín, como em Puebla, optou, a partir do Evangelho, pelos pobres e oprimidos. Por isso, agora compreendemos melhor, desde seu martírio, a morte por fome e doença, realidades permanentes em nossos povos; assim como os incontáveis martírios, as incontáveis cruzes que pontuam nosso continente nestes anos: camponeses, moradores das periferias, operários, estudantes, sacerdotes, agentes de pastoral, religiosas, bispos encarcerados, torturados, assassinados por crerem em Jesus Cristo e amarem os pobres.

São, como a morte de Jesus, fruto da injustiça dos homens e, ao mesmo tempo, semente da ressurreição [...]. Dom Oscar A. “Romero é um mártir da libertação que o Evangelho exige, um exemplo vivo do pastor que Puebla queria”. Dom Romero, que assistiu em 1979 à Conferência Geral dos Bispos Latino-americanos em Puebla, identificou-se plenamente com o apelo dos bispos à “conversão de toda a Igreja para uma opção preferencial pelos pobres, no intuito de sua integral libertação” (Puebla 1134). Assim, ele leu, com toda clareza, num país esgarrado pela violência, “a testemunha subversiva das Bem-aventuranças que revolveram tudo” e entendeu que tinha de desarraigar a violência a partir de suas bases, a violência estrutural, a injustiça social. E, por isso, é dever da Igreja “conhecer os mecanismos da pobreza”.

A opção preferencial pelos pobres é um convite para a Igreja como um todo e para cada seguidor de Cristo. “O cristão, se não viver este compromisso de solidariedade com o pobre, não é digno de chamar-se cristão”, ele dizia. E continuava: “Por isso, os pobres marcaram o verdadeiro caminho da Igreja. Uma Igreja que não se une aos pobres para denunciar, a partir deles, as injustiças que se cometem contra eles, não é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo” (Homilia, 23 de setembro de 1979). Nisso, ele reconheceu sua missão como arcebispo: “Creio que fazer esta denúncia, na minha condição de pastor do povo que sofre a injustiça, seja meu dever.

Isto me impõe o Evangelho, pelo qual estou disposto a enfrentar o processo e a prisão” (Homilia, 14 de maio de 1978). Com muita clareza, na homilia de 8 de julho de 1979, afirmou: “Se nos cortarem a rádio, se nos fecharem o jornal, se não nos deixarem falar, se matarem todos os sacerdotes e até o arcebispo, e ficar um povo sem sacerdotes, cada um de vocês deve converter-se em microfone de Deus, cada um de vocês deve ser um mensageiro, um profeta”. Durante um retiro de quatro dias com um grupo de sacerdotes do Vicariato de Chalatenango, ele anotou estas linhas, nas quais relata a resposta de seu confessor, o pe.Azcue: “Outro meu temor é a propósito dos riscos de minha vida. Custa-me aceitar uma morte violenta, que nestas circunstâncias é absolutamente possível.

O padre me deu ânimo, dizendo-me que minha disposição deve ser a de dar minha vida por Deus, qualquer que seja meu fim. As circunstâncias desconhecidas, devo vivê-las com a graça de Deus, que assistiu os mártires e, se for necessário, senti-la-ei vizinha a mim quando der o último respiro. Porém, mais importante que o momento de morrer, é oferecer a Deus toda a minha vida, viver por Ele”. Duas semanas antes de sua morte, numa entrevista ao diário Excelsior, do México, disse: “Fui freqüentemente ameaçado de morte. Devo dizer-lhe que, como cristão, não creio na morte sem ressurreição: se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho.

Digo isso sem nenhum ostentação, com a maior humildade. Como pastor, sou obrigado, por mandado divino, a dar a vida por aqueles que amo, que são todos os salvadorenhos, até por aqueles que me assassinarem. Se chegarem a cumprir-se as ameaças, desde agora ofereço a Deus meu sangue pela redenção e ressurreição de El Salvador. O martírio é uma graça de Deus, que não me sinto na situação de merecer, porém, se Deus aceitar o sacrifício de minha vida, que meu sangue seja semente de liberdade e sinal de que a esperança se transformará logo em realidade.

Minha morte, se for aceita por Deus, que seja pela libertação do meu povo e como testemunho de esperança no futuro. Você pode escrever: se chegarem a me matar, desde já eu perdôo e abençôo aquele que o fizer”. Não resta dúvida sobre o caráter martirial da morte de dom Romero. Iniciou-se, na América Latina, a época em que os cristãos, morrendo pela fé, dão sua vida pela justiça.
 
FONTE: http://robsonleite.com.br/blog/31-anos-sem-dom-oscar-romero/

sexta-feira, 23 de março de 2012

A PEC 215 e o Palácio do Planalto

Diante da indecente e maquiavelica postura adotada pela Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania da Câmara - CCJC, comandada pela bancada ruralista e apoio da bancada evangélica o Conselho Indigenista Missionário lança a seguinte nota Pública:





     NOTA PÚBLICA
A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara Federal revela mais uma vez a força e a vontade dos ruralistas de transformar o Brasil num grande latifúndio e avançar sobre as terras de ocupação tradicional dos povos indígenas e quilombolas e áreas de conservação ambiental.
A classe ruralista festeja a aprovação como vitória, considerando-a um primeiro passo ao livre acesso às terras indígenas e quilombolas e à legalização de suas invasões. Quem, de fato, sai derrotado são os povos indígenas, quilombolas e o meio ambiente, sempre de novo lesados em seus direitos constitucionais.
Assistimos horrorizados a mais uma ofensiva em curso contra os povos indígenas e quilombolas. Para defender os seus interesses, os ruralistas não hesitam em colocar em cheque até as conquistas democráticas consagradas na Constituição de 1988. E o governo federal, lamentavelmente, prefere fazer a política do avestruz em vez de manifestar-se contrário e tomar uma posição inequívoca em favor dos parâmetros constitucionais contra a ditadura do agronegócio.
Aliados aos povos indígenas e quilombolas exigimos do governo federal que se posicione vigorosamente contra a PEC 215 e retome imediatamente e cumpra os processos administrativos e acelere as demarcações e homologações das áreas indígenas e quilombolas.

Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Brasília, 23 de março de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

Dia Mundial da Água completa 20 anos


O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.

Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) esta sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a "Declaração Universal dos Direitos da Água" (leia abaixo). Este texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.

Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 364 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar idéias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.

Declaração Universal dos Direitos da Água


Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

PEC 215 é risco de uma nova invasão colonial

 A primeira batalha de uma guerra ainda longe do fim acabou vencida pela bancada ruralista e evangélica da Câmera Federal. Por 38 votos a dois, foi aprovada na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira, 21, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000. A proposta segue agora para Comissão Especial e o movimento indígena segue mobilizado.

O objetivo da PEC 215 é levar para o Congresso Nacional a demarcação e homologação de terras indígenas, quilombolas e de áreas de conservação ambiental, que conforme a Constituição Federal é atribuição do Poder Executivo.

Durante a sessão da CCJ, o movimento indígena esteve presente e protestou com cânticos, rituais e gritos de guerra. A polícia legislativa entrou em ação e com truculência tentou de todas as formas calar os indígenas, impedindo-os de mostrar a indignação contra a PEC. “Essa proposta afeta a vida dessas pessoas, portanto os indígenas têm todo o direito de protestar”, destacou o deputado Paulo Teixeira (PT/SP).

Estavam presentes na sessão indígenas – cerca de 30 - dos povos Xakriabá, de Minas Gerais, Guarani Kaiowá e Terena, de Mato Grosso do Sul, Kaingang, do Rio Grande do Sul, Macuxi, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, de Roraima, além dos povos Marubo, Kanamari, os dois da Terra Indígena Vale do Javari, e Mura, do Amazonas, além dos Kayapó e XiKrin, ambos do Pará.

“Essa PEC é movida por interesses econômicos dos ruralistas, que não são melhores e mais eficientes que a vida e costumes desses povos que possuem direitos sobre a terra. Garantir tais direitos é uma questão de soberania nacional”, opinou o deputado Evandro Milhomen (PCdoB/AP).

Veja mais informações no site do CIMI:
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6150&action=read


Abaixo um excelente artigo do jornalista Daniel Calazans, que dá um pouco a dimensão do estrago. 


  
Por Daniel Calazans Pierri


 Hoje, dia 21 de março de 2012, ficou evidente que o Congresso Brasileiro representa tudo o que há de mais retrógrado na política mundial. A aprovação da chamada PEC 215 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara indica a disposição de grande parte do parlamento brasileiro em reinaugurar o período de Invasão Colonial, dilapidando territórios indígenas através de um neobandeirantismo ruralista vergonhoso e inimaginável para o século XXI.
A PEC 215 pretende modificar o Artigo 231 da Constituição Federal, passando para o Congresso Nacional a prerrogativa não só de realizar novas demarcações de terras indígenas no país, como também a atribuição de ratificar as homologações já realizadas até aqui. Na prática, isso significa que seria possível para o Congresso até mesmo dissolver terras indígenas já demarcadas, que representam um direito adquirido para as populações que nelas habitam, reabrindo a fronteira colonial e usurpando territórios reconquistados a custa já de muito sangue.
Num Congresso Nacional dominado por ruralistas nem o mais ingênuo dos cidadãos poderia imaginar também que novas terras indígenas possam demarcadas se essa PEC for aprovada. Isso significa a perpetuação do genocídio que atualmente está em marcha contra as populações que não tiveram ainda suas terras reconhecidas como é o caso dos Guarani e Kaiowa que habitam o Mato Grosso do Sul, além do Sul e Sudeste do país.
A PEC 215 agravaria todos os conflitos fundiários já existentes, uma vez que a situação desesperadora dessas populações tornar-se-ia fato irreversível e além de tudo abriria caminho para que os ruralistas inaugurassem novos genocídios contra povos que atualmente tem seu direito territorial consolidado.
O capítulo “Dos Índios” da Constituição Federal é uma cláusula pétrea de nossa carta magna, tendo sido um dos poucos votados quase que por unanimidade durante a Constituinte. A tentativa da bancada ruralista de dilapidá-lo na sua essência é um atentado contra a democracia brasileira, e fere em tudo o espírito dos constituintes originários.
No dia de hoje também, os ruralistas chantagearam o governo, do qual supostamente formam a base, chegando ao absurdo de condicionar a aprovação da Lei Geral da Copa à votação do Código Florestal, em formatos cada vez mais prejudiciais às florestas brasileiras, à cada negociação.
O que se vê é uma flagrante tentativa de golpe de Estado por parte da bancada ruralista, que pretende tornar todas as pautas de interesse da nação subordinadas ao seu interesse mais mesquinho de ampliação da fronteira agrícola a todo e qualquer custo.
A democracia brasileira está em risco, é preciso mobilização urgente de toda a sociedade civil para conter a gana dos ruralistas em destruir as florestas, os índios, o governo e o país. 

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Internacional da Síndrome de Down

Diversas ações educativas são realizadas em todo o Brasil nesta quarta-feira (21), em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21. Atualmente, a data ganha boa notícia – com os avanços da medicina, a expectativa de vida dos portadores da modificação genética subiu de cerca de 15 anos, em 1947, para 70. Os dados são da Santa Casa de São Paulo.

No Congresso, o tema será abordado durante todo o dia. Segundo dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casos no país supera os 300 mil. A Síndrome de Down pode atingir um entre 800 ou 1000 recém-nascidos. A variação deve-se ao fato de a incidência do distúrbio aumentar em filhos de mulheres mais velhas.

Segundo Juan Llerena, médico geneticista do Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 60% dos casos ocorrem em mães com mais de 35 anos. “Em jovens, a probabilidade é de um bebê com down para cada 1752 partos. Aos 40, o risco sobe de um para 80”, exemplifica o médico.


EM ITABUNA 

Núcleo Aprendendo Down/Universidade Estadual de Santa Cruz/BA, realiza diveras atividades em comemorção a este importante dia.

21/03 – Distribuição de Boletins Informativos na Praça Olinto Leone.

Apresentações de Dança com pessoas com Síndrome de Down.

Mostra de Artesanatos;


22/03
Seminário “VIDA SAUDÁVEL”, no Auditório do Condomínio Artumiro Fontes:

- “DIZENDO NÃO A OBESIDADE” – Dr. Luis Jesuíno/Endocrinologista;

- “ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL” – Dr.ª Débora Vasconcelos/ Nutricionista;

- “OBESIDADE, HIPOTIREOIDISMO E SEDENTARISMO” – Rafael Kalil/ Graduando em Medicina

domingo, 18 de março de 2012

O GALO E A RAPOSA

Autor: Esopo

O galo cacarejava em cima de uma árvore. Vendo-o ali, a raposa tratou de bolar uma estratégia para que ele descesse e fosse o prato principal de seu almoço.

-Você já ficou sabendo da grande novidade, galo? – perguntou a raposa.

-Não. Que novidade é essa?

-Acaba de ser assinada uma proclamação de paz entre todos os bichos da terra, da água e do ar. De hoje em diante, ninguém persegue mais ninguém. No reino animal haverá apenas paz, harmonia e amor.

-Isso parece inacreditável! – comentou o galo.

-Vamos, desça da árvore que eu lhe darei mais detalhes sobre o assunto – disse a raposa.

O galo, que de bobo não tinha nada, desconfiou que tudo não passava de um estratagema da raposa. Então, fingiu estar vendo alguém se aproximando.

-Quem vem lá? Quem vem lá? – perguntou a raposa curiosa.

-Uma matilha de cães de caça – respondeu o galo.

-Bem...nesse caso é melhor eu me apressar – desculpou-se a raposa.

-O que é isso, raposa? Você está com medo? Se a tal proclamação está mesmo em vigor, não há nada a temer. Os cães de caça não vão atacá-la como costumava fazer.

-Talvez eles ainda não saibam da proclamação. Adeusinho!

E lá se foi a raposa, com toda a pressa, em busca de uma outra presa para o seu almoço.


Moral:  É preciso ter cuidado com amizades repentinas. Ou então, não crer de leve é o conselho da prudência; reconhecendo a impostura, dissimular é o melhor meio de evitá-la.

sábado, 17 de março de 2012

A crise da água e a sede de vida

Marcelo Barros


por Adital


Na próxima semana, dia 22, a ONU celebra mais um dia internacional da água. Em vários países, devido à urgência do problema, as reflexões e eventos sobre esse dia tomarão toda a semana. De fato, estamos em situação de risco. O sistema de vida no planeta Terra está ameaçado e a água se torna o bem mais precioso. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas já não têm acesso à água potável, e 2,4 bilhão de pessoas não têm saneamento básico. Cada ano, seis milhões de pobres, dos quais quatro milhões de crianças, morrem de enfermidades ligadas a águas contaminadas. Até o ano 2025, conforme um estudo da ONU, este problema afetará metade da humanidade.

Há diversos motivos para esta crise. O planeta Terra tem 75% de sua superfície ocupada por oceanos, mas a água doce representa apenas 2,5% deste total. No último século, a população mundial aumentou muito e na maioria dos países a urbanização se fez de modo descontrolado. É ao redor das 217 bacias fluviais internacionais que se concentra 40% da população da humanidade. Por causa do crescimento demográfico e da poluição, nos últimos 30 anos, os recursos hídricos foram reduzidos em 40%. Da água disponível que tínhamos, a humanidade acabou com 5000 Km2. E muitos, ainda se comportam como se a água fosse um bem inesgotável. Usam os recursos hídricos de modo irresponsável e injusto.

A água é um recurso natural limitado e pode acabar. Tem valor econômico e competitivo no mercado. Não pode ser desperdiçada (cada vez que se toma um banho com chuveiro aberto todo o tempo desperdiça-se mais água do que se usa). Quase todos os países atualizam legislações sobre a água. Em vários lugares, há conflitos entre povos por causa da água. Há quem diga que as guerras do futuro serão por causa de água. Organizações não Governamentais e movimentos populares defendem que a água não deve ser mercantilizada - ela é mais do que uma mercadoria - e menos ainda privatizada. A Pastoral da Terra declara: "Sendo a água constitutiva do ser humano, da vida como um todo e do meio ambiente, ela é um direito natural, patrimônio da humanidade, dádiva divina e não obra humana. Por isso, ela não pode ser reduzida a uma mercadoria e a um bem particular. E nenhum ser humano pode arrogar a si o poder de negar a qualquer semelhante ou ser vivo este bem essencial à vida".


O cuidado com a água tem, então, motivos sociais e econômicos. Mas, a nossa relação com a água só mudará se aprendermos com as culturas religiosas antigas a nos relacionarmos com a terra e com a água de forma amorosa e espiritual. A Bíblia fala da água como símbolo do Espírito de Deus que derrama sobre o universo uma vida nova. Cuidar bem da água e defender os rios e fontes é uma forma de reconhecer a presença divina no universo, defender a vida e participar da Páscoa pela qual Deus "renova todas as coisas" (Ap 21, 5).


 Marcelo Barros é assessor do CEBI e autor de O Espírito vem pelas águas.



Nota:



(1) Quem quiser aprofundar mais este assunto, leia o livro: MARCELO BARROS, O Espírito vem pelas Águas, publicado pelo CEBI.




sexta-feira, 16 de março de 2012

COMUNICADO À NAÇÃO SOBRE A PEC Nº 215 DE 2000

Está pronta para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados uma proposta de alteração da Constituição – PEC nº 215, de 2000. Ela pretende retirar a autonomia e competência da União na demarcação de terras indígenas, na criação de unidades de conservação e no reconhecimento de áreas remanescentes de quilombolas, para estabelecer que o Congresso Nacional deva autorizar previamente todas essas ações exclusivamente de gestão pública, próprias do Poder Executivo.

Num cenário mais otimista, se essa proposta for aprovada dificilmente serão criadas novas áreas de proteção, pois levarão anos e anos para serem analisadas previamente pelo Congresso Nacional, como querem seus defensores. Esta PEC representa um imenso retrocesso na luta dos povos indígenas e dos quilombolas pelo reconhecimento aos seus direitos históricos à terra e à cidadania.

A mudança proposta elimina a possibilidade de presença mais incisiva, objetiva e eficiente do Executivo. E é exatamente isso que querem seus defensores, porque assim a União ficará impedida de atuar imediatamente na solução dos graves e históricos problemas relacionados à questão.

Isto pode ser bom para determinados segmentos, mas trará enormes prejuízos para os povos indígenas e quilombolas, e para a sociedade em geral, que ficará desprovida de áreas social e ambientalmente protegidas.

Na perspectiva de um modelo de desenvolvimento depredador e privatista, interesses econômicos avançam sobre as terras indígenas e quilombolas, na contramão de conquistas populares de nosso recente período democrático. Aprovada, a PEC 215 será um enorme retrocesso para a democracia brasileira, um ataque direto à Constituição, e um crime contra os povos indígenas, quilombolas e as populações tradicionais, historicamente massacrados, escravizados e vilipendiados.

Finalmente, cumpre observar que, apesar de parecer favorável do seu relator, deputado Osmar Seraglio (PMDB-PR), essa iniciativa é inconstitucional. Ela fere cláusulas pétreas da nossa Carta Magna, como o art. 2º, por interferir na independência e harmonia entre os Três poderes, condicionando a validade dos atos do Presidente da República à vontade dos membros do Congresso Nacional. Também violenta os incisos I e III, § 4º, do art. 60, que vedam a deliberação sobre emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado e a separação dos Poderes.


COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS

FRENTE PARLAMENTAR AMBIENTALISTA

FRENTE PARLAMENTAR DE APOIO AOS POVOS INDIGENAS

FRENTE PARLAMENTAR MISTA PELA IGUALDADE RACIAL E EM DEFESA DOS QUILOMBOLAS

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO – CIMI

COORDENAÇÃO NACIONAL DE ARTICULAÇÃO DE COMUNIDADES NEGRAS RURAIS QUILOMBOLAS – CONAQ

ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL - APIB



Brasília (DF), 14 de março de 2012


Fonte: Cimi

Fenômeno Kony: redes, manipulação e resposta

Posted in: Comunicação, Destaques, Internet, Jornalismo

Por Marina Barros





Fundadores do grupo Invisible Children com rebeldes Sudaneses
 eles próprios acusados de graves crimes de guerra contra civis




Como um documentário oportunista tornou-se maior viral da História. O que ele revela sobre ingenuidade na rede e antídotos da colaboração








O ineditismo de um vídeo de 29 minutos não é o único fator que faz de KONY2012 um fenômeno da internet. Com mais de 100 milhões de “views” em menos de uma semana, o documentário produzido pela organização humanitária californiana Invisible Children tornou-se o “viral” de difusão mais rápida desde o surgimento da internet, e a campanha de captação de recursos mais bem sucedida dos últimos anos.

Personagens reais, celebridades como Oprah, Rihanna, exércitos de jovens lindos e loiros interagindo com políticos “do bem” compõem uma trama nada simples mas com uma mensagem clara: Precisamos parar KONY! E faremos isso pela mobilização da opinião pública para a autorização da instalação de uma base militar americana em Uganda que vai…parar KONY. (Stop KONY!)

KONY é o vilão, um ditador que, segundo o vídeo, pratica atrocidades contra a população ugandense há mais de 20 anos. Cooptação de menores, mutilações e estupros são alguns exemplos. As imagens e os depoimentos das crianças são de fazer qualquer um marear os olhos.

A organização Invisible Children faz um chamado simples: para continuarem a luta contra o ditador (ou a guerra pela paz na Uganda), é preciso torná-lo conhecido. KONY é o numero 1 da lista da Corte Penal Americana; Torná-lo famoso é o primeiro passo para mobilizar a opinião pública e exigir da Casa Branca o envio de tropas e reforço para o exército local, que luta contra o exército de KONY.

A campanha em si é de tirar o chapéu. Focada em um público jovem e antenado, constrói um mosaico de elementos que tocam o coração: crianças americanas lindas falando sobre o “homem mau”, crianças africanas chorando e pedindo ajuda, artistas e políticos de alta reputação dando credibilidade à causa. Pressão de tempo é outro elemento indispensável: tudo tem que ser feito agora, não há tempo a perder.

A cereja do bolo é o convite para a adesão à campanha: “não queremos o seu dinheiro, queremos sua participação, sua iniciativa em ir às ruas e colar cartazes KONY 2012, juntar-se à multidão no dia 12 de Abril”. A fórmula é infalível e muito bem aplicada, em tempos de Occupy, KONY 2012 é a possibilidade de compra do seu próprio Occupy. Para adquirir o KIT, paga-se 25 dólaras e recebe-se em casa uma caixa contendo cartazes e 2 pulseirinhas, uma para você e outra para presentear.


Até aqui nada de novo, mas vale refletir um pouco sobre KONY 2012.

Um viral que se espalhou com tamanha velocidade foi compartilhado predominantemente por adolescentes meninas (13 a 17) e jovens meninos (18 a 24). Na flor da idade, eles envolveram-se apaixonadamente pela causa de um amigo ugandense da mesma idade – o personagem real que clama por ajuda, gerando uma forte identificação com este público. É inegável o forte engajamento demonstrado por estes adolescentes e jovens, demonstrando sua potência em “fazer justiça pelas próprias mãos”. Mas a ausência de um filtro mais crítico deste público pode ter sido a causa do compartilhamento indiscriminado do vídeo, gerando tamanho sucesso.

Fica evidente que um espectador crítico e atento fará alguns questionamentos ao vídeo. Prova disso foi o “rebote” que este sofreu, com artigos em importantes veículos em menos de dois dias após seu lançamento. A rede não deixa barato, as pessoas não tardaram a buscar a versão oficial, ou melhor, as outras versões. Alguns exemplos podem ser encontrados no Huffington Post e The Guardian.

As críticas frisaram alguns aspectos centrais do viral:

Neo-colonialismo: o vídeo reforça o estereótipo do americano bonzinho que salva a África, “continente de mazelas infinitas”, desconsiderando todas as iniciativas sociais e políticas bem sucedidas de dentro de Uganda. Trata-se de uma postura claramente neo-colonialista. Não são consideradas questões políticas regionais, que agravam o contexto do país. Nem mesmo é mencionada a existência de instituições estabelecidas no pais, como um governo federal, do presidente Yoweri Museveni, que também deveria ser alvo de pressão política. Finalmente, desconsidera-se a responsabilidade das grandes potências pelo que a África é hoje.

Agenda oculta: seria KONY o novo Bin Laden? Qual o interesse em criar uma base militar em Uganda? Quem sabe, descoberta, em 2009, de uma grande reserva de petróleo na região? Talvez, mas eu sempre desconfio de uma agenda oculta, quando há interesses dos Estados Unidos, Reino Unido e ONU. Basta olhar para o Vietnã, o Iraque, a Libia, o Afeganistão e, agora, o Irã. Além de toda a história de apoio a ditaduras militares na América Latina, África e Ásia.

Credibilidade da organização: o relatório financeiro da organização Invisible Children aponta que apenas 30% dos recursos são destinados para as comunidades em Uganda. É claramente o que poderíamos chamar de uma organização social midiática, que vive para e de suas campanhas. Uma reflexão sobre este tema precisa ser aprofundada. O retorno financeiro das campanhas é diretamente proporcional ao investimento em mídia e criação de conteúdo (vídeos, fotos, textos). Não é de hoje que as organizações que adotam investimentos agressivos em imagens e campanhas, são criticadas por captarem mais para seus executivos e publicitários que para os objetos de suas campanhas. Vejam o documentário Enjoy Poverty Please, do artista plástico Renzo Martens, sobre os Médicos sem Fronteira. (http://youtu.be/yREqd8QYtsQ)


A complexidade do funcionamento da rede e das suas relações extrapola uma visão dualista de bem e mau. O episódio KONY 2012 pode ser marcado como uma grande farsa que caiu na rede e virou sucesso. Mas um ilustre desconhecido, David Childerley, chamou atenção para alguns pontos interessantes em seu programa, update 2012 no seu canaldo youtube. No 11/9, lembrou ele, as pessoas demoraram anos e anos para questionar a versão oficial; KONY 2012 levou dois dias para ser desvendado; o próximo viral do gênero não terá mais que seis horas para ser escarafunchado, testado e aprovado – ou não. A rede é implacável, o poder de mobilização é infinito.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Encontro da 6ª Câmara destaca importância da defesa das populações indígenas

Começou, no dia 12 de março, em Ilhéus, na Bahia, o 12º Encontro Nacional da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão. O evento que terminou hoje, 14 de março e teve como objetivo traçar diretrizes para a atuação do MPF na defesa das populações indígenas e das comunidades tradicionais.

A abertura contou com a participação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, da coordenadora da 6ª Câmara, subprocuradora-geral da República Deborah Duprat, do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, dos membros da 6ª Câmara e analistas periciais em antropologia que trabalham com essa questão.

De acordo com Deborah Duprat, é necessária a realização de uma atividade coordenada entre os diversos órgãos do MPF que atuam em áreas afins, como a 2ª e a 4ª Câmaras. Ela ainda agradeceu aos procuradores da República em Ilhéus, ressaltando que travam batalhas diárias em favor das populações indígenas locais, com grande mérito, em especial diante das dificuldades encontradas no contexto regional.

Roberto Gurgel abordou a importância das Câmaras de Coordenação e Revisão na mudança do papel do Ministério Público. "As Câmaras iniciaram a experiência de trabalho colegiado e trouxeram com sucesso, a uma instituição que prima pelas iniciativas individuais, a experiência da construção coletiva das prioridades e linhas de trabalho da instituição", disse.

Para o procurador-geral, as CCRs jamais pretenderam ditar regras ou construir algo a partir de uma visão individual de seus membros, buscando sempre uma agenda de trabalho com a participação de todos os que, no dia a dia, constroem essas rotinas com o seu trabalho.

Gurgel acrescentou que, neste momento, é particularmente relevante uma reunião como essa, pois foi dado início ao desdobramento do planejamento estratégico com as Câmaras de Coordenação e Revisão, etapa que tem como objetivo estabelecer as linhas de trabalho da área fim do MPF, com a participação fundamental das Câmaras. "De encontros como esse é que será tirada a matéria-prima que servirá como objeto do planejamento estratégico nas diversas áreas de coordenação", esclareceu.

Ele destacou ainda a importância do trabalho do MPF, que sempre enfrenta muitas dificuldades, e de não se deixar tomar pelo desânimo. "Essas dificuldades, ao contrário, devem extrair a vontade de superá-las e seguir lutando para que a instituição continue sendo reconhecida com o gigantesco desafio de levar adiante algumas das bandeiras mais complexas do MPF, pois é nessa complexidade que há a riqueza e o desafio de levar essas questões tão caras à sociedade brasileira", concluiu.

Já o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, enfatizou o papel de protagonismo do MPF, que se construiu como uma instituição forte, com atribuições sólidas. Ele também ressaltou que é importante um trabalho contínuo em favor das populações indígenas e comunidades tradicionais e, por esse meio, da própria identidade nacional, calcada na diversidade. Para o presidente da ANPR, é importante persistir e resgatar as experiências e exemplos dos êxitos obtidos, espelhando-se neles para que possam ser crescentemente melhores.

6ª Câmara faz reunião com lideranças Tupinambá

Hoje, 14 de março, no encerramento do XII Encontro Nacional da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão, houve uma reunião com as lideranças Tupinambá acerca da demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença. Esta Terra está situada nos municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, no Estado da Bahia.

Estudos preliminares de identificação da terra indígena, nos últimos anos, viram a solução ser protelada com o aumento já insustentável de colisões sociais com interesses econômicos na região. É urgente a demarcação de suas terras para que essa população indígena retoma seus modos tradicionais de ocupação do território.


Fonte: 6ª Câmara de Coordenação e Revisão

MARCHA CONTRA A CORRUPÇÃO



O Conselho de Cidadania Permanente esteve reunido no ultimo dia 13/03, para discutir e encaminhar suas ações. Iniciamos a reunião com a apresentação dos novos membros do CCP, (Americo Arcanjo, Ewerton Ferreira, Cássia Borges, Sansão) seguido de uma apresentação em vídeo do que é o CCP.

O tema da reunião foi Ética e Corrupção. Após assistir o vídeo: "Marcha contra a corrupção", materia exibida no Jornal Nacional  que versa sobre corrupção e a organização popular como instrumento no combate a este mal que assola o País. Houve um rico momento de reflexão com varias contribuições dos presentes e com destaques a varias situações que vivenciamos no nosso cotidiano municipal e na necessidade de nos organizarmos cada vez mais para enfrentarmos os desmandos que vão de encontro a cidadania e a dignidade das pessoas.

A última parte da reunião foi dedicada a encaminhamentos práticos do CCP, como a constituição de uma personalidade jurídica para o Conselho e tarefas referentes a caminhada em preparação ao 1º Mutirão Comunitário de Cidadania a ser realizado no próximo dia 28 de abril na Comunidade de Nossa Senhora de Lourdes.

Assita o vídeo: "Marcha contra a corrupção" no link: http://www.youtube.com/watch?v=Ml82IsCD6-g&feature=related



terça-feira, 13 de março de 2012

CCP e a Comunidade de Lourdes - 1º Mutirão Comunitário

Nossa Senhora de Lourdes, comunidade eclesial da Paróquia Santa Rita de Cássia na Diocese de Itabuna, localizada no Bairro Fonsêca se prepara para celebrar seus 40 anos de Evangelização.



Membros do CCP estiveram na Comunidade de Lourdes, onde no próximo dia 28 de abril estarão realizando o 1º Mutirão Comunitário de Cidadania. Após conversa com membros da comunidade os representantes do CPP visitaram os espaços da comunidade, verificaram também locais nas proximidades da capela onde existem outros espaços disponíveis para a instalações dos toldos onde serão disponibilizados os diversos serviços para os moradores.

A comunidade de Lourdes celebra no mês de abril de 2012, 40 anos de evangelização e dentre as muitas ações que estarão realizando para celebrarem este momento o 1º Mutirão ganha uma relevância enorme por envolver toda comunidade nesta ação concreta de construção do Reino de Deus, é mais uma vez a Fé transformada em obras.

domingo, 11 de março de 2012

Comitiva de caciques Pataxó Hã-Hã-Hãe é recebida pela Ministra Carmem Lúcia do STF

Com o objetivo de esclarecer a razão das recentes retomadas e mais uma vez pedir para que a ministra Carmem Lúcia, relatora do ACO 312, encaminhe a votação no STF, cinco caciques Pataxó Hã-Hã-Hãe estiveram reunidos com a ministra nesta quarta-feira (07/03), em Brasília.

“Não fizemos essas retomadas com o objetivo de pressionar o STF, mas depois que constatamos que muitas dessas fazendas em nossas áreas estavam abandonadas e outras tendo a natureza completamente destruída, optamos por retomar o que é nosso”, declarou o cacique Nailton Muniz Pataxó Hã-Hã-Hãe


 Veja nota na integra no link abaixo

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6129&action=read

O TOURO E O MOSQUITO

Autor: Esopo



Um Mosquito que estava voando, a zunir em volta da cabeça de um Touro, depois de um longo tempo, pousou em seu chifre, e pedindo perdão pelo incômodo que supostamente lhe causava, disse: "Mas, se, no entanto, meu peso incomoda o senhor, por favor é só dizer, e eu irei imediatamente embora!"

Ao que lhe respondeu o Touro: "Oh, nenhum incômodo há para mim! Tanto faz você ir ou ficar, e, para falar a verdade, nem sabia que você estava em meu chifre."

Com frequência, diante de nossos olhos, julgamos-nos o centro das atenções e deveras importantes, bem mais do que realmente somos diante dos olhos do outros.



Moral da História:

Quanto menor a mente, maior a presunção.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Jornada de Lutas das Mulheres Trabalhadoras do Campo e da Cidade

Fonte: Adital

(MST, MMC, MAB, MPA, FEAB, CPT, PJR , MTD E LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE)

Somos mulheres trabalhadoras do campo e da cidade e, mais uma vez por ocasião do Dia Internacional da Mulher, para nós um dia de luta e resistência contra as opressões e a exploração, temos motivos para seguir organizadas em Movimentos Populares.

Neste ano, seguimos afirmando nossas bandeiras de luta: pelo trabalho; pelo direito a produzir e a consumir alimentos saudáveis; contra a violência cometida contra mulheres; por medidas a favor de amenizar os efeitos da estiagem no RS, por mais cotas raciais e sociais nas universidades, acesso à cultura e lazer, hoje tão mercantilizados. Enfim, reforçamos que a nossa luta continua sendo contra o capital que segue explorando e expropriando as pessoas de maneira cada vez pior, e contra o patriarcado, que mantém as mulheres oprimidas e violentadas em seus direitos e dignidade enquanto seres humanos.

Unimos-nos enquanto mulheres empobrecidas do campo e da cidade, e, enquanto jovens, pois nos sentimos constantemente disputadas pelo projeto capitalista seja no campo, nas periferias, nas escolas, universidades ou no trabalho, porque nossa situação de sobrevivência com dignidade e respeito é diminuída a cada dia, apesar de algumas conquistas importantes do ponto de vista legal nos últimos períodos. Contudo, se conquistamos alguns direitos é porque saímos às ruas e praças, fizemos acampamentos e ocupamos lugares que diziam não ser para as "mulheres de bem”.

Como mulheres de luta, sem nos importar como nos julgam, destacamos que o TRABALHO deve ser em vista da humanização das pessoas, por isso, não aceitamos mais a desconsideração e a invisibilidade daquilo que dizem ser nossas tarefas, se, sequer são reconhecidas como trabalho. Sabemos que as tarefas mais penosas e repetitivas são destinadas ao sexo feminino, como se fosse uma condição pelo fato de termos nascido mulheres.

No campo, denunciamos a falta de investimentos e tecnologias voltadas à agricultura camponesa agroecológica, ao passo que, governos despejam milhões em investimentos para o agronegócio, causador da destruição e envenenamento da natureza. Na cidade, sentimos a precarização do trabalho, a retirada de direitos e o não acesso a emprego por parte de milhares de pessoas. O salário que os oferecem é vergonhoso e a exploração de nossa mão de obra, cada vez mais intensiva.

Entendemos que temos o direito de produzir e de consumir alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, sendo este o causador de tantas doenças e mortes das pessoas e do ambiente. Para produzir precisamos de terra, em primeiro lugar, e, por isto, a Reforma Agrária nunca sairá da pauta até não ser concretizada de forma ampla e com condições de as pessoas permanecerem na terra. A seca tem nos castigado mais uma vez e, diante disso, precisamos de infraestrutura que garanta a viabilidade para voltarmos a produzir. Não podemos esquecer que mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil vem da agricultura camponesa, ainda que tão esquecida frente ao volume de recursos que recebe o agronegócio exportador.

O "esquecimento” da agricultura camponesa tem sido uma violência contra os camponeses e camponesas historicamente no Brasil e, no campo de produção de alimentos, inclusive, saudáveis, encontram-se as mulheres com seus trabalhos. Continuamos sobrecarregadas, trabalhando mais horas/dia que os homens segundo apontam muitas pesquisas, mas continuamos sendo restringidas de acesso a poder de decisão na grande maioria dos espaços, seja familiares ou institucionais.

A violência que nos oculta e nos nega poder, como se fôssemos mesmo seres inferiores, embora "proibida a discriminação por sexo”, é parte da violência simbólica estruturada pelo patriarcado, que não deixa de ser, também de ordem física, patrimonial e sexual. Lembremos que as mulheres negras e índias são as que mais sofrem violência e discriminação de todas as espécies pelo fato de o capitalismo ser também racista.

Somos contra as mudanças no atual Código Florestal, cujas propostas de alteração permitem maior destruição de reservas legais e áreas de preservação permanente. Por isso exigimos o Veto da presidenta Dilma.

Como pode-se perceber, temos inúmeros motivos para prosseguirmos em luta, organizadas enquanto trabalhadoras do campo e da cidade.

PROPOMOS: que a violência contra as mulheres, de forma especial, seja tratada com medidas eficazes com vistas a diminuição, coibição e extinção. Para isto precisa-se da implementação do PACTO/RS contra a violência, que viabiliza estrutura desde as casas abrigos, os centros de referência da mulher e as delegacias especiais da mulher em todos os municípios do Estado.

Como pode-se perceber, temos inúmeros motivos para prosseguirmos em luta, organizadas enquanto trabalhadoras do campo e da cidade.

Sem feminismo, não há socialismo”

08 de março é um DIA DE LUTA, pois entendemos que ainda temos poucos motivos para comemorar e muito o que avançar

(*) Vía Campesina - Movimento internacional de camponeses e camponesas, pequenos e médios produtores, mulheres rurais, indígenas, gente sem terra, jovens rurais e trabalhadores agrícolas