Faleceu de enfarte no último dia 04 de junho de 2011, as vésperas do dia do meio ambiente, em Teixeira de Freitas o companheiro e amigo e grande defensor do meio ambiente: Pe. José Koopmans
Pe. Zé como era carinhosamente conhecido esteve presente fisicamente conosco por mais de 40 anos no Extremo Sul da Bahia e se tornou um estudioso da região e sobretudo um lutador de um povo castigado por um modelo de desenvolvimento centrado na monocultura de eucalipto.
Indignado com tamanha violação de direitos, praticada pelas empresas Bahia-Sul, Aracruz e Veracel, o sofrimento dos trabalhadores e a omissão do estado, ele começou fazer já nos anos 1980 suas denuncias, vendo de perto o que estava acontecendo com o povo e com a natureza. Sempre com muita energia e animação, ele contribuiu imensamente na organização dos trabalhadores e da resistência na região na defesa dos direitos humanos, contra o deserto verde. Ajudou fundar o Centro de Pesquisas e Estudos do Extremo Sul da Bahia (CEPEDES). Fundou o Partido dos Trabalhadores naquela região.
Com um profundo conhecimento da região e seu povo, escreveu livros sobre o que estava ocorrendo na região como as duas edições do "Além do Eucalipto".
Perdemos mais um lutador e mais uma pessoa que vai deixar muitas saudades, sobretudo no meio do povo, nas comunidades, onde ele se sentiu mais em casa. Ao mesmo tempo, Pe. José também nos deixa um exemplo de vida de dedicação e indignação com a violência e a injustiça.
O poema abaixo publicado no site do Combate ao Racismo Ambiental exprime os sentimentos de todos nós que tivemos o prazer de conviver e "conspirar" com Pe. Zé.
José Koopmans: uma homenagem através
de trechos de homenagens
Por racismoambiental, 06/06/2011 08:42
“(…) antes de tudo era uma pessoa afetiva, holandês que se tornou baiano e que lutou e denunciou a invasão da monocultura dos eucaliptos e a tristeza e sofrimento do povo pobre que é obrigado a lhes ”dar lugar”. Padre Zé ou simplesmente Zé permanecerá conosco para sempre! Com o povo da roça, com o povo da periferia, com os trabalhadores e trabalhadoras rurais, com os indígenas, a quem tanto amou!” (Geralda Soares, de Araçuai)
Koopmans travesso - Jose Koopmans era o diabo encarnado/ O diabo que veio das oropa/ O danado, o travesso a burilar as falsas verdades da igreja/ O aventureiro, o maldito, a fervilhar as rezas do capital/ O roqueiro, o caminhante, a trilhar os caminhos negados pela ironia/ O simpático, o desdenhoso, a desconfiar dos índices sociais/ O inconformado, a invadir plenárias da injustiça e denunciar o medo./ José Koopmans era um José, Daqueles que o capitalismo tenta devorar e não conseguiu E por não conseguir, o chamam de fracassado e mentem ao seu respeito. Padre José, como era conhecido por uns, Era um camarada de luta, por vezes acreditou no partido/ Leu e releu poemas de Brecht, mas deixou de lado a crença no partido/ E viu que o partido já era, pois as lutas estavam nas ruas e no corpo/…/ Jose Koopmans era um José/ E como tantos José no Brasil, tinha esperança. (Por Sumário Santana – GrupoViola de Bolso de Eunápolis)
“(…) Nós o queremos como um companheiro; / Um compartilhador do amor…/ Um repartidor de ideias…/ Um semeador de resistências;/ Um formador de consciências/ E um construtor de utopias./ Não esqueçamos porém,/ Que no seu peregrinar também/ Ele silenciosamente nos via./ Nos via das alturas do altar/ E nas baixuras do lutar./ Nos via por trás da hierarquia/ Nos via, nos via, nos via…/ E sorria e sofria…” ((Trecho do poema “Fiquemos com as lembranças e com os compromissos”, de Ademar Bogo, do MST).
“(…) Não existe um homem branco que seja mais índio, que seja mais negro do que este. Assim como também não existe quele que cuide tanto do próximo, seja qualquer criança, jovem ou adulto, que seja excluído, perseguido. … E todos faremos justiça ao seu legado. Tudo o que você nos deixa, nós continuaremos!” (Carolina Ranciaro)
“(…) Vai companheiro, vai fundir-se com a mãe terra, já que a vida inteira tomou-a em defesa, sem jamais transigir. Agora, Tu e Ela, uma só matéria. Vai companheiro, aninhar-se nos braços da Lua, pois tua luta nunca será olvidada, teu grito profético contra a destruição e mercantilização da natureza, tua fúria lúcida contra a corrupção de políticos vigaristas de todos os matizes, corrupção que mata e subtrai a vida de milhares de pessoas, teu profundo senso de justiça, tantas vezes motivo de perseguição pela Igreja Vaticana a que pertences, que, com suas estruturas conservadoras e truculentas, o cerceava; mas não é o evangelho que diz ‘Felizes os que tem fome e sede de justiça’(…)”? (Aliomar Rabelo Cesar)
Os trechos acima foram recortados de textos e/ou poemas maiores, enviados por Ivonete Gonçalves para a lista do GT Combate ao Racismo Ambiental ou diretamente para este Blog. Pedimos a compreensão de seus autores pela publicação parcial, já que fazê-lo na íntegra inviabilizaria a justa homenagem. TP.
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