Pai Nosso que estais na estrada, na rua, na favela, debaixo dos viadutos,
desempregado, sem terra, sem esperança, sem dignidade, sem chance…
Santificado seja o teu sangue, a tua luta, a tua vida…
Venha a nós o teu calor, a tua sensibilidade e a tua misericórdia…
Seja compreendida e aceita a tua presença hoje, amanhã, em toda hora e lugar!
Porque és o Deus dos pobres, dos pequenos, dos desvalidos,
dos esquecidos, dos violentados e excluídos…
O Deus que mora nos outros e em cada um(a) de nós.
Que está na roça e na cidade,
no céu e na terra onde tudo isso acontece.
O pão nosso de cada dia, o qual nem sempre chega em todas as mesas,
ainda que assim rezemos sem cessar.
Dá-nos continuamente o pão da igualdade, da autonomia,
da fraternidade e da cidadania, a nós e a todos os que têm fome dele.
Perdoa-nos… Mas, de que Senhor Deus?
De muitas coisas que fizemos quando não deveríamos fazer
ou que não fizemos quando deveríamos ter feito.
Perdoa-nos por não termos ajudado, por não termos partilhado,
por não termos praticado a justiça,
por não termos aberto a nossa mão, o nosso coração
e os nossos braços para acolher, para perdoar, para servir
tal como teu Filho fez e ensinou.
Perdoa-nos assim como nós perdoamos.
Mas, nós perdoamos a quem mesmo? Somos capazes de perdoar de verdade?
Perdoa principalmente, ó Pai, a nossa indiferença
diante da dor e do sofrimento dos outros.
Não nos deixes cair nas tentações da hipocrisia, da incoerência,
da falta de fé, de esperança e de solidariedade.
Livra nossos irmãos da humilhação de terem a rua como morada,
de andarem sem eira nem beira, de serem mortos em série e estupidamente.
Livra-nos dos nossos fracassos como cristãos,
como militantes, como homens e mulheres que buscam a nova terra
e o novo céu, onde queremos um dia chegar.
Pois tudo é teu: o Reino, o pão, o poder, a glória… a vida e a vitória para sempre, quando todos haveremos de ressuscitar da noite escura e da rua sem saída.
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